Na casa de Juliana Roman Lindroth Hardt, uma imagem de São Francisco de Assis foi colocada ao lado de um porta-retrato. Nele, a pequena Luiza, de três anos, sorri ao lado da cachorrinha Preta. A mesma imagem foi distribuída pela região central de Joinville, em cartazes que pedem ajuda para encontrar a mascote da família. Ela sumiu em 31 de dezembro, assim como dezenas de outros animais de estimação da cidade.

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Segundo a Frente de Ação pelos Direitos Animais (Frada), entre o último dia de 2016 e o primeiro dia de 2017, 95 postagens sobre animais desaparecidos foram publicadas em sua página no Facebook, principal referência dos joinvilenses para este tipo de anúncio.

Segundo a voluntária da Frada Josiane da Cunha Isabel, o número de buscas por animais perdidos chega a triplicar nesta época do ano. É possível listar pelo menos três motivos principais para este aumento: as viagens de fim de ano, quando cachorros e gatos ficam sozinhos em casa mais tempo que o usual, e fogem; animais abandonados na rua por seus tutores; e os fogos de artifício, que fazem com que os bichinhos, principalmente cachorros, se assustem e fujam de casa.

– Nosso trabalho é conscientizar para que as pessoas saibam cuidar de seus animais. Quem viaja deve levá-los junto: quem quer um bicho de estimação precisa saber que há trabalho envolvido – afirma a voluntária Josiane.

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A mascote da família de Juliana estava acostumada a passar mais de um dia sozinha e ficava mais confortável em casa do que nas longas filas pela BR-280 em direção a São Francisco do Sul. No entanto, quando os pais dela foram a casa verificar se Preta e os gatinhos Mel e Chico estavam bem, no dia 2 de janeiro, já não encontraram a cachorrinha.

– Quando nos avisaram, colocamos tudo no carro e voltamos para casa. Desde então, estamos procurando, e é incrível como há cachorros, muitos deles parecidos com a nossa, perdidos pelas ruas de Joinville – avalia Juliana.

Muito mais do que contando com a ajuda de São Francisco de Assis, o santo protetor dos animais na religião católica, ela e o marido deram início a uma força-tarefa de buscas com outros parentes, distribuíram folhetos pelas ruas e compartilharam a imagem da cachorrinha nas redes sociais. A orientação da Frada é que estes anúncios sempre tenham pelo menos uma foto do animal, o bairro em que desapareceu e o número do telefone do tutor. Além disso, a presença da placa de identificação presa à coleira, com o nome do bichinho e dois contatos telefônicos, é essencial.

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– A Preta tinha duas coleiras, uma antipulga e uma de identificação, mas vivia tentando arrancar a plaquinha com as patas. Esse diferencial tem chamado a atenção e há pessoas que nos ligam dizendo que a viram, mas ninguém a segura até chegarmos – lamenta Juliana.

Segundo a Frada, quem encontra animais perdidos deve tentar mantê-lo em algum lugar até a identificação dos tutores e, ao postar o anúncio nas redes sociais, também divulgar foto e contato. Não há uma entidade responsável por cuidar dos bichinhos: a ONG Abrigo Animal ultrapassou a capacidade total de acolhimento, e o Centro de Bem-estar Animal, órgão municipal vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, atende a casos de animais em situação de rua machucados ou doentes. A responsabilidade é mesmo da comunidade, o que, segundo a experiência que Juliana está vivendo enquanto procura sua cachorrinha, parece ficar mais forte.

EVITE DOR DE CABEÇA

Dicas para não perder seu animal

1. Colocar placa de identificação na coleira: o bichinho deve ter uma coleira permanente com uma placa de identificação. Nela, o nome do animal e dois números de telefone – de preferência, celulares.

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2. Dar atenção à qualidade e ao estado da coleira: na hora do passeio, é importante ver se a coleira não está gasta ou com encaixes estragados.

3. Microchipagem: pode ser a solução para garantir que os dados do animal estejam disponíveis. Ela custa cerca de R$ 100, é inserida com uma agulha hipodérmica debaixo da pele do pescoço do animal e ativada quando um scanner passa por cima do local, encaminhando para o banco de dados com informações sobre os tutores.

4. Não deixar o portão aberto ou permitir que o animal saia sozinho: já se foi o tempo em que as cidades eram tranquilas para que cachorros e gatos passassem o dia fora e voltassem à noite, motivados pela fome. Mesmo que estejam acostumados a, por exemplo, dar uma volta no quarteirão sozinhos, ou a obedecer para não ultrapassar os limites do portão, fique atento: pode haver distrações, como uma fêmea no cio, e o animal ir mais longe do que está acostumado e perder a referência de casa.

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5. Investir na segurança da casa: verifique se seu animal passa pelas frestas do portão ou se é fácil de abri-lo. Principalmente em caso de cães e gatos de raça, há casos de furtos para comercialização dos bichinhos. Quem tem gatos precisa ter telas de proteção nos pisos superiores – elas são fundamentais para quem mora em apartamentos.

O que fazer se você perdeu sua mascote

1. Não espere em casa. As primeiras 12 horas após a fuga do animal são essenciais para encontrá-lo. Cães podem correr 8 a 16 quilômetros em um dia, e gatos podem correr a até 50 km/h em curtas distâncias.

2. Utilize o nome do animal, ou um apelido que você utiliza bastante. Assim, ele terá um sinalizador auditivo para atender.

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3. Peça ajuda: chame parentes e amigos que podem empreender a busca, e divida cada um em regiões para não desperdiçar tempo.

4. Verifique nas clínicas veterinárias do bairro. Muitas vezes, é para lá que as pessoas levam os animais perdidos.

5. Divulgue de todas as formas. Compartilhe fotos que mostrem bem seu bichinho com a localização exata de onde estava, o nome dele e números de telefone para contato. Faça isso nas redes sociais e conte com páginas como a Frada. Imprima folhetos com fotos e informações e cole em espaços públicos da região.

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Como ajudar

1. Se você encontrar um animal perdido, tente abrigá-lo até achar os tutores ou outro lar temporário. Procure em páginas como a Frada se há alguém buscando o bichinho e publique uma foto com localização e contato telefônico para anunciar.

2. Para denunciar maus-tratos ou criação irregular, o canal é a Ouvidoria da Prefeitura, pelo telefone 156 ou no site da Ouvidoria. A denúncia é registrada e encaminhada à Secretaria do Meio Ambiente para os fiscais verificarem. Se houver flagrante (você presenciar um animal sofrendo violência), o caso pode ser comunicado à Polícia Militar no telefone 190. Se forem animais silvestres, a responsável é a Polícia Militar Ambiental (3481- 2121) e o Ibama (3433-3760).

3. Para ajudar animais de rua que estão doentes ou machucados, o canal também é a Ouvidoria da Prefeitura.

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