O chanceler brasileiro, José Serra (PSDB-SP), foi recebido por 35 manifestantes com bolinhas de papel jornal ao chegar à embaixada brasileira em Buenos Aires, na noite deste domingo, em sua primeira viagem oficial no comando do Itamaraty. Os participantes do protesto contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff lembravam um episódio da campanha presidencial de 2010. À época, o candidato tucano relatou uma agressão após ser atingido por um papel na cabeça durante uma caminhada no Rio de Janeiro.

Continua depois da publicidade

Os manifestantes não conseguiram ver nitidamente Serra em sua chegada à embaixada, por volta das 20h. Três carros oficiais com vidro escuro entraram no edifício por portões diferentes. Os ativistas se dividiram e arremessaram os papéis contra todos os veículos. Eles chamaram o ministro de golpista e colaram na região cartazes com o rosto dele sobre a inscrição “procurado”.

— Também não aceitamos o rápido reconhecimento dado pelo governo argentino a Michel Temer — disse uma das organizadoras do ato, a tradutora Isabela Gaia.

Às 21h, sob 13ºC, o grupo formado por jovens desligou o megafone com que pedia a destituição de Temer, guardou pandeiros e chocalhos e recolheu as bolinhas do chão, feitas com folhas do jornal Le Monde Diplomatique, em sua versão em espanhol. Elas foram jogadas também contra o muro da embaixada, na qual Serra se hospedará.

Os manifestantes se dispersaram sob vigilância de 20 policiais federais e prometeram seguir o ministro com uma mobilização maior nesta segunda-feira. Eles pretendiam ter o reforço do grupo kirchnerista La Cámpora e outros movimentos peronistas opositores a Macri.

Continua depois da publicidade

Serra será recebido nesta manhã pela chanceler Susana Malcorra, na sede da diplomacia argentina, o Palácio San Martín. Entre as diretrizes da nova política externa, anunciadas em sua posse na semana passada, Serra colocou a relação com o país vizinho. Crítico do que considera um entrave do Mercosul a acordos bilaterais com outras nações, citou “referência semelhantes, para reorganização da política e da economia” ao referir-se ao governo de Macri, eleito no ano passado por uma coalizão de centro-direita.

Serra destacou sua intenção de defender uma política externa despartidarizada. O chanceler brasileiro se encontrará ainda com o ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, e fará uma visita de cortesia a Macri.

Destaques do NSC Total