Após cinco meses de resultados negativos na geração de empregos, Santa Catarina apresentou mais admissões que demissões em agosto, saldo de 3.014 postos de trabalho, ficando entre as quatro unidades da federação que mais geraram empregos. Uma virada, já que em julho era uma das seis piores, com menos 5.819 empregos. O número também é melhor na comparação com agosto de 2015, que registrou perda de 6.925. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério do Trabalho.

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O resultado de SC em agosto representou quase 10% das vagas no país no mês em que 13 Estados tiveram resultados positivos. Foram os setores de serviços e indústria os responsáveis pela boa notícia, que geraram, respectivamente, 1.959 e 1.702 vagas. No ano, o saldo da indústria também é positivo, com 4.794 vagas, enquanto o de serviços é negativo, de menos 5.463.

A professora Marianne Stampe, do Departamento de Ciências Econômicas da UDESC, pondera que em termos absolutos foi o setor de serviços que mais puxou o resultado positivo, mas se considerarmos que este é o setor que mais emprega no Estado – 61% da mão de obra– relativamente foi a indústria que mais contribuiu, pois ela representou 37% dos empregos de agosto e detém 35% da mão de obra.

— A indústria foi o setor que mais sentiu a crise e é responsável pela recuperação da economia nesse momento – diz Marianne, que também é coordenadora do projeto Observatório Econômico do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (ESAG-UDESC).

Dentro da indústria, o setor têxtil foi o grande responsável pelo bom resultado, ao gerar 1.021 vagas no mês. No ano, o acumulado também é positivo, de 5221. Para a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), a impressão é de que talvez a pior fase já tenha chegado ao final.

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— O importante é que dos 12 setores pesquisados (da indústria), sete tiveram resultado positivo. No acumulado do ano, oito entre 12 foram positivos. As últimas pesquisas mostram a melhora da confiança do empresariado. Ainda não dá pra dizer que há otimismo, mas o clima mudou para melhor. Mostra que provavelmente o período mais difícil já passou – analisa o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte.

Para a professora da UDESC, a melhora de agosto ¿estancou a sangria¿ do mercado de trabalho. E como o indicador de emprego antecede o da produção industrial, a mesma deve continuar a melhorar.Uma forma de ver que o pior já passou, diz, é que o emprego industrial é positivo.

— A economia funciona através de cadeias produtivas. Primeiro vai sofrer a indústria. Quando a recessão persiste, os serviços passam a sentir os efeitos negativos também e, dentro dos serviços, o comércio. A melhora inicia pela indústria e só depois passa para serviços e comércio. O comércio foi o último a sentir a crise e provavelmente será o último a se recuperar. Empresários agem de acordo com expectativas e estas se mostram positivas. Temos tudo para que a recuperação se efetive. Mas vai depender das políticas adotadas pelo governo, e que elas sejam críveis – explica Marianne.

Capital foi de pior a melhor resultado

Florianópolis, que tem a economia baseada no setor de serviços, passou por uma virada impressionante. Desde fevereiro, era a cidade com pior saldo no Estado, sendo que em julho havia perdido 857 vagas. Já em agosto, foi a que mais gerou postos, foram 769. Contudo, o acumulado do ano ainda é ruim, de menos 6533 vagas, quase três vezes o que foi perdido nos doze meses de 2015.

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Joinville também estava entre os piores no mês anterior. Havia perdido 563 vagas em julho e passou ao 3º melhor saldo em agosto, com criação de 438 vagas.

Piores no país

No Brasil, houve perda de 33.953 vagas no mês passado, retração de 0,9% em relação ao estoque de empregos de julho, mês em que 94.724 postos foram perdidos no país. Também é um resultado melhor se comparado a agosto de 2015, que houve perda de 86.543 vagas.

A maior queda no nível de emprego formal foi registrada no Rio de Janeiro, com o fechamento de 28.321 vagas, impactado pelo ramo Comércio e Administração de Imóveis (-8.395) e Serviços de Alojamento e Alimentação (-4.452), dados influenciados também pelo fim dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Também houve também perda significativa de vagas em Minas Gerais (-13.121), devido ao fim do ciclo de produção de café, e Espírito Santo (-4.862).