Quatro chapas começaram nesta segunda-feira a disputar a preferência de estudantes, servidores e professores da Furb para comandar a instituição entre 2019 e 2022. Os professores Everaldo Artur Grahl, Márcia Cristina Sardá Espíndola, Valmor Schiochet e o atual vice-reitor Udo Schroeder concorrem na eleição da universidade, que tem hoje cerca de 8 mil alunos e este ano teve orçamento de R$ 225,8 milhões.

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O primeiro turno da eleição ocorre no dia 2 de outubro e o segundo, se necessário, está previsto para o dia 24 do mesmo mês. Depois da eleição, chamada internamente de consulta pública, o Conselho Universitário (Consuni) elege formalmente a nova reitoria.

A estimativa é de que cerca de 10 mil pessoas tenham direito a voto. Até sexta- feira, o Santa apresenta entrevistas com os candidatos sobre temas centrais para a próxima gestão. A sequência delas segue a ordem alfabética dos nomes dos candidatos.

Chapa 1 – Transforma Furb

Candidato a reitor: Everaldo Artur Grahl

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Vice: Maria Aparecida Bernart Laux

Everaldo é natural de Blumenau, graduado em Computação, tem mestrado em Engenharia de Produção e é professor da Furb há 27 anos. Foi chefe de departamento, coordenador de curso e diretor do Centro de Ciências Exatas e Naturais durante quatro anos. Há seis anos é presidente da Fundação Fritz Muller (FFM), instituição criada por professores da Furb para ter uma aproximação maior com o mercado. Também é diretor de Tecnologia e Inovação na Associação Empresarial de Blumenau (Acib).

O que o motivou a concorrer à reitoria?

Primeiro a necessidade de a Furb voltar a ser protagonista da nossa comunidade. A gente tem escutado muito a sociedade, em todos os segmentos – movimentos sociais, empresariais. Há um pleito de que a Furb deveria retomar o protagonismo. Se pensarmos 15, 20 anos atrás, a Furb era o centro de tudo, inclusive do contexto político. A Furb tinha que ser mais participativa nas políticas públicas da cidade, no desenvolvimento regional. Ela tem cumprido seu papel, mas no nosso entendimento esse protagonismo se perdeu ao longo dos últimos anos. As pessoas viram essa possibilidade por eu ter esse trânsito no terceiro setor, a FFM me permite interagir com muitos movimentos – governo municipal, federal, empresas. Esse trânsito muitas pessoas têm visto como uma característica interessante para um futuro reitor, aliado à experiência e ao diálogo, porque não tenho problema de conversar com todas as correntes, todas as áreas, não sou ligado a nenhum partido.

Qual é a sua visão geral sobre a situação da Furb?

Internamente a gente sabe que a situação não está boa. Tivemos uma queda razoável no número de alunos. Muita concorrência local, seja em ensino a distância, seja em pós-graduação. Obviamente que teremos que apresentar situações rápidas para reequilibrar as contas da universidade. É notório até pela própria gestão. Temos várias propostas para esse reequilíbrio. Ações rápidas. Um exemplo bem concreto: parcerias com fundações e entidades do terceiro setor. Hoje temos um marco regulatório que facilita a relação das entidades públicas com essas entidades do terceiro setor. A Furb não tem explorado esse mecanismo. Obviamente que sou um defensor porque atuo nos dois lados, atuo como fundação e vejo a frustração de não podermos aproveitar. O reitor decidiu nos últimos anos não se relacionar com instituições do terceiro setor para geração desses negócios. Um exemplo clássico: tínhamos até alguns anos atrás várias pós-graduações feitas com fundações, mas no momento isso cessou por decisão de que a Furb deveria assumir sozinha. Então se respeitou, mas isso impediu que a fundação, por exemplo, oferecesse soluções da Furb para o mercado. O que é um pouco estranho porque criamos a fundação para isso. Foi prejudicial para ambos os lados. Para a gente (FFM) teve queda, para a Furb mais ainda. Essa seria uma das primeiras medidas. No primeiro dia, caso eu seja eleito, voltam imediatamente as parcerias.

Como contornar as dificuldades encontradas com o Fies e qual deve ser a relação da Furb com esse modelo de financiamento?

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Hoje caiu muito, isso realmente tem prejudicado. Obviamente, o Fies é um programa federal e vai depender do posicionamento do novo presidente, do novo governo, a gente não tem muito o que fazer. Agora, ele se mostrou ser um mecanismo fundamental para a manutenção dos alunos nas universidades. Eu seria totalmente favorável a voltar, fortalecer o Fies. Mas não podemos aguardar esse posicionamento. Podemos defender a volta do Fies de forma mais intensa, porém temos que procurar outros mecanismos de financiamento. A própria Furb lançou um crédito local, mas ainda é muito incipiente. Temos que procurar outras fontes. Por exemplo: a universidade é regional, temos vários municípios com alunos aqui. Uma coisa fundamental, e é papel do reitor, é dialogar com as prefeituras e entidades públicas para que elas de alguma forma também auxiliem na manutenção dos nossos alunos. Vamos ter uma proposta concreta para ajudar nesse processo, mas de uma forma muito simples: ganha-ganha. A gente oferece muito trabalho. Hospital, serviço psicológico, jurídico – e sem ganhar recurso dos governos municipais. Vamos até intensificar, ver o que podemos fazer a mais, mas talvez a prefeitura auxilie com bolsas de alunos da cidade, por exemplo. Isso pode até virar um projeto de lei. Esse é um caminho importante. Mesmo sabendo que as prefeituras também estão passando por dificuldades, mas acho que tudo é possível de ser resolvido.

Como lidar com problemas como a evasão e com a redução de alunos?

A gente tem visto uma queda bem acentuada, por vários fatores. Mas uma alternativa fundamental primeiro é tentar mostrar para os estudantes e para a comunidade o papel de uma universidade. Fazê-la entender o que faz parte da universidade e a diferença básica. Um centro universitário foca muito no ensino. O aluno da universidade tem outras perspectivas – a da pesquisa, extensão, da inovação. Outra coisa que a gente defende muito é a inovação no processo de aprendizagem. A geração mais nova é do celular, tablet. Nossos espaços de aprendizagem, as salas de aula, são do século passado. Ainda mantêm quadro, carteiras. O ambiente atual é colaborativo, mais inovador, informal. Isso tem que ser levado para a sala de aula. A gente defende modernizar os espaços. Trabalhar com o conceito de coworking – a universidade hoje não tem nenhum. Isso vai facilitar o diálogo entre as pessoas, um cara de Jornalismo conversando com um cara de Computação, com outro de música. Hoje nossos espaços não são motivadores para essa colaboração. A gente quer novas experiências.

Como reitor, de que forma o senhor pretende trabalhar a situação financeira da universidade?

Está previsto um déficit razoável. Obviamente que medidas já estão sendo tomadas. Mas na nossa visão ainda são poucas. A gente tinha que tomar decisões mais rápidas. Todo mundo sabe da preocupação financeira, sim. Agora é recuperar. As parcerias a gente entende que é uma forma. Ter pessoas para captar recursos. Outra coisa que a gente observa é a necessidade de uma análise mais aprofundada dos próprios números.

Confira as entrevistas dos outros candidatos:

:: As propostas de Márcia Sardá Espíndola para a reitoria da Furb