Depois de percorrer as ciclovias do sul, norte e leste da Ilha, a reportagem da Hora de SC testou nesta semana a rede cicloviária central de Florianópolis. E constatou que, ao contrário das demais regiões — onde as pistas estão em más ou péssimas condições —, da Agronômica até o Centro, a estrutura para o ciclista é bem mais conservada e segura. No entanto, falta bom senso de boa parte dos motoristas e dos pedestres, que muitas vezes utilizam a faixa vermelha como estacionamento e calçada.

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O trajeto começou na Avenida Madre Benvenuta, em frente ao Iguatemi. Esse foi o ponto inicial escolhido porque, desde 2006, o shopping deveria ter construído uma ciclovia na avenida principal do Santa Mônica, como contrapartida pelo empreendimento ter sido erguido no manguezal. Em 12 anos, foram executados apenas 640 metros dos 1.250 previstos. Inclusive, nesse período, um ciclista morreu atropelado voltando do trabalho, tragédia que poderia ter sido evitada.

Do Iguatemi, seguimos pela ciclovia Beira Mangue, que é a única de todo o bairro Trindade (existem projetos para o entorno da UFSC). Depois de atravessar a passarela do CIC, acessamos a ciclovia da Beira-Mar Norte. As duas estão ótimas, tanto para deslocamento, quanto para desempenho, já que são largas, asfaltadas e separadas fisicamente da pista dos automóveis. A vista da Baía Norte torna o percurso agradável.

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— Eu geralmente eu ando de bike aqui na Beira-Mar e é uma delícia! Aqui pelo menos tem ciclovia e o pessoal respeita. Se souber andar direitinho respeitando quem vem e quem vai, não tem problema — avalia a youtuber catarinense Thalita Meneghim.

Na Agronômica, o trajeto seguiu pela Servidão Paulo Zimmer, que possui uma curta, mas arborizada e preservada ciclofaixa. Depois, pegando uma faixa de pedestres, se acessa a ciclofaixa da Rua Rui Barbosa, que é estreita, mas separada por tachões. E é nela que começam os problemas. Primeiro porque os motoristas não estão acostumados a dar a preferencial para o ciclista – embora previsto no Código de Trânsito Brasileiro. Por diversas vezes, condutores se atravessaram na frente da bicicleta. Depois que alguns usam a faixa vermelha como estacionamento, inclusive um caminhão de mudança foi flagrado pela reportagem parado na ciclofaixa e sem motorista.

A Rui Barbosa muda de nome para Frei Caneca e chega no Centro como Rua Bocaiuva. A única diferença está na ciclofaixa, que troca de lado, e o ciclista tem que atravessar a pista dos carros para acessá-la.

Continuamos pela ciclofaixa da Avenida Trompowsky, onde a sombra das árvores deixa a subida da ladeira mais fácil. Nesta região, os motoristas estão acostumados à presença das bikes e as respeitam. Só que a faixa termina subitamente na Praça Getúlio Vargas. De lá, pedalamos até a Rua Hermann Blumenau, que não possui via para ciclista, até chegar na ciclofaixa elevada da Avenida Hercílio Luz. Apesar da faixa vermelha estar um pouco apagada, a via ainda é bem destacada. No entanto, os pedestres e frequentadores dos bares da região a transformaram numa extensão da calçada e por ela transitam tranquilamente.

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— Sabe aquela paradinha que as pessoas dão, rapidinha, isso parece ser pouco, mas pra gente é chato ter que entrar na outra faixa, e às vezes a gente é hostilizado por estar andando na calçada ou no meio da rua. E aí tudo vira uma bagunça. Pedalando todos os dias na cidade, eu percebo quanto a gente precisa evoluir no sentido de respeitar o espaço de cada um _ destaca o adestrador de cães Gabriel Dias, que faz todos os seus atendimentos diários de bicicleta.

Terminamos o percurso no Centro Sul, no final da Avenida Hercílio Luz. Até porque não é possível pedalar pela Avenida Gustavo Richard, onde o tráfego é intenso e não há ciclovia.

Confira o trajeto feito pela reportagem

Veja o mapa das "Ciclo Ilhas" e das ghost bikes de Florianópolis

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