Uma reunião de autoridades federais, estaduais e municipais em Santa Catarina tentou, nesta sexta-feira, elencar ações para que o Estado volte a fazer parte da rota turística dos cruzeiros marítimos internacionais que passam pelo Brasil na temporada 2015/2016. São 98 navios, transportando centenas de milhares de turistas, que passam anualmente ao largo da costa catarinense. São também quase 200 oportunidades perdidas para os atrativos turísticos da região, contando que as embarcações poderiam parar na ida e na volta dos roteiros.
Continua depois da publicidade
Leia também:
:: Florianópolis quer voltar a fazer parte da rota dos cruzeiros
Cinco cidades catarinenses aparecem entre as que podem passar a receber cruzeiros, mas todas tem ainda algum tipo de limitação que barra o aproveitamento da oportunidade turística. São elas São Francisco do Sul, Porto Belo, Itajaí e Imbituba, em estágio mais avançado para começar a receber os navios, e Florianópolis, a com maior potencial mas também com mais complicações para voltar a fazer parte da rota.
Continua depois da publicidade
– A gente tem problemas sérios de infraestrutura, problemas de custos, de impostos, de burocracia. Então quando um país oferece um ambiente melhor para operar, as empresas acabam mandando os navios para lá – explica o presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar), Marco Ferraz, na reunião realizada no auditório da Secretaria Estadual de Administração.
Ele relatou que hoje as embarcações passam reto em Santa Catarina, rumo a Montevidéu, no Uruguai, e Buenos Aires, na Argentina. Disse também que seria do interesse das empresas atracar no Estado, pela distância percorrida hoje desde a região sudeste até os dois países vizinhos.
:: Em cada município, um problema que impede esse turismo
Os problemas nos municípios se dividem em estruturais e burocráticos. As cidades que já são portuárias tem toda as entidades alfandegárias disponíveis para atender a demanda, com postos da Polícia Federal e da Receita Federal. É o caso também da Capital, que concentra as sedes administrativas dos órgãos no Estado. Mas todas as quatro pecam na questão da infraestrutura para receber os navios de cruzeiro, pela ausência de um píer turístico em boas condições ou devido ao tamanho do atracadouro do navio, no caso de Itajaí.
Continua depois da publicidade
Já em Porto Belo, a complicação é burocrática. A prefeitura tenta conseguir com a Receita Federal que a instituição desloque uma equipe para que seja feito o serviço de alfândega que permitiria o desembarque de estrangeiros no município catarinense. Esse serviço já é feito pelos servidores federais em Búzios, no Rio de Janeiro, e em Ilhabela, em São Paulo, mas a cidade até agora não conseguiu autorização. Na questão da estrutura, o município tem um píer turístico recém construído já adaptado às novas regras da Lei dos Portos, de 2013, quase sem movimento.
– O que não é um problema só de Porto Belo, é de toda Santa Catarina – diz o prefeito da cidade, Evaldo Guerreiro (PT).
Agora cada município vai atuar para resolver os problemas (veja abaixo) e conseguir começar a receber um tipo de turismo muito lucrativo. Estimativas da Abremar indicam que se 50 dos quase 100 navios que hoje passam pelo Estado, cada um com cerca de três mil turistas, levando em conta um gasto de R$ 100 por pessoa, pode deixar na economia das cidades R$ 15 milhões que hoje passam embarcas sem parar nas belas praias catarinenses.
Continua depois da publicidade
– Isso é uma agenda executiva para distribuição de tarefas. É isso que a Santur e o governo do Estado vai ter que fazer, em parceria com municípios e o governo federal. Elencar as ações e quem ficará responsável por elas – disse o secretário nacional de políticas de Turismo, Vinicius Lummertz, que veio ao Estado representando o Ministério do Turismo.
A reunião também contou com a participação do vice-governador de Santa Catarina, Eduardo Pinho Moreira (PMDB), que se comprometeu, junto com secretaria de Turismo e a Santur, a dar encaminhamentos para as questões ao longo deste ano.
:: Os problemas por município
São Francisco do Sul – O município tem hoje um píer turístico em construção, com o apoio do governo federal. A prefeitura alega que, pela falta de repasses do Ministério do Turismo, as obras tiveram que ser paralisadas. Na reunião, representantes do município foram informados de que uma nova parcela deve ser depositada para que os serviços sejam retomados. Possui já toda a estrutura alfandegária, com postos da PF e da Receita.
Continua depois da publicidade
Porto Belo – Tem um píer turístico inaugurado em 2011 e já adequado à nova legislação para atracadouros para o turismo de cruzeiros, de 2013. Mas enfrenta problemas burocráticos e não conseguiu o apoio da Receita Federal para que os turistas estrangeiros sejam autorizados a desembarcar na cidade. O governador Raimundo Colombo levou o pedido pessoalmente à presidente Dilma Rousseff em reunião entre os dois nesta semana. Já recebe hoje cruzeiros nacionais.
Itajaí – Já recebe hoje cruzeiros, mas enfrenta uma limitação estrutural. Tem um atracadouro para que os navios possam parar no município. O normal é a embarcação ficar estacionada na Bahia e o transporte dos turistas ser feito por barcos menores. Na cidade, isso pode ser feito direto, mas hoje está limitada a navios de até 240 metros. Há navios desses cruzeiros internacionais que têm mais de 300 metros.
Florianópolis – Estudos apontam que o melhor local para desembarcar os turistas dos cruzeiros é a praia de Canasvieiras. O local conta com um píer, hoje utilizado apenas para passeio de escunas, mas que já foi utilizado para a função quando a Capital catarinense fazia parte do roteiro dos navios. O próprio prefeito Cesar Souza Junior admite, no entanto, que a estrutura está muito aquém dos padrões internacionais para receber esse tipo de turismo. A solução deve ser investir em melhorias na estrutura atual enquanto se planeja uma nova mais adequada para receber as embarcações, que ficaria também em Canasvieiras ou em Ponta das Canas.
Continua depois da publicidade
Imbituba – Tem todos os órgãos federais para resolver as questões alfandegáreas, devido à presença de um porto no município. Possui belas praias e roteiros turísticos como atrativos, mas não conta hoje com a infraestrutura necessária para receber o desembarque de turistas.