O técnico da seleção inglesa, Roy Hodgson, e o coordenador técnico da Seleção Brasileira, Carlos Alberto Parreira, levantaram uma polêmica ao fazer declarações sobre a Copa em Manaus. Hodgson disse que a cidade deveria ser “evitada” por conta da distância e do clima quente e úmido. Parreira endossou o comentário e ainda afirmou que “não escolheria Manaus para ser sede”. Afinal, distância e clima prejudicam?

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Ex-atacante da Seleção, Dario José dos Santos, o inesquecível Dadá Maravilha, 67 anos, garante que não existe dificuldade alguma em jogar na capital amazonense. E fala com conhecimento de causa, já que atuou com na inauguração do antigo estádio Vivaldo Lima, marcando quatro gols. A partida contra a seleção amazonense foi um dos amistosos que a Seleção fez antes de embarcar para a conquista do tricampeonato mundial, na Copa do México, em 1970.

– Essa história de calor e de distância só atrapalha quem não tem preparo físico, quem não é profissional – afirma.

Dadá voltaria anos depois ao futebol amazonense, desta vez para vestir a camisa do Nacional. Contratado em 1984, aos 39 anos, o atacante despertava desconfiança por conta da idade avançada, mas naquele ano ele não só foi campeão amazonense como ainda conquistou a artilharia com 14 gols. O fisiologista do Centro de Alto Rendimento da Amazônia Rogerio Marchiorette explica que o calor não é o grande problema: o clima pode jogar contra os atletas que não estiverem acostumados com altos índices de umidade.

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– Em junho e julho é verão na Europa, e aqui eles vão enfrentar temperaturas na casa dos 28ºC, 31ºC. O grande problema é a umidade. Quando associada a temperaturas mais altas, o suor não consegue evaporar e o calor interno do corpo aumenta. Eles (europeus) estão acostumados a um clima quente, mas seco.

O ex-zagueiro do Inter Ediglê Farias, 34 anos, também conhece a região. Passou por Sul América e Rio Negro até chegar, em 2004, ao São Raimundo, à época disputando a Série B do Brasileirão. Antes de ser campeão mundial com a camisa colorada, sofreu com o clima amazônico:

– Tem de ter um tempo para se adaptar. Eu me acostumei e foi uma bênção para mim.

“Realmente, é muito quente”

Entrevista: Ediglê, zagueiro do EC Passo Fundo

Zero Hora – Como foi que você veio parar no futebol amazonense?

Ediglê – Em 1998, com 19 anos. Jogava no Ferroviário (CE) e fui contratado para jogar no Nacional.

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ZH – Como foi sua adaptação ao clima da cidade?

Ediglê – Realmente, é muito quente (risos). Me dei bem no futebol amazonense. O segredo para uma boa adaptação está no consumo das frutas da região. O açaí é uma boa.

ZH – Ainda pensa em voltar a jogar aqui?

Ediglê – Só se for com multa por quebra de contrato. Aí em Manaus ainda tem muitas coisas amadoras.