A obra do novo prédio do Centro de Educação Profissional (Cedup) de Timbó foi concluída há dois anos, mas o que deveria estar sendo utilizado como espaço de aprendizado profissional e de integração é apenas uma grande e moderna construção abandonada. São 5.529 metros quadrados de salas de aula, laboratórios, bibliotecas, ginásio de esportes e áreas de convivência que estão disponíveis para os estudantes desde o início de 2015, mas que não foram ocupados por falta de móveis e equipamentos.

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Estudante de Administração e membro do conselho da diretoria representando os alunos e a cooperativa interna do Cedup, Roger Alan Cardoso, 26 anos, conta que as aulas acontecem em um espaço emprestado pela Escola de Educação Básica Ruy Barbosa, no Centro da cidade, desde que o prédio antigo foi desativado e destruído para a construção de um terminal de ônibus. Na época a mudança era temporária, pois o novo prédio do Cedup já estava sendo construído, mas o que era para durar apenas alguns meses se tornou o endereço fixo da instituição de ensino:

– É complicado, não tem espaço. Na área onde a gente fica não tem nem banheiro, quando precisamos temos que descer, às vezes até na chuva, e usar o mesmo dos outros alunos da escola onde as crianças estudam, e aquela construção estava pronta, ficou abandonada e agora é ocupada por vândalos e usuários de drogas.

A situação relatada por Roger é visível no local. A área do entorno está tomada pelo mato que cresceu sem cuidado, assim como nas áreas de jardim na parte interna. Nas rampas largas – ponto para a acessibilidade – há marcas de pneus, provavelmente de motocicletas. O ginásio coberto, novo em folha, tem grossa camada de sujeira no piso e nas arquibancadas. Em algumas salas há equipamentos, mas é difícil determinar se é sucata ou material que ainda será utilizado. Além da sujeira deixada no local, parte da fiação elétrica foi destruída por vândalos.

Sem prazo para mudança

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Equipamentos e móveis depositados em uma das salas do novo Cedup de Timbó. Foto: Patrick Rodrigues

A secretária executiva de Desenvolvimento Regional de Timbó, Lúcia Steinheuser Gorges, explica que a obra foi executada pela Secretaria de Estado de Educação através de um convênio com o Ministério da Educação (MEC) e custou R$ 7 milhões. Porém, para que o espaço possa ser utilizado falta a instalação de móveis e equipamentos que serão adquiridos com recursos do MEC que ainda não foram liberados, apesar de constarem no acordo assinado entre os órgãos.

– Desde o ano passado o MEC não está mandando recursos para esta área e não tem previsão. A parte da estrutura está toda pronta e no final do ano montamos duas salas do curso de eletrônica, fez toda a instalação elétrica, mas não temos nenhuma previsão de quando vai vir esse recurso – lamenta. Segundo ela, o secretário de Estado de Educação, Eduardo Deschamps, garantiu o recurso para executar os consertos da rede elétrica que foi destruída.

Sobre a mobília, Lúcia afirma que a secretaria está avaliando o que pode fazer, já que o recurso está contemplado no convênio com o ministério. Para evitar os problemas relacionados com as invasões, ela revela que está sendo avaliada a possibilidade de ocupar o prédio com algumas turmas, utilizando móveis sobressalentes de outras escolas, já que o Estado não deve contratar segurança para o espaço:

– A secretaria (de Educação) não está contratando segurança humana, então provavelmente vão ser colocadas câmeras. Mas o que a gente quer é que os alunos se mudem para lá, que a escola comece a funcionar lá, porque aí já inibe isso. É como uma casa: se está desocupada fica a mercê, mas se está ocupada fica mais difícil disso acontecer.

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Procurado pela reportagem da RBS TV, que apresentou o problema do abandono do prédio do Cedup de Timbó, o Ministério da Educação não respondeu os questionamentos sobre os recursos de mobiliário e equipamentos previstos no convênio da obra.

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