O governador Tarso Genro demonstrou descontentamento com declarações dos comandos da Brigada Militar (BM) e do Corpo de Bombeiros sobre as responsabilidades pela liberação da boate Kiss, palco da tragédia que vitimou pelo menos 234 pessoas em Santa Maria. Em entrevista a jornalistas na tarde desta terça-feira, ele falou ainda em corresponsabilidade da prefeitura da cidade e outros órgãos públicos pelo incêndio, citando uma “reação em cadeia”. – O chefe dos bombeiros não falou demais. Ele falou completamente errado. Bombeiros não autorizam o funcionamento de nada. Quem dá o alvará é a prefeitura – disparou Tarso. Além de salientar que a danceteria não poderia estar aberta “de jeito nenhum”, o governador citou uma determinação para que o local possuísse revestimento acústico. No entanto, declarou desconhecer se houve comunicação à autoridade pública da instalação do material que principiou o incêndio, após o manuseio de um sinalizador que acabou atingindo a espuma do teto da casa de festas. Mesmo em conformidade com as normas legais de funcionamento, a boate descumpriria os termos de lotação máxima. O Corpo de Bombeiros apontou que a capacidade era de 691 pessoas, mas no dia da tragédia deveria haver mais de 1 mil clientes. Tarso disse também que recebeu informações de que “o dono formal não é o dono real” do estabelecimento. O governador pediu ao procurador-geral de Justiça, Eduardo de Lima Veiga, que ajude na elaboração de um texto que sirva de base para uma legislação estadual ou municipal mais rigorosa a fim de evitar que uma tratégia como essa se repita. A intenção de Tarso é de que o Estado tenha o poder de interditar estabelecimentos que estejam irregulares. Ele garante que os procedimentos adotados pela Brigada Militar e Corpo de Bombeiros estão sendo avaliados pelo governo estadual e podem sofrer penalidades caso o inquérito da Polícia Civil aponte deficiências. Tarso repetiu várias vezes que o inquérito ainda não é capaz de dizer de quem foi a responsabilidade nem se os bombeiros cumpriram ou não a sua parte.

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Ouça a entrevista de Tarso Genro:

Em gráfico, entenda a sequência de eventos que originou o fogo Veja também Confira imagens do local onde aconteceu a tragédia Veja como foi o velório das vítimas Nove pontos que devem permear as investigações sobre incêndio O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna. Sem conseguir sair do estabelecimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários. A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos últimos 50 anos no Brasil. Veja onde aconteceu Imagem: Arte ZH A boate Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes – além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012. Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio A festa Chamada de “Agromerados”, a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas “Gurizadas Fandangueira”, “Pimenta e seus Comparsas”, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim. Acompanhe as últimas informações