O Avaí identificou e suspendeu temporariamente a torcedora que foi flagrada cometendo injúria racial e xenofobia contra apoiadores do Remo durante partida no sábado (15), pela penúltima rodada da Série B. Por meio de nota, a defesa da torcedora afirmou que “diversos conflitos paralelos” que ocorreram dentro do estádio “geraram um ambiente de tensão que alterou o estado emocional de muitos torcedores, incluindo ela”.

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Além disso, a ação do clube faz parte do procedimento interno definido pela diretoria, respeitando o direito à ampla defesa e ao contraditório. Após o prazo estabelecido, existe a possibilidade de exclusão do quadro de associados.

A mulher já foi identificada, mas, em resposta ao ge, o Avaí informou que, por questões da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), não pode divulgar nomes. O clube afirmou estar colaborando com as autoridades e repassando todas as informações solicitadas.

Outro torcedor do Leão que aparece no vídeo proferindo ofensas aos remistas ainda não foi identificado pelo clube. Quando a identificação for concluída, a mesma punição será aplicada

O Ministério Público de Santa Catarina, por meio da 40ª Promotoria de Justiça da Capital, vai instaurar procedimento para apurar possível crime de racismo decorrente de xenofobia. A Prefeitura de Florianópolis também publicou nota de repúdio, classificando o ato como inaceitável e contrário aos valores da cidade.

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A Federação Paraense de Futebol se manifestou nas redes sociais, repudiou o episódio e informou ter acionado a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Federação Catarinense de Futebol (FCF). A FCF também lamentou o episódio, classificou os atos de racismo e xenofobia como crime e incompatíveis com o ambiente esportivo, reafirmou seu compromisso com ações de combate ao preconceito.

Segundo a legislação, a pena para o crime de injúria racial (que inclui a xenofobia) varia de 2 a 5 anos de reclusão, além de multa. Em 2023, o crime passou a ser equiparado ao racismo, tornando-se imprescritível e inafiançável. Quando praticado em eventos esportivos, religiosos ou culturais, pode resultar também na proibição de frequentar esses locais por três anos.

Torcedora se manifesta

Por meio de nota, a defesa afirma que o registro divulgado “não retrata quem é, nem seu comportamento habitual”. Além disso, afirma que “diversos conflitos paralelos ocorreram no interior do estádio, gerando um ambiente de tensão que alterou o estado emocional de muitos torcedores”.

— É importante esclarecer que (a torcedora) foi alvo de agressões verbais e ataques pessoais momentos antes. Parte desses acontecimentos não aparece nas gravações, que mostram apenas um recorte isolado e incompleto da situação — esclareceu a defesa por meio de nota.

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Além disso, a advogada afirma que o episódio gravado é uma “Agressão mútua e pontual envolvendo pessoas específicas, e não representa qualquer manifestação dirigita à torcida do Remo ou aos paraenses de maneira geral”.

Entenda o caso

As imagens feitas no estádio da Ressacada mostram a mulher direcionando ataques aos torcedores de Belém. No vídeo, ela diz:

— O que tem no Pará? Seu feio. Ei? Vieram montados de jegue de lá pra cá? Gastaram o salário do mês? Gastou o salário para vir… agora vai embora a pé. O prefeito não quer, aqui em Floripa, tu. Olha tua cor. Olha, pobre aqui não fica. Querem comer? Tá com fome? Ali tem comidinha de graça — grita.

A repercussão levou o Avaí a divulgar uma nota em que condena a postura da torcedora e reforça o posicionamento diante de episódios de discriminação.

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Confira a nota divulgada pela defesa da torcedora na íntegra

A defesa da torcedora do Avaí Futebol Clube vem a público esclarecer os fatos relacionados ao vídeo que circula nas redes sociais. O registro divulgado não retrata quem ela é, nem seu comportamento habitual. Durante a partida realizada em 15/11/2025, no Estádio da Ressacada, diversos conflitos paralelos ocorreram no interior do estádio, gerando um ambiente de tensão que alterou o estado emocional de muito torcedores, incluindo ela. Especificamente quanto ao episódio divulgado, é importante esclarecer que a torcedora foi alvo de agressões verbais e ataques pessoais momentos antes. Parte desses acontecimentos não aparece nas gravações, que mostram apenas um recorte isolado e incompleto da situação. O que se vê no vídeo decorre de uma agressão mútua e pontual, envolvendo pessoas específicas, e não representa qualquer manifestação dirigida à torcida do Remo ou aos paraenses de maneira geral. A torcedora reforça que não possui qualquer tipo de preconceito, mantendo profundo respeito por paraenses e catarinenses, bem como pelas torcidas do Avaí e do Clube do Remo. Lamenta profundamente o ocorrido e esclarece que jamais teve a intenção de ofender qualquer pessoa ou torcida. Desde já, a torcedora manifesta publicamente seu pedido de desculpas a todos que se sentiram atingidos, reafirmando que o episódio não reflete seus valores pessoais. Por fim, coloca-se à disposição das autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos necessários.”

Nota oficial do Avaí

O Avaí Futebol Clube reitera seu posicionamento de repúdio inequívoco e total à conduta racista e xenófoba manifestada por uma torcedora durante a partida entre Avaí x Remo. O racismo é um crime grave que não pode ser tolerado dentro ou fora dos estádios. Por isso, queremos esclarecer à nossa torcida e à sociedade as ações que estão sendo tomadas e que reforçam nossa postura:

  • Identificação e Acompanhamento: Tão logo tivemos ciência do ocorrido, iniciamos o processo de identificação da pessoa responsável. Estamos em total colaboração com as autoridades competentes para que as investigações sejam concluídas e as sanções legais, aplicadas.
  • Medidas Internas: Após a identificação, a torcedora terá seu acesso aos eventos do clube, como jogos e atividades, imediatamente suspenso por tempo indeterminado.
  • Compromisso Social: O Avaí não se exime de sua responsabilidade social. Reafirmamos nosso compromisso de promover ações e campanhas educativas para combater o racismo e todas as formas de discriminação. É nosso dever usar o alcance do futebol para construir uma sociedade mais justa e igualitária.

O Avaí Futebol Clube é um espaço de paixão e união. Atos racistas de indivíduos não representam a grandeza e os valores da nossa torcida. Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista“.

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Nota oficial do Clube do Remo

O Clube do Remo vem a público repudiar o episódio de xenofobia e injúria racial sofrido por torcedores azulinos na partida de sábado (15), diante do Avaí, no estádio da Ressacada, em Florianópolis, pelo Campeonato Brasileiro da Série B. Esse ato repugnante é uma clara manifestação de racismo e intolerância, e não pode ficar impune. O Clube do Remo não tolera qualquer forma de discriminação ou preconceito e exige a punição dos envolvidos. O racismo e a xenofobia são crimes e precisam de uma resposta à altura da gravidade dos fatos ocorridos. É preciso, ainda, reiterar o compromisso do Clube na luta contra qualquer tipo de discriminação, sendo tais condutas incompatíveis com os valores e história do clube que se orgulha de representar a região norte e, principalmente, o estado do Pará. A intolerância e o preconceito precisam ser combatidos, seja no esporte ou em qualquer lugar na sociedade“.

Pronunciamento da Prefeitura de Florianópolis

A Prefeitura de Florianópolis repudia veementemente o episódio de racismo e xenofobia ocorrido no último sábado, 15, durante partida futebolística realizada na Capital. Violências como essas, além de criminosas, são inaceitáveis e não representam os valores da nossa cidade nem o espírito do esporte, que deve ser sempre um espaço de respeito, convivência e inclusão.

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*Matheus Welter é estagiário sob a supervisão de Marcos Jordão