A redução do número de escalas de cruzeiros em Porto Belo em função da falta de uma alfândega no município deixa preocupado quem vive do turismo no município. Há duas temporadas a visita de navios vem caindo, saindo de 43 em 2012 para 14 em 2014. Prevendo a queda no faturamento e sem expectativa de solução em curto prazo, comerciantes e empresários traçam planos para não ficar no prejuízo e reclamam da falta de força política para resolver impasse.
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Cada turista investe em média de R$ 150 na cidade, o que movimenta toda economia. Taxistas, comerciantes, lojistas, empresas de transporte e pescadores são os mais atingidos por essa redução de escalas. O presidente da Associação de Vans de Porto Belo, Jackson Roberto Belem, garante que haverá queda no faturamento dos 10 veículos que são cadastrados na prefeitura.
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– Pra gente vai afetar. Há dois anos recebíamos mais de 50 navios e agora reduziu bastante. A maior parte do nosso trabalho era feita com navios e agora temos que buscar outras alternativas, como o trabalho junto às pousadas – explica.
O taxista Paulo Serpa afirma que os cruzeiros fazem falta principalmente em novembro, quando o faturamento chega a ser 200% maior em função da chegada de navios. O pescador Manoel André Conceição Filho conta que cerca de 150 turistas, por cruzeiro, costumam fazer passeios de barcos:
– Na temporada, as 13 embarcações que fazem esses passeios ficam no píer para atender os visitantes. Vai influenciar a todos.
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A comerciante Maria Rosa Zandonai de Melo diz que a falta de navios reduz em 40% o faturamento e que fez mudanças na loja para equilibrar as contas já na temporada passada:
– Normalmente esse turista compra artesanato, mas como não tinham os navios tivemos que investir na linha praia.
A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Belo, Elke Georg, espera que os órgãos responsáveis revejam o que está acontecendo e busquem uma solução:
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– Falta força política, precisa mudar a legislação e tem que ter uma pessoa que encabece isso. Hoje não temos ninguém.
Reflexo para toda região
O impacto negativo da redução de cruzeiros em Porto Belo afeta também cidades da região, como Bombinhas, Penha, Balneário Camboriú, e até mesmo Florianópolis, Blumenau e Brusque. Esses municípios costumam receber parte dos visitantes que chegam nos navios e querem conhecer outros lugares.
– Mais de 10 ônibus saem levando turistas para passeios nessas cidades quando recebemos um navio grande, com uma média de 3.800 passageiros – explica turismóloga da Fundação de Turismo de Porto Belo, Regiane de Araújo Callez Gonzalez.
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Foto: Marcos Porto / Agência RBS | O gerente do píer diz que custo de posto alfandegário é muito caro
Custo da alfândega é inviável para a cidade, diz gerente do píer
A falta de alfândega é a principal responsável por afastar os transatlânticos do município porque obriga os navios a parar primeiro em um porto próximo, como Imbituba, para fazer a nacionalização. Esse processo atrasa em até quatro horas a chegada no cruzeiro na cidade e aumenta os custos da companhia. Em função do problema, Porto Belo deixa de receber por temporada até 120 navios, que passam direto pela costa catarinense sem fazer escalas.
Antes de se tornar uma Instalação Portuária de Turismo, Porto Belo recebia mais de 50 escalas de navios. Quando houve a certificação pela Agência Nacional dos Transportes Aquaviários (Antaq), a expectativa das companhias cresceu, mas o tão desejado alfandegamento não saiu. O gerente operacional do píer do município, Márcio Serpa, explica que a Receita Federal exige uma estrutura fixa e equipamentos para liberar a alfândega:
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– É um custo inviável para cidade ter essa estrutura para ser usada por tão pouco tempo. Somente um dos equipamentos custa quase R$ 800 mil. Essas exigências estão travando o processo. Agora, estamos negociando uma alternativa com a Receita.