Santa Catarina registrou no mês de janeiro aumento de 644,4% no número de casos prováveis de dengue, segundo o Ministério da Saúde. De 31 de dezembro ao 2 de fevereiro, o Estado notificou 134 casos da doença. No mesmo período de 2018, foram registrados 18 casos de dengue, divulgou a pasta nesta terça-feira (26).

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O Estado ainda não registrou óbitos em decorrência da doença neste ano. SC está entre as cinco unidades da federação que registraram maior aumento nas notificações de casos prováveis de dengue no país, na comparação entre as cinco primeiras semanas de 2018 e 2019.

Segundo o Ministério da Saúde, os casos prováveis são aqueles em que há o diagnóstico clínico, mas não necessariamente o paciente passou por exame laboratorial. Também fazem parte os casos confirmados.

Para ter uma ideia do tamanho do crescimento no Estado, o percentual de aumento dos casos de dengue no Brasil inteiro foi de 149%. Os dados são do Ministério da Saúde e foram divulgados em coletiva de imprensa pela internet na manhã desta terça-feira.

Nos registros da Dive de 2018 são 96 casos no período, o que daria um aumento de 71%, bem abaixo dos 644%. Isso acontece porque, apesar de a base de dados ser a mesma, a classificação é diferente, pois o Estado utiliza uma base mais ampla.

— Mesmo assim, esses números servem de alerta para as ações de prevenção pelos órgãos públicos e também para a população. O boletim mostra que o vírus já está no Estado e circulando por alguns municípios, como Florianópolis e Itajaí. Isso só reforça a importância das medidas de controle — avalia João Fuck, gerente de zoonoses da Dive/SC.

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Coordenador do Departamento de Dengue do Ministério da Saúde, Rodrigo Said, explica que os dados são tabulados através de casos prováveis da doença, em que o paciente apresente pelo menos dois dos sintomas da dengue, como febre alta, dor muscular intensa, dor atrás dos olhos, entre outras. Em SC, aponta Said, a maioria dos casos em 2019 "são suspeitos" e ainda carecem de confirmação.

— Em Santa Catarina, são cerca de 11 casos confirmados em 2019, e o restante, mais de 100 casos que ainda estão sendo investigados e podem ou não ser confirmados — expõe Said.

Estado já registrou três casos importados

Até o momento foram registrados três casos importados (transmissão fora do estado), dois residem em Florianópolis e apresentam como local provável de infecção os estados do Acre e Goiás, e um reside em Blumenau e apresenta como local provável de infecção o estado de São Paulo.

Em comparação com o último boletim, houve a confirmação de mais sete casos autóctones (transmissão dentro do estado), residentes nos municípios de Biguaçu, Florianópolis, Itajaí e São José com local provável de infecção Florianópolis e Itajaí.

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No período de 30 de dezembro de 2018 a 09 de fevereiro de 2019, foram identificados 4.051 focos do mosquito Aedes aegypti em 131 municípios. Comparado ao mesmo período de 2018, quando foram identificados 2.537 focos em 99 municípios, houve um aumento de 59,7% no número de focos identificados.

Em relação aos municípios catarinenses mais atingidos por focos do mosquito da dengue, 77 deles são considerados infestados, o que representa um incremento de 20,3% em relação ao mesmo período de 2018, que registrou 64 municípios nessa condição. Entre as cidades com infestação das larvas do inseto, estão Florianópolis, Chapecó, Balneário Camboriú e Itajaí.

Dive-SC utiliza os dados de forma diferente

Os números apresentados pelo Ministério da Saúde como casos prováveis de dengue em Santa Catarina são diferentes dos divulgados pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica de SC (Dive-SC). O órgão estadual utiliza os dados de forma diferente. Nele, são contabilizados os casos confirmados, suspeitos e os notificados que foram descartados posteriormente.

O período analisado pelo Ministério da Saúde e a Dive-SC também é diferente. O órgão estadual colheu informações entre 30 de dezembro de 2018 e 9 de fevereiro de 2019 (oito dias a mais na comparação com o levantamento nacional).

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O resultado extraído diverge da pasta nacional: dos 328 casos notificados, 11 (3%) foram confirmados, 166 (51%) foram descartados por apresentarem resultado negativo para dengue e 151 (46%) estão sob investigação pelos municípios. Excluindo os casos descartados, SC registrou 162 casos prováveis, 28 a mais do que o contabilizado pelo Ministério da Saúde.

A Dive-SC, através da assessoria de comunicação, disse a reportagem que os dados não são diferentes, mas a forma como são utilizados "não é a mesma".

Ministério da Saúde diz que dados vêm dos estados

Em resposta à reportagem do Diário Catarinense, que perguntava o por quê da diferença entre os resultados do órgão estadual e nacional, a assessoria do Ministério da Saúde informou que os dados da pasta são preenchidos e enviados pelos estados e municípios ao sistema de informação.

O Ministério da Saúde informou que o critério para chegar aos casos prováveis é feito de duas formas: por casos confirmados laboratorialmente e outro por critério clínico epidemiológico, quando o médico atesta a doença por meio de sintomas, circulação do vírus e outros.

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— Se o estado não utiliza esse parâmetro, do qual o Ministério da Saúde recomenda, ele pode estar usando apenas dados confirmados por exames laboratoriais. Lembrando que não se realiza teste laboratorial para todos os casos da doença — conclui a nota.

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