O ministro das Relações Exteriores, José Serra, concedeu nesta quarta-feira dois passaportes diplomáticos ao pastor R. R. Soares e à sua mulher, Maria Magdalena Ribeiro Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus.

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De acordo com a portaria publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial da União, a solicitação foi feita em nome da igreja no último dia 16 de junho. Cada passaporte diplomático tem validade de três anos. O documento é “concedido a diplomatas ou a cidadãos brasileiros que, de alguma forma, desempenhem funções de representação do país”, afirma o governo.

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Em janeiro de 2013, o Ministério das Relações Exteriores, sob o comando de Antonio Patriota, já havia dado os passaportes especiais para o casal “em caráter de excepcionalidade”. Questionado pela reportagem sobre o motivo da nova concessão, o ministério disse que “responderá com a maior brevidade possível”.

Suspeito

Com menos de uma semana no cargo, em maio deste ano, Serra concedeu o mesmo benefício para o pastor Samuel Ferreira e a mulher Keila, também pastora, da Assembleia de Deus. Ferreira é investigado na Lava-Jato, suspeito de lavar dinheiro de propina para Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por meio da igreja em Campinas (SP).

Apesar da repercussão negativa do caso, a Justiça de São Paulo negou o pedido liminar para a suspensão dos passaportes diplomáticos de ambos. Foi a primeira vez, desde o começo da Lava-Jato, que um investigado sem prerrogativa de foro recebeu o benefício dado a autoridades.

Pastores

Em 2013, durante o governo Dilma Rousseff, o líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago de Oliveira, e a mulher dele, Franciléia de Castro Gomes de Oliveira, também receberam o benefício. Outros líderes de igrejas também já receberam o documento — que dá direito ao uso de uma fila especial nos aeroportos, mas não dá imunidade diplomática.

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Segundo o Itamaraty, a política de oferecer os passaportes a lideranças evangélicas busca dar igualdade de tratamento às diferentes religiões, já que representantes católicos também recebem o documento. A atual gestão, contudo, já informou que pretende reavaliar as políticas de concessão.

Esse sistema foi alterado em 2011, quando foi revelado que os filhos e netos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinham o documento mesmo depois de sua saída do governo e de não serem menores de idade — como determinava o decreto sobre o tema.

Na época, a legislação dava ao ministro o poder de decidir quem poderia receber o passaporte em casos considerados de interesse nacional. O então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, concedeu o documento aos filhos de Lula pouco antes do final de seu governo, em 2010.

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