Uma servidora da Secretaria de Saúde de Joinville foi condenada neste mês a cinco anos e cinco meses de reclusão no regime semiaberto pelo crime de peculato. Entre novembro de 2009 e dezembro de 2010, Albertina Leonir Vieira desviou recursos destinados ao pagamento de médicos plantonistas de postos de saúde de Joinville.
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Ela se aproveitou do fato de manusear as planilhas de pagamento dos plantões, como parte de suas atividades como agente administrativa, para incluir dois nomes fictícios na lista. O objetivo era destinar valores de falsos plantões a ela própria. O valor total da fraude chegou a R$ 125.179,05.
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Após investigação interna da Secretaria da Saúde e do Ministério Público estadual, em outubro de 2015 a denúncia foi encaminhada à Justiça. Albertina confessou a autoria do crime e foi condenada, em primeira instância, no dia 16 de junho deste ano, pelo juiz da 2ª Vara Criminal de Joinville, Gustavo Henrique Aracheski.
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Entre as práticas adotadas pela servidora para conseguir fraudar os pagamentos estavam a falsificação de documentos públicos e o uso indevido de contas bancárias de terceiros.
Albertina pode recorrer da sentença, mas o advogado dela, Leonardo Bertoncini Filomeno, preferiu não se manifestar sobre o caso porque aguarda o comunicado oficial da Justiça.
Conta da nora
Além de trair a confiança exigida pelo cargo, a servidora envolveu a própria nora na fraude, sem o conhecimento dela. Albertina tinha todos os dados da nora no computador da Secretaria da Saúde, aos quais teve acesso por morarem juntas. Em depoimento, a servidora confirmou que agiu sozinha.
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Uma das falsas médicas que Albertina colocou na lista tinha como primeiro nome o da nora, Lidiane, e um sobrenome fictício, Eggert, associados ao CPF e ao número da conta poupança da nora.
Essa conta recebeu valores indevidos entre março e dezembro de 2010 e os saques ocorriam em casas lotéricas. A nora disse que nunca entregou o cartão do banco para Albertina e nem desconfiou de nada porque não movimentava a conta. Antes de começar a usar o CPF e a conta da sua nora, a servidora utilizava outro nome fictício: Leilane Marques de Oliveira, que não foi identificada na investigação.
Cuidados para esconder a fraude
Albertina trabalhava no serviço de referência da Secretaria da Saúde havia oito anos e era responsável por receber as planilhas dos prontos-atendimentos, fazer a compilação e enviá-las para o setor financeiro fazer o pagamento.
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Para não deixar rastros, ela arquivava a cópia da lista no setor de referência sem os nomes fraudulentos. Mas o valor final a ser pago, conforme essa lista, era igual ao montante previsto no documento enviado para o setor financeiro – onde constavam os nomes fictícios e os dados para depósito. Desta forma, a saída do dinheiro não chamava a atenção.
Em outubro de 2010, o gerente da unidade administrativa financeira tomou conhecimento de que nomes de alguns médicos não faziam parte do quadro de servidores da secretaria e pediu informações à gerência dos serviços de referência, que solicitou a Albertina que fizesse a verificação dos vínculos dos nomes.
Em memorando interno posterior, o nome fictício Lidiane Eggert aparece como tendo vínculo com a Prefeitura como contratada. Mas uma sindicância foi instaurada e se apurou que Albertina foi a responsável pelos desvios dos valores do município.
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A servidora afastou-se do cargo em fevereiro de 2011 para tratamento de saúde e aposentou-se por invalidez em março de 2012. Por causa da investigação inicial, desde abril de 2014 ela desconta mensalmente R$ 417,27 da aposentadoria para reparação do dano, com quitação em 300 parcelas.
Na ação penal, pesou a favor de Albertina a confissão espontânea, mas o dano à sociedade foi evidenciado.
– As consequências são mutíssimo graves porque o dinheiro subtraído pela acusada era verba da saúde pública. Assim, os desvios atingiram diretamente a parcela mais carente e sofrida da população joinvilense – escreveu o juiz na sentença.
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