Autoridades que atuam na área criminal de Joinville assistiram ao vídeo que mostra três jovens decapitando um adolescente morto. A polícia investiga se as imagens dizem respeito ao assassinato de Israel Melo Júnior. A cabeça do garoto de 16 anos foi encontrada dentro de uma mochila no bairro Jardim Paraíso, no final da tarde desta terça-feira.
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Cabeça de jovem é encontrada em mochila na zona Norte de Joinville
Polícia investiga vídeo de jovem sendo decapitado em Joinville
Os profissionais acostumados a lidar com a segurança pública se mostraram chocados com as cenas. Antes mesmo de ter acesso às imagens, o juiz da Vara de Execução Penal, João Marcos Buch, destacou que o caso é grave e uma demonstração de declínio ao respeito às instituições e ao coletivo.
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“É indignante, uma afronta”, diz secretário de Segurança sobre vídeo
Cúpula de segurança volta a fazer promessas de redução da criminalidade
O magistrado avalia que os casos devem ser apurados e solucionados pontualmente, mas alerta que o problema é mais amplo e complexo. O juiz ressaltou ainda as decapitações divulgadas pelo Estado Islâmico na internet acabam servindo de mau exemplo.
O que está confirmado e o que ainda está sendo investigado sobre o caso
– O Estado Islâmico é facilmente acessado e pode ter servido como terrível exemplo. Mas há ainda a questão das facções. As autoridades e todas as pessoas precisam refletir. Numa sociedade de consumo, em que o ter é mais importante que o ser, em que as esperanças se esvaem no flagelo da violência e da desigualdade social, em que as oportunidades não se apresentam, nesse mundo a juventude fica perdida, sem um norte e sem freios. As instituições, a educação e a família precisam ser valorizadas.
O promotor de Justiça, Ricardo Paladino, também mencionou a violência divulgada pelo Estado Islâmico. No vídeo gravado em Joinville, os garotos tripudiam em cima do corpo e apresentam a cabeça como um troféu.
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– Por muito tempo, a segurança pública não foi tratada como prioridade, se permitiu que as organizações criminosas ganhassem corpo, se enraizassem cada vez mais. Por conta disso chegamos a um patamar de criminalidade muito além do inaceitável. Estamos num estado de barbárie.
Pessoas que moram na região estão preocupados com rumos da violência
A juíza Karen Reimer, da 1ª Vara Criminal, ressalta que os jovens são recrutados para cometer crimes graves em razão do pouco tempo de internação previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (máximo de três anos de internação). Ela acredita que a redução da criminalidade depende da punição.
– Apenas a certeza da punição pode diminuir a criminalidade. Isso inclui tanto saber que existe grande chance de ser pego quanto saber que terá que cumprir uma pena severa. Enquanto nossas leis preverem a liberdade como regra para crimes graves e o Estado não construir presídios decentes em número adequado, há poucas chances de reverter este quadro.
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O promotor que atua na área da Infância e Juventude avalia o envolvimento cada vez mais precoce com a criminalidade.
– É uma gama de fatores que levam o adolescente para esse meio. A sensação de impunidade, falta de estrutura para investigação e cumprimento das medidas socioeducativas. O ECA é muito garantista, enquanto que deveria ser mais rigoroso. Os pais também têm que ter mais autonomia e precisam ser mais rigorosos na educação dos filhos.