A economia é feita em ciclos. Altos e baixos ou, na linguagem dos especialistas , picos e vales. Nesse cenário, nada melhor do que olhar para trás para poder antever o futuro econômico de Santa Catarina. Capaz de mostrar, em valores monetários, a soma de todos os bens e serviços produzidos, levando em conta o desempenho da agropecuária, indústria, serviços e administração, o Produto Interno Bruto (PIB) é um dos indicadores que melhor representa essa curva.

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O mercado aposta, e o empresário têm investido em torno disso, que o vale ficou para trás — diz especialista

Ao observar o resultado catarinense de 2002 a 2006 (último dado disponível) percebe-se, com clareza, a ascensão econômica do Estado ao longo dos últimos 14 anos. No entanto, conforme explica o economista, mestre em Desenvolvimento Econômico e doutor em Economia, João Rogério Sanson, ainda não é possível saber se 2017 e 2018 foram de alta ou recessão frente aos demais resultados.

— Estamos vivendo um longo pico que começou em 2003, o ponto mais baixo do período anterior, lá no fim do governo Fernando Henrique e começo do governo Lula. Ainda não se sabe se a economia de 2018 terminou num vale ou num pico nem onde estará 2019 nesse ciclo. O mercado aposta, e o empresário têm investido em torno disso, que o vale ficou para trás — aponta o especialista.

Apesar disso, alguns fatores servem como termômetro para prever as tendências econômicas estaduais. O principal deles é o índice de confiança do empresariado. Se esse indicador está alto, o reflexo é sentido em investimentos _ que vão desde aumentos estruturais e de produção e até a criação de novos postos de trabalho.

Sanson pontua ainda que, para um bom ano, é necessário um grande combo, que começa pela aprovação de reformas econômicas, passa pelo cuidado para evitar o que o especialista chama de "novos desastres políticos" e alcança os fatos que acontecem fora do país.

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— Se tudo isso ocorrer, haverá boas perspectivas para o Brasil, e Santa Catarina andará junto nesse ritmo. Nesse último ciclo, o Estado cresceu acima da média nacional. Então, se as condições se repetirem, SC teria tudo pra crescer ainda mais — avalia.

Agora, ao retroceder e observar como os setores que compõem o PIB se comportaram ao longo de 2018, não seria arriscado ponderar que o novo ano será de prosperidade para Santa Catarina.

Agropecuária

O sucesso do agronegócio em SC depende de fatores que fogem ao controle dos produtores rurais, como o clima, por exemplo. O próprio setor reconhece que, talvez, não haja condições para crescer tudo aquilo que é esperado. No ano passado, o grande revés foi a greve dos caminhoneiros. A paralisação refletiu na arrecadação de ICMS, que fechou com a maior queda em 2018, -14,4%, segundo dados da Secretaria de Estado da Fazenda divulgados em janeiro.

A projeção de um ano mais animador do que os anteriores também terá que transpor os resquícios do protesto, que ainda deixa marcas no agronegócio.

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— Tabelamento de frete num país de livre mercado não soa bem. Talvez o próprio setor produtivo comece a comprar veículos porque os custos são, muitas vezes, acima das possibilidades de remuneração — alerta o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo.

Ainda assim, diz o dirigente, há a esperança de um 2019 melhor do que foi 2018. Uma parcela considerada das fichas está depositada no bom andamento das safras e, principalmente, na renovação política. A estabilidade no poder público tende a acalmar os ânimos do mercado e abrir portas para áreas ainda pouco exploradas, como a produção de leite.

— Somos fortes em carnes, mas no leite ainda temos que encontrar um caminho. Produzimos mais do que consumimos. É preciso achar uma forma de mandar isso para fora para que a atividade não fique estagnada — projeta o presidente da Faesc.

No entanto, o outro lado da balança também pesa. Com a alternância do comando estadual também bate à porta novas propostas de políticas fiscais.

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Comércio e serviços

Especialistas costumam dizer que comércio e serviços tendem a ter reações rápidas após intensos períodos de recessão. Em Santa Catarina,os dois setores vivenciaram essa recuperação ao longo do último ano. A retomada, ligada principalmente aoreadquirido poder de compra dos consumidores, é tendência para 2019.

Dados do IBGE de novembro do ano passado(últimos disponíveis) mostram que as vendas no chamado varejo restrito vão de vento em popa: avanço de 8,5% em 12 meses. O terceiro melhor resultado de SC no período na série com ajustes.

Com as vendas no azul, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio-SC) mira na retomada dos índices pré-crise, mas pondera que isso vai depender das promessas de redução de juros e do restabelecimento do mercado interno.

— O ponto forte do comércio será a recuperação da confiança e dos investimentos. Já o desafio é a desburocratização da carga tributária, que atravanca o crescimento e congela maiores investimentos — analisa Bruno Breithaupt, presidente da Fecomércio.

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Em retrospectiva, o varejo tende a ter, de fato, um ano menos turbulento. Prova disso é a magnitude do desempenho na geração de empregos. Comércio e serviços lideraram as contratações formais em 2018. Juntos, os dois setores fecharam o ano com saldo positivo de 36,5 mil vagas de um total de 41,7 mil no Estado, segundo o Caged.

— O novo governo anima o setor, deixa o consumidor mais tranquilo e incentiva os empresários a investirem. A geração de empregos é prova disso e, onde há empregos, existe salário e há evolução —conclui Ivan Tauffer, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL/SC).

Indústria

O sucesso na economia depende de um ciclo virtuoso que, avaliam economistas, pode começar não apenas na geração de empregos, mas no índice de confiança dos empresários. E, em Santa Catarina, se depender da convicção dos industriais, este ano será promissor.

Os últimos dados da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc), referentes a janeiro de 2019, mostram tendência de crescimento no índice que está em 68,5 pontos (acima da média nacional de 64,7 pontos). Empresários confiantes tendem a querer investir e contratar em maior escala, explica Mario Cezar de Aguiar, presidente da Fiesc. E, conforme os dados da federação, há espaço para ampliar a produção.

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Números de dezembro mostram que a utilização da capacidade da indústria estava em queda, e fechou em 76,12%. Em dezembro de 2017, por exemplo, o percentual foi de 82,31%.

— Nossas indústrias têm se preparado para uma nova realidade, desafios e tecnologias. Isso fez o Estado passar por esses momentos de maneira menos impactante. Tem feito o empresário acreditar no produto e nas empresas, confiando no novo governo. Isso reflete na intenção de crescimento — detalha Aguiar.

Apesar dos resultados históricos observados desde a eleição em 2018, como todos os setores da economia, a indústria também é vulnerável às mais diversas intempéries, inclusive as vindas do governo.

— Nos preocupam os decretos que preveem a redução dos incentivos fiscais, que terá impacto negativo para a produção, geração de empregos e arrecadação. A retirada de incentivos impacta nos tributos, podendo afetar, inclusive, os insumos de cesta básica. É preciso melhorar a eficiência do Estado e desburocratizar — conclui Aguiar.

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Estado

Chegada de novas empresas. Ocupação da capacidade ociosa nas linhas de produção. Esperança de novas contratações. Crescimento das vendas. Aumento da arrecadação. Se todos os itens dessa lista forem concretizados ao longo de 2019, presume-se que Santa Catarina seguirá a tendência do ano que terminou, quando fechou o período no azul.

A expectativa, pondera o secretário de Estado da Fazenda, Paulo Eli, é de uma melhora na economia, mas alerta que, para isso, é preciso que todas as engrenagens funcionem em sintonia.

— Para ter arrecadação é preciso que a economia gire bastante, que as pessoas comprem, que o comércio e indústria se movimentem, que tudo esteja em pleno funcionamento — define.

No ano passado, a economia catarinense foi linear, salvo em algumas interrupções. A arrecadação de impostos cresceu 13,3%. Só de ICMS, um dos principais tributos, foi contabilizado R$ 19,4 bilhões. A prévia do Produto Interno Bruto (PIB), até novembro do ano passado, registrava alta de 2,84%. Desempenho acima da média nacional, de 0,29%.

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— A economia está saindo do buraco e não esperamos nenhum percalço como foi em 2018. Desde a eleição houve uma expansão, mas a base que temos para comparação é ruim. Tivemos uma grande arrecadação ano passado, mas frente a um comparativo ruim. Esperamos, para 2019,algo bem superior — projeta Eli.

Assim como em outros setores, a economia estadual também é suscetível a contratempo. O primeiro deles é a atual dívida de R$ 700 milhões, da qual o novo governo herdou quando assumiu. Na prancheta de Carlos Moisés (PSL), a lista de medidas de cortes é tão extensa quando a de débitos a serem quitados.

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