Faltam poucos dias para o fim da carreira do maior jogador da história do futsal. E um dos últimos jogos do ala Falcão pode ser o deste sábado, às 20h15, contra o JEC/Krona, pelas quartas de final da Liga Nacional de Futsal. Antes do confronto, o camisa 12 aceitou conversar com a reportagem de “A Notícia” para falar da partida e da rivalidade vivida no passado contra o Joinville.

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Falcão ficou marcado pelas inúmeras vitórias que conseguiu pelo Jaraguá quando enfrentou o Joinville. No entanto, no mesmo período, foi também o principal alvo da torcida joinvilense — que o xingou em todos os jogos e até o agrediu em uma partida do Campeonato Catarinense de 2007.

Questionado sobre este retorno a Joinville, com chances de encerrar a carreira na Liga em caso de desclassificação (se o Tricolor avançar, Falcão terá apenas a Liga Paulista em sua agenda de compromissos pelo time paulista), o jogador admitiu ter passado do ponto em algumas ocasiões. Segundo ele, a rivalidade esteve fora do controle em alguns momentos.

— Ambos passaram um pouco do limite em alguns momentos, mas isso fica para trás. Não tenho mágoa nenhuma, tudo faz parte da história, sejam as coisas boas ou ruins — afirmou.

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O ala não soube dizer como será a recepção dos tricolores neste sábado. Preferiu focar o jogo, que, de acordo com ele, é o traz maior preocupação.

— De verdade, nem passa pela minha cabeça (a recepção). Tem 40 ou 50 minutos de um grande jogo. A possível hostilidade não é feio para mim, é feio para eles. Como eu falei, sou bem tratado e aplaudido no mundo inteiro e a parte feia não é minha, caso isso aconteça. Minha preocupação é só com o jogo. Minha preocupação é quando o juiz apitar o início do jogo e o fim da partida. Sinceramente, não vou para um jogo desse tamanho preocupado com a parte hostil da torcida. Já passei dessa fase. Tem um grande jogo em 40 ou 50 minutos e isso sim me preocupa — concluiu.

Veja a entrevista completa do jogador em texto ou áudio

Você afirmou recentemente que irá se despedir do futsal neste ano. Mantém a ideia ou ainda está avaliando uma possível continuidade?
Falcão –
Verdade, eu assumi que pararia de jogar esse ano. Eu praticamente já parei. Tenho ido só para os jogos, já não venho treinando. A minha vida está muito maluca, tanto no lado comercial quanto no pessoal. Estou indo para os jogos para dar uma força para o time. Para você ter uma ideia, no último mês eu não fiz nenhum treino com a equipe, fui só para os jogos e ainda estou conseguindo ajudar um pouquinho. Tem sido difícil, pois é uma decisão difícil, ma já tenho planejamento pós-carreira. Tenho que tomar cuidado com lesões, por não estar treinando, mas tenho tentado manter pelo menos a parte muscular. Obviamente, venho jogando menos tempo do que eu sempre joguei até pela falta de treinamento, mas é uma decisão tomada, sim.

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Já avaliou que este jogo de sábado pode ser o último pela Liga Futsal?
Falcão –
Sim, passa pela cabeça que pode ser o último jogo, sim. Assim como o jogo em Joaçaba também poderia ser, isso faz parte. Mas a história está escrita. Eu sou o único jogador que atuou em todas as Ligas. Espero prolongar mais alguns jogos e, quem sabe, chegar à final. Quem sabe poder encerrar com um título. Se for possível, ótimo. Se não for, a história está escrita da mesma forma. 

O que espera deste confronto com o Joinville?
Falcão –
Confronto com o Joinville é sempre muito bom, né? São bons jogos, é um time que joga para frente também. Sempre que as duas equipes se enfrentam são bons jogos e eu tenho certeza que no sábado vai ser mais um grande jogo. Acho que os detalhes vão definir quem vai passar. Mas é um confronto que poderia ser uma semifinal ou até uma final. Infelizmente, uma das duas equipes vai ficar pelo caminho, mas tenho certeza que vai ser um grande jogo. 

Enfrentar o Joinville tem algum gosto especial por toda a rivalidade que houve no passado na época que você defendeu o Jaraguá?
Falcão – Na verdade, enfrentar o Joinville quando eu atuava pelo Jaraguá foi diferente. Acredito que o Joinville é o que é hoje devido à rivalidade que tinha com o Jaraguá. Assim como é a rivalidade do Pato contra o Marreco, assim como é o Corinthians contra o Magnus. Acho que a rivalidade, quando é sadia, é sempre muito positivo. Claro que em alguns momentos escapou disso. Nem sempre eu estive certo, mas nem sempre eu era o errado. Não estou aqui para ter razão. Mas a gente vai evoluindo, as coisas vão passando, houve ação e reação, mas acho que isso não vem ao caso nesse momento. Acho que é um grande confronto independentemente do que houve no passado. 

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Ficou alguma mágoa da torcida ou do clube pelos episódios do passado – xingamentos  agressões?
Falcão –
Mágoa não existe. Rodo o mundo inteiro e sou ovacionado, aplaudido. Mas às vezes as pessoas acham que é bacana te xingar, te maltratar e até te agredir. Não sei qual que é a vantagem disso. Mas, tudo bem, faz parte, aconteceu. Para mim, tudo é passado, não tem problema nenhum. Repito: ambos passaram um pouco do limite em alguns momentos, mas isso fica para trás. Não tenho mágoa nenhuma, tudo faz parte da história, sejam as coisas boas ou ruins. O importante é eu estar aqui com 41 anos, saudável, jogando, ganhando títulos e parando no momento que eu quis parar. 

Como espera a recepção da torcida no sábado? Imagina que pode ser hostil como aconteceu na maioria das vezes?
Falcão –
De verdade, nem passa pela minha cabeça (a recepção). Tem 40 ou 50 minutos de um grande jogo. A possível hostilidade não é feio para mim, é feio para eles. Como eu falei, sou bem tratado e aplaudido no mundo inteiro e a parte feia não é minha, caso isso aconteça. Minha preocupação é só com o jogo. Minha preocupação é quando o juiz apitar o início do jogo e o fim da partida. Sinceramente, não vou para um jogo desse tamanho preocupado com a parte hostil da torcida. Já passei dessa fase. Tem um grande jogo em 40 ou 50 minutos e isso sim me preocupada. 

Em algum momento na carreira você esteve próximo de acertar com o Joinville? Teve vontade de atuar aqui? Se esteve perto de atuar, o que faltou para o acerto?
Falcão – Num certo momento, tivemos sim uma conversa profissional com o Valdicir (Kortmann, diretor de futsal do JEC). Uma conversa muito clara, muito bacana. Depois desta conversa, não houve nenhuma evolução de nenhuma das partes. Não dá para falar que fiquei perto de acertar. Teve uma conversa sem compromisso, agradável, mas não teve uma evolução para dizer que eu quase joguei aí. 

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Você já declarou algumas vezes que o Vander Iacovino é um dos seus ídolos. Como é enfrentar um técnico que foi sua referência?
Falcão –
O Vander (Iacovino) fez parte do meu início. Comecei a ir para a Seleção na transição, na saída dele, até peguei a camisa dele. Quando fiz o projeto em Sorocaba, ele foi o treinador escolhido, fomos campeões juntos. Tenho máximo respeito pelo Vander como pessoa e como profissional. 

Você tem atuado pouco na Liga, ainda não marcou gols. Como o Falcão ainda pode contribuir neste jogo e na sequência da Liga para fechar o ano com o título?
Falcão – É um ano atípico, venho atuando bem pouco. Não venho treinando, mas venho ajudando bastante como goleiro-linha, dando assistências. No jogo contra o Joinville mesmo, numa bola quase perdida, consegui arrumar a bola para o passe do primeiro gol. Dentro do que eu posso ajudar pela minha experiência, qualidade, eu venho ajudando dentro do que é possível. O ideal para mim seria encerrar com mais um título, embora o Mundial já tenha sido o fechamento perfeito. Mas, já que eu me propus jogar até o fim do ano a gente tem duas competições (a Liga Paulista e a Liga Nacional), seria perfeito encerrar com um destes dois títulos ou, quem sabe, até os dois. Vamos deixar rolar, o Mundial já foi o ápice para o encerramento perfeito. O que vier agora é lucro. 

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