Em entrevista coletiva na tarde deste domingo, no Palácio Piratini, o governador Tarso Genro considerou prematuro falar em culpados da tragédia de Santa Maria. Segundo ele, as cobranças são naturais, e é necessário “apurar rigorosamente” as causas do incêndio que vitimou 233 pessoas na boate Kiss, na madrugada deste domingo.

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– É uma tragédia brutal – resumiu. – Agora, temos que nos empenhar e sermos solidários com os familiares e compartilhar da dor deste momento de luto do Estado e de todo o país – complementou o governador.

Buscar culpados, afirmou, seria uma “falta de respeito”. Tarso também salientou que o inquérito policial irá verificar as condições de operação da casa noturna:

– A recomendação é que se faça um inquérito, evidentemente obedecendo todos os parâmetros legais, mas profundo, incisivo, rápido, com provas científicas e técnicas que devem ser custeadas de maneira eficiente para que tenhamos uma apuração concreta dessa tragédia. É preciso solidariedade irrestrita – falou.

Disse, ainda, que o proprietário do estabelecimento deve ser ouvindo ainda neste domingo.

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– Hoje (domingo), deve ser ouvido o dono da boate. Temos que apurar as causas. Falar em culpa de alguém, agora, é falta de respeito ao trabalho que está sendo feito de maneira solidária. A culpa de alguém vem da apuração das causas e é isso que a Polícia Civil está orientada a fazer da maneira mais rigorosa e técnica que temos à disposição – declarou.

Tarso também agradeceu ao Exército Brasileiro e à Força Aérea Brasileira, e classificou a ajuda de ambos como “muito importante”. Disse que a presidente Dilma Rousseff já colocou todo o apoio possível à disposição por meio de toda estrutura federal possível.

– É natural que haja cobrança, por isso, temos que apurar as causas. (O responsável pela boate) Vai ter que apresentar todos os documentos necessários para o funcionamento da boate, que tem todo um percurso legal para que possa funcionar. E isso o inquérito tem que verificar de maneira isenta, responsável e profissional – reiterou.

A tragédia

O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.

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Sem conseguir sair do estabelcimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.

A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos útimos 50 anos no Brasil.

Veja onde aconteceu

Imagem: Arte ZH

A boate

Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes – além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.

Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio

A festa

Chamada de “Agromerados”, a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas “Gurizadas Fandangueira”, “Pimenta e seus Comparsas”, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.

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