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O trecho da canção “Malungo Negro”, do rapper de Floripa Negro Rudhy, fala sobre o abolicionista Luiz Gama. Uma das principais figuras históricas do país, ele foi responsável por advogar e livrar mais de 500 escravos de seus senhores, por volta de 1860 — antes da criação da Lei Áurea. O jornalista e advogado do século XIX é inspiração e dá nome para o prêmio criado neste ano para valorizar os que lutam por direitos, respeito e valorização do movimento negro. Serão 15 pessoas homenageadas no próximo dia 20, Dia da Consciência Negra no Brasil.
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A iniciativa partiu de um grupo de advogados da Grande Florianópolis que percebeu que era preciso valorizar ações desenvolvidas na região e também em todo território nacional.
— Na realidade, buscamos identificar na nossa cidade, no nosso Estado e no Brasil, pessoas que realizam ações de combate à discriminação racial. São pessoas que já vem trabalhando durante um tempo, nas suas respectivas áreas — explicou um dos idealizadores do prêmio, o advogado Fábio Dias.
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Para ele, falar sobre discriminação racial ainda é dolorido para algumas pessoas. A questão do preconceito não deveria ser só falada em novembro, mês da data especial que lembra a morte de Zumbi dos Palmares.
— Temos que combater o racismo e valorizar quem luta. Reconhecer estas pessoas vem como uma forma de agradecer elas, e motivar outros a realizar novas ações de combate ao preconceito — avaliou o advogado.
Entre os homenageados está o colunista da Hora, Edsoul; além do presidente do Instituto Luiz Gama, de São Paulo, Sílvio Luiz de Almeida; e a desembargadora Luislinda Dias de Voloá Santos, Ministra da Igualdade Racial do Governo Federal. Os dois últimos, conta Fábio Dias, já confirmaram presença no evento do fim de semana. Ativistas da área de educação, cultura e políticos também fazem parte da lista dos homenageados.
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Prêmio, feijoada e samba
O Prêmio Luiz Gama será entregue no dia 20, no Restaurante Praça XI, em São José. O evento começa às 12h e terá uma feijoada das boas para acompanhar. O ingresso custa R$ 20 e é vendido na hora também.
Claro que música não poderia faltar na festa. Além de Negro Rudhy, vão estar por lá a cantora Solange Adão, as bandas Número Baixo, Novos Bambas, Swing Maneiro e Amigos do Praça 11. No dia também estará sendo realizada a exposição de artes “Janela da Alma”, de Bruno Barbi; e a exposição fotográfica de Rony Costa, ¿Negros em Evidência¿.
Inspiração para a música
“Segue o cortejo,
nos braços da população, Luiz Gama
A história sobrevive ao tempo
Um nordestino que em São Paulo fez sua fama
Malungo Negro”
Negro Rudhy, que também será um dos homenageados, foi desafiado por um dos idealizadores da iniciativa, o advogado Fábio Dias, a criar uma música oficial para o Prêmio Luiz Gama. O rapper confessa: ele não escutou falar deste, que foi um dos maiores abolicionistas brasileiros, na escola.
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— Fiz um trabalho de pesquisa para compor. Uma missão. A história dele é muito parecida com a de muitos negros. Só muda o século — observou o rapper.
O título, “Malungo Negro”, explica ele, significa “Companheiro Negro”. Para o artista, Gama foi um homem que atravessou seu tempo e uma inspiração — mesmo que muitos não conheçam sua trajetória, pois como complementou Rudhy, sua história não está retratada em muitos livros ou pesquisas. Infelizmente.
Homenageados no Prêmio Luiz Gama
1) Desembargadora Luislinda Dias de Valoá Santos (Ministra da Igualdade Racial do Governo Federal)
2) Sílvio Luiz de Almeida (Presidente do Instituto Luiz Gama/SP)
3) Tullo Cavallazzi Filho (Conselheiro Federal da OAB/SC)
4) Gilberto Silva (Presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB/MG)
5) Edsoul Amaral (Ex-Presidente do Conselho Estadual das Populações Afrodescendentes/Repórter)
6) Jeruse Maria Romão (Presidente do Fórum de Educação das Relações Étnico-Raciais de Santa Catarina/Membra do Movimento Negro)
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7) André Luiz Jesus dos Santos – Calibrina (Presidente da Fundação Franklin Cascaes)
8) Sandro Daumiro da Silva (Coordenador das Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial do Governo Estadual)
9) José E. Ribeiro (Presidente do Conselho Estadual das Populações Afrodescendentes)
10) Professor Doutor Carlos Eduardo dos Reis (Coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros da Universidade Federal de Santa Catarina)
11) Professor Doutor Marcos Caneta (Fundador do Instituto Liberdade/Membro do Movimento Negro)
12) Rafael Prudêncio Pereira (Fundador da Associação Movimento Afro-Negro Braçonortense)
13) Rudney Ribeiro Daniel – Negro Rudhy (Cantor/Compositor/Músico)
14) Rony Costa (Membro do Movimento Negro/Fotógrafo)
15) Solange Adão (Diretora Escolar/Cantora)
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