A partir deste domingo, mais uma Copa do Mundo começa na Alemanha, mais precisamente no bairro de Kreuzberg, em Berlim. É o primeiro Mundial de Streetfootball, o nosso futebol de rua, que recebe o nome de Copa Andrés Escobar em homenagem ao zagueiro colombiano assassinado em seu país por causa de seu gol contra na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos.

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A competição conta com 24 times de todos os lugares do planeta, entre eles uma equipe brasileira, composta pelos projetos sociais do Eprocad, de Santana do Parnaíba, em São Paulo, e do Jovem Cidadão, do Maranhão.

A idéia de organizar o primeiro campeonato mundial de futebol de rua só com a participação de projetos sociais bem-sucedidos nasceu em Medellín, na Colômbia, cidade de Escobar.

O professor alemão Jurgen Griesbeck, fundador do projeto Streetfootballworld, era um docente convidado da Universidade de Antioquia quando o zagueiro colombiano foi assassinado, em 2 de julho de 1994.

Após a tragédia, Griesbeck iniciou o projeto “Fútbol por la Paz” para tirar os jovens da cidade colombiana do caminho do tráfico, da violência e da pobreza. Hoje, 12 anos mais tarde, Griesbeck pode comemorar a execução de seu trabalho na Marriannenplatz, pequeno estádio de Kreuzberg que será palco dos jogos do Mundial. A nota negativa ficou por conta da negação de visto para as equipes de Gana e da Nigéria.

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– Lamentamos profundamente esta decisão. Uma grande chance de mostrar que o futebol pode melhorar a vida nestes países foi desperdiçada neste caso – afirmou Griesbeck.

Apesar disso, a animação para o evento foi mantida. Com capacidade para 2.200 pessoas, a pequena quadra em Mariannenplatz, chamada de Bolzplatzstadion, foi construída quase totalmente com material reciclado.

– Queríamos comprar o mínimo possível de coisas de fora daqui – revelou a assessora do evento, a alemã Claudia Haas.

Um dos arquitetos responsáveis pelo projeto, Michael Gloos, utilizou camas, duchas e bancos rústicos para a concentração dos times, que ficarão todos em Berlim.

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– Mais multicultural do que este projeto não há – afirmou.

Entre as seleções classificadas para o Mundial estão representantes da América do Sul, com a associação Defensores del Chaco, da Argentina, a KickAids, da África do Sul, a Espérance: Football pour la Paix, de Ruanda, e a FX United, que desenvolve um trabalho com menores de várias nacionalidades em Berlim para lutar contra o preconceito e a xenofobia. A fundação Peres Center for Peace também está representada no torneio com uma equipe formada por jovens israelenses e palestinos.

Com cerca de 190 jogadores, o Mundial é organizado em conjunto pela Stiftung JugendFussball, fundada pelo técnico da seleção alemã Jurgen Klinsmann, que começou a jogar futebol na rua, e pela Football for Hope, da Fifa, além de empresas de mídia inglesas e de Berlim e de entidades do governo alemão. As equipes já estão em Berlim e o pontapé inicial vai reunir os times da capital alemã, o FX United, e da Turquia, o Sokak Ligi.

Além dos jogos, que serão disputados por equipes de cinco jogadores numa quadra de 15×25 metros, sem juiz, o público vai poder assistir a vários espetáculos culturais dos países participantes e shows de artistas de rua de todo o mundo, reunidos para o evento. A entrada custa 1 euro e a competição termina no sábado, dia 8, um dia antes da final do Mundial.