Há quatro anos, uma importante estrutura da praia da Saudade, no bairro Coqueiros, em Florianópolis, foi interditada por causa do risco de desabamento. O local está completamente deteriorado, não oferece segurança e, mesmo com um tapume para tentar impedir a circulação de pessoas, há uma passagem aberta para os frequentadores.

Continua depois da publicidade

Foi por ela que as turistas de Chapecó, no Oeste do estado, Elisangela Kraus Penhar, 43 anos, e a filha Bruna Carolina Kraus Penhar, 20, se arriscaram a passar para conhecer o trapiche. As duas estavam passeando pelo Continente e ficaram encantadas com as belezas naturais, mas reclamaram da falta de estrutura turística.

— É importante pensar como a estrutura altera a visitação. A gente vem pra cá e todo mundo fala da Beira-Mar de Florianópolis, e visitamos o Continente e achamos muito bonito. Com certeza se tivesse mais estrutura teria mais pessoas — analisa Bruna.

— Se tivesse uma estrutura com boa iluminação e bem conservada seria interessante para ter mais uma opção para quem vem visitar — completa Elisangela.

Continua depois da publicidade

Elisangela e Bruna
Elisangela e Bruna (Foto: Felipe Carneiro / Diário Catarinense)

O trapiche, que fica no final da Rua Vereador José do Vale Pereira, era caminho para o restaurante Arrastão, popular na década de 1970. Naquela época, a praia era point dos banhistas e veranistas.

— Isso aqui foi uma praia de banho nos anos 70. Há 40 anos eu trabalho em Coqueiros, isso mudou muito. Deveria ser mais cuidado e voltar à atividade. Olha que vista bonita tem do trapiche, aquilo ali tem que ser reformado, ficar bem iluminado — sugere Neri Antonio Serafim, 72, figura conhecida da região.

Além da má conservação, os moradores próximos ao trapiche se incomodam com a frequente presença de usuários de drogas. José Carlos Cipriano, 78, conta que a vizinhança já propôs a implantação de câmeras de monitoramento para tentar inibir os usuários.

Continua depois da publicidade

— A prefeitura vem e fecha, mas no outro dia o pessoal abre. A gente tinha que ter um projeto para colocar câmeras para tirar o interesse do pessoal que vem pra cá de madrugada, de usar isso aqui como ponto de uso de drogas — diz.

Morador há 22 anos de Coqueiros, Cipriano também gostaria que o trapiche fosse reformado, mas é descrente que um dia isso vá acontecer.

— É um elefante branco que ninguém quer adotar. Gostaria que a prefeitura criasse uma estrutura turística bacana, bonita, bem iluminada, com bastante câmera, para que quem vir à noite venha para passear.

Continua depois da publicidade

(Foto: Felipe Carneiro / Diário Catarinense)

Revitalização da orla

A Hora acompanha a situação do trapiche desde a sua interdição pela Defesa Civil, em 2014. Na época, o Ministério Público recomendou, além da interdição, que a estrutura fosse demolida ou reconstruída. O secretário do Continente, Edson Lemos, informa que a prefeitura está elaborando um projeto executivo para erguer um novo trapiche.

A obra está dentro de um pacote que prevê a revitalização de toda a orla do Continente, como as praias da Saudade, do Riso e do Meio, além da Beira-Mar no Estreito. Só o trapiche, segundo Edinho, tem orçamento estimado em R$ 1,8 milhão.

— O prefeito recebeu o sinal verde do Ministério do Turismo para executar os projetos de revitalização da orla Continental, onde está incluso o trapiche. Assim que o projeto executivo for aprovado, vamos assinar um convênio com o MT para captar os recursos e lançarmos a licitação. A ideia é que a obra comece ainda esse ano.

Continua depois da publicidade

Para isso, a prefeitura ainda precisará de licenças ambientais e da autorização da Secretaria do Patrimônio da União (SPU). A ideia também é alugar, por meio de concessão pública, o espaço onde era o restaurante para o funcionamento de um museu ou outro atrativo turístico. A empresa que ganhasse poderia explorar o espaço e, em contrapartida, cuidaria da manutenção e segurança do trapiche, explica Edinho.

— Mas ainda estamos avaliando essa possibilidade — completa o secretário.

O novo trapiche terá a mesma extensão e largura, mas ganhará um pergolado com área de descanso, portal na entrada e iluminação.

— As pessoas vão poder circular à noite, pois a iluminação já vai inibir a presença de usuários de drogas — finaliza Edinho.

Continua depois da publicidade

Leia mais notícias da Grande Florianópolis

Destaques do NSC Total