A empresa francesa Eagle Football Holdings entrou, na semana passada, com uma ação contra o norte-americano John Textor, que era um dos sócios da empresa dona da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Botafogo. Os acionistas pediram a suspensão de atos feitos pelo empresário no comando do time brasileiro.

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Veja fotos de John Textor, CEO da SAF do Botafogo

Segundo informações do ge, perante a ação recebida, o Botafogo entrou no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e conseguiu congelar as ações da Eagle na SAF alvinegra. Como resposta, a empresa exigiu a proibição de quaisquer registros de contratos, com pessoas físicas ou jurídicas, em nome do Glorioso sem a anuência da Eagle.

Relação de John Textor com a Eagle e o Botafogo

A Eagle foi criada por John Textor e inclui Botafogo, Lyon e RWDM Brussels (antigo Molenbeek). No entanto, a relação do americano com os demais acionistas ruiu depois do rebaixamento administrativo do Lyon, medida que foi revertida no dia 30 de junho, após a saída do empresário do comando do clube francês.

A saída de Textor da presidência do Lyon se deu após o rebaixamento do time por problemas financeiros, e a dificuldade de permanência na primeira divisão. O combinado entre as partes era de cortar qualquer relação com o americano. A Ares defendeu essa ideia.

Ares é um fundo de investimentos que ajudou a financiar a compra do Lyon. Na ocasião, o executivo norte-americano fez empréstimos para adquirir o clube. Em troca, ele deu 40% das ações da Eagle Football. Além disso, as ações de Botafogo e RWDM Brussels foram as garantias. Até o momento, Textor não pagou a dívida.

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O dono da SAF do Botafogo continua sendo proprietário da empresa que criou, mas não possui quase nenhuma ação prática na rotina de comando da companhia. Isso reflete no clube carioca, que se tornou alvo de ações judiciais e um processo de revenda no meio da temporada.

Entenda o caso

De acordo com o ge, a Eagle Football entrou, na semana passada, com uma ação contra John Textor, pedindo a suspensão de atos feitos pelo empresário no comando do Fogão.

Perante a 2ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a empresa argumenta que o americano cometeu “diversas medidas ilícitas”. A Eagle afirma que, desde o dia 2 de junho deste ano, nenhuma ação societária pode ser tomada sem a anuência do diretor da empresa, o advogado escocês Christopher Mallon.

Porém, segundo a ação, Textor fez movimentações sem o aval do diretor. A “cessão de supostos créditos” do Alvinegro foi uma delas, a qual seria para uma companhia nas Ilhas Cayman, no valor de até 150 milhões de euros (R$ 955 milhões).

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Essa cessão de créditos foi decidida no dia 17 de julho, em uma Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas do Botafogo (AGE) e da Reunião do Conselho de Administração do Botafogo (RCA). Por isso, a Eagle pede a suspensão de todos os efeitos da AGE e da RCA.

Em sua ação na Justiça do Rio de Janeiro, a Eagle afirma que é proprietária de 90% das ações da SAF do Botafogo, enquanto o clube associativo continua com 10%. A justificativa é que, em 2022, Textor pegou empréstimo de 425 milhões de dólares (R$ 2,3 bilhões, na época) para comprar o Lyon e deu como garantia todas as suas ações na SAF.

O americano continuou na presidência do Conselho de Administração da empresa que comanda o futebol alvinegro, mesmo sem ações no seu nome. No entanto, em razão de “equívocos na administração” do americano, em 23 de abril de 2025, os outros acionistas da Eagle decidiram que a companhia passaria a ser comandada por Christopher Mallon.

— Toda decisão de negócios da Eagle Bidco passou a ser tomada pela maioria de seus Diretores e a exigir a aprovação de seu Diretor Independente, o que implica a integral concessão do poder de gestão da Eagle Bidco para o Sr. Christopher Mallon, com anuência e ciência do Sr. Textor — diz o processo.

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Mallon entrou em contato com Textor, ainda no dia 17, e avisou que havia a necessidade de remover o empresário da administração do Botafogo. Porém, o americano presidiu, às 11h do mesmo dia, a Reunião do Conselho de Administração do Botafogo, com o objetivo de transferir os ativos do Alvinegro para uma nova empresa nas Ilhas Cayman.

— O Sr. Textor, no entanto, diante da iminente saída da administração do Botafogo, ignorou as mudanças na administração da Eagle Bidco, que não lhe permitiam representá-la sem uma decisão do Sr. Mallon, e passou a adotar diversas medidas ilícitas com o intuito de tomar para si ativos relevantes e o controle acionário do Botafogo — afirmou a Eagle.

Textor respondeu a Mallon, às 21h, dizendo que prepararia uma oferta para comprar o capital do Glorioso. No entanto, a Eagle respondeu que a medida “criaria um conflito de interesses caso ele fosse mantido como Presidente do Conselho de Administração”.

O americano teria que se desvincular do Botafogo até que a revenda fosse concretizada. Internamente, dirigentes alvinegros entenderam que a intenção era tirar Textor do poder e, neste intervalo, mudar o conselho para colocar um novo representante.

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Às 23h, houve uma Assembleia Geral Extraordinária do Botafogo em que a possibilidade de aumentar o capital da SAF em R$ 650 milhões foi aprovada. A ação aconteceria através da emissão de novas ações da SAF, permitindo a diluição da participação da Eagle.

Segundo o processo, Textor aprovou na AGE e na RCA do dia 17 de julho, a venda para a nova empresa nas Ilhas Cayman de uma dívida do Botafogo sobre a Eagle Bidco. Além disso, a companhia do empresário, sediada no paraíso fiscal do Caribe, faria um empréstimo de 100 milhões de euros (R$ 637 milhões) ao Alvinegro.

Como garantia, receberiam quase todas as receitas da SAF, entre elas direitos de TV. Então, o clube associativo enviou uma carta, também dia 17, à Eagle em defesa de Textor. O texto é citado na ação da empresa na Justiça.

— Apesar de confirmar a ciência de que o Sr. Textor não mais representava a Eagle Bidco, pois endereçou a missiva aos cuidados do Sr. Mallon, o Clube Associativo apontou que não ‘reconheceria’ ou ‘toleraria’ quaisquer mudanças à administração do Botafogo, independentemente de questões envolvendo o Sr. Textor e a Eagle Bidco, pois tais alterações não estariam de acordo com ‘os melhores interesses da SAF’— diz o texto.

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A carta enviada pelos dirigentes da SAF e publicada pelo ge também recebeu citação no processo:

— A razão para essa ‘lealdade’ é óbvia: caso o Sr. Textor seja removido da administração do Botafogo por seus atos praticados, o que está dentro dos poderes da Eagle Bidco sob o Acordo de Acionistas, eventuais ocupantes de posições de liderança no Botafogo que tenham sido coniventes com atos de irregularidades do Sr. Textor também serão impactados — complementa.

Resposta do Botafogo

Após as notícias divulgadas, nesta segunda-feira (4), envolvendo o Lyon e a Eagle Football, empresa de Textor, o Botafogo se pronunciou oficialmente. O clube carioca reafirmou, em nota, a vontade de manter o diálogo entre as partes.

Porém, os brasileiros também buscaram vias jurídicas porque o “atual desequilíbrio financeiro entre as entidades aponta para a necessidade de reembolso à SAF Botafogo”. Além disso, o Alvinegro explica que cobrou o Lyon por “medidas adotadas por órgãos reguladores na França” que comprometeram a integração entre os clubes.

O Alvinegro também destaca que não há “qualquer plano que vise à diluição da participação acionária do nosso sócio majoritário”. Na ação, a Eagle afirma que Textor está tentando reduzir a influência da empresa em benefício próprio.

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Em documento, o clube afirma que emprestou mais de R$ 560 milhões ao Lyon por meio de direitos econômicos de jogadores. O empréstimo se deu porque o time francês passava por um momento financeiro complicado e precisava de garantias para permanecer na primeira divisão.

O Botafogo diz que a Eagle é controlada por John Textor, apesar da empresa tentar se desvincular do americano.

Mesmo com o Botafogo afirmando que a Eagle é controlada por John Textor, a empresa vem trabalhando para se desvincular do empresário. O norte-americano não está mais envolvido com o grupo do Lyon e tem a intenção de separar o Glorioso da parte francesa.

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*Eliza Bez Batti e Matheus Welter são estagiários sob a supervisão de Marcos Jordão