O nome do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), aparece em meio aos diálogos captados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo – que apurou um suposto esquema montado pelo empresário Carlos Cachoeira, preso desde 29 de fevereiro de 2012 acusado de vários crimes, entre os quais exploração de jogo de azar, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e contrabando.

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De acordo com reportagem do site Congresso em Foco, no grampo em que aparece a voz de Sarney, ele atuaria em favor da promoção de um servidor da Empresa de Infra-Estrutura Aeoroportuária (Infraero), que estava cedido à Presidência da República quando o presidente era Sarney, para trabalhar na portaria. O servidor, Raimundo Costa Ferreira Neto, conhecido como Ferreirinha, segundo a investigação da Polícia Federal, facilitaria a entrada de produtos contrabandeados nos aeroportos para a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Os grampos da PF mostrariam uma conversa entre Ferreirinha – que vinha sendo monitorado por fazer parte do esquema de Cachoeira – com Sarney no dia 31 de março de 2011, às 11h37min. Segundo a o Congresso em Foco, Ferreirinha fala primeiro com um assessor de Sarney chamado Vanderlei, que passa o telefone para o próprio presidente do Senado. O servidor reclama que a promoção não saiu. Sarney responde: “Mas o cara tá avisado, já”. De acordo com o site, não há identificação de quem seja o “cara” mencionado por Sarney.

Em nota ao Congresso em Foco, o presidente do Senado disse que o pedido de promoção de Ferreirinha “não foi atendido” pela Infraero. O presidente do Senado confirmou que Ferreirinha trabalhou com ele como porteiro no Palácio do Planalto durante seu mandato presidencial (1985-1990), cedido pela Infraero. A nota, porém, não informa se Sarney sabia das ligações de Ferreirinha com o grupo de Cachoeira.

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Procurado pela reportagem, Raimundo Costa, o Ferreirinha, não quis comentar as acusações feitas pela PF, de desvio de mercadorias para facilitar a atuação da quadrilha de Cachoeira. O servidor negou qualquer relacionamento com o presidente do Senado e negou ainda ter trabalhado na Presidência da República.

Nas demais conversas em que Sarney é mencionado, segundo a reportagem, outros membros da quadrilha de Cachoeira conversam sobre um método de incineração de lixo de tecnologia da Alemanha. Além do próprio Sarney, são citados nos grampos o deputado federal Sarney Filho (PV-MA) e Adriano Sarney, neto do presidente do Senado. Sarney nega que sua família tenha negócios no setor de resíduos sólidos e também diz não ter qualquer envolvimento com as pessoas do grupo de Cachoeira que são flagradas nas conversas.

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