A vista da Baía Sul já não é mais a mesma. A foto da década de 1970 mostra a Ponte Colombo Salles ainda em processo de construção. Dylton do Vale Pereira, fotógrafo amador e funcionário público aposentado, é o autor desta bela fotografia e mais um personagem da cidade que contribuiu para que ficasse registrado um pouco da história da Ilha de Santa Catarina. Aos 87 anos, abriu sua casa para uma conversa e para mostrar um pouco do seu grande acervo pessoal.
Continua depois da publicidade
>> Conheça a página especial do Cortina do Tempo e veja o antes e depois de diferentes pontos turísticos de Florianópolis e São José
>> Leia todas as matérias do projeto Cortina do Tempo
Nasceu e cresceu em Florianópolis. A Rua Hipólito do Vale Pereira, na Lagoa da Conceição leva o nome do seu pai, que era juiz. Saiu de Florianópolis aos 21 anos e passou boa parte da vida trocando de cidade por causa do trabalho, no Banco do Brasil. “Minha esposa dizia ‘tivemos uma flor em cada jardim’. Foram sete filhos, um em cada cidade diferente”.
Continua depois da publicidade
“Uma coisa que acertei nessa vida. Foi conhecer o Brasil inteiro e o mundo, o máximo possível. Só não fui a Cuiabá, Rio Branco, Roraima e Rondônia e a alguns continentes”.
Passe o mouse nas imagens abaixo e veja a sobreposição do novo e do velho
No escritório em que passa a maior parte de seu tempo, mostrou-me uma coleção de 73 álbuns de fotografias contendo registros de diversas viagens que fez, todos nomeados e datados. Ele contabiliza aproximadamente 300 fotos em cada um deles. A organização dos arquivos é surpreendente e ele ri: “É, pra levar a vida que eu levei, carregando sete filhos para todos os lados, acho que fui bem organizado. Hoje já não sou tanto”.
Gostava das fotografias urbanas
Começou a fotografar com a Kodak 127 que o pai tinha, ainda adolescente. Foi aprimorando seu arsenal técnico à medida que o equipamento ia se modernizando. Mas ainda guarda as máquinas antigas e inclusive o laboratório onde revelou grande parte do seu acervo, está lá num anexo nos fundos da casa. “Eu que ampliava e montava minhas fotos. Passava tempo no meu laboratório”, conta ele ao lado de um antigo ampliador e em meio a diversos livros de fotografia. Fez um álbum só com fotos que fez da Ponte Hercílio Luz e deu para um neto que é formado em história. “Achei que ia estar em boas mãos”.
Continua depois da publicidade
Não se sente um saudosista, diz não sentir falta da Florianópolis de antes. Diz sentir a mesma felicidade de sempre morando onde mora. Mas lamenta a perda da vista privilegiada que tinha do quintal de casa, de onde foi feita a foto que ilustra a nossa matéria. Conta também que a lembrança do “Calçadão” (da Felipe Schmidt) vazio é bastante presente. “Lembro bem de passear pelo Centro com meu pai, pelo mercado, pelos trapiches da alfândega. O Miramar, na época que recebia as lanchas do continente, era ponto de encontro da elite da cidade”. E completa, “Pois é, eu vivi tudo isso aí”.
A fotografia foi uma paixão, mas não maior do que sua bela Nelli, falecida há um ano e de quem sente muita falta. Pela casa se vê algumas fotografias antigas do casal. A saudade é grande e Seu Dylton não contém a emoção ao falar dela. “Foi um casamento pleno. Aos 82 anos ela continuava linda e com a mesma índole”. As últimas fotografias tiradas por ele, foram da esposa, numa viagem de navio que fizeram juntos há quatro anos. Desde então, não se aventurou mais em clicar.
Participe do Cortina do Tempo
:: Envie uma foto antiga de cidades da Grande Florianópolis para o e-mail leitor@horasc.com.br
:: Você precisa colocar o assunto “Cortina do Tempo” no título do e-mail
:: Conte um pouco da sua história com esse lugar se você tiver alguma lembrança
:: É muito importante você mandar seu nome completo e telefone para contato
:: Também é preciso informar a cidade onde a foto foi tirada, nome do bairro, ponto de referência e o ano em que a foto foi feita.
Continua depois da publicidade