Numa demonstração de que o caminho para o resgate da Grécia não será tranquilo, o Eurogrupo decidiu na manhã desta sexta-feira o desembolso urgente de 7 bilhões de euros para que a Grécia honre suas obrigações financeiras imediatas. O fundo ficaria a cargo do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (Meef) e seria garantido pelos lucros dos bônus gregos nas mãos do Banco Central Europeu (BCE). O problema é que o uso esses recursos, que pertencem à União Europeia, está longe de ser consensual.

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O Meef foi criado em 2010 para impedir a quebra de Portugal e da Irlanda. Para utilizá-lo, porém, é necessário aval de 15 países da União Europeia representando 65% da população do bloco. Em tese, essa condição poderia ser preenchida mesmo que a Grã-Bretanha e outros membros da União Europeia que se opõem ao uso do fundo, como a República Tcheca, não aceitem a medida.

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A Grã-Bretanha (que está entre os 28 sócios do clube europeu, mas não entre os 19 países da moeda única) já afirmou que se opõe ao uso de recursos do Meef na operação grega.

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– Não é (papel) para a Grã-Bretanha socorrer países da zona do euro, e não poderíamos fazer isso. Lidar com os problemas da zona do euro, sobre os quais sempre alertamos, é uma questão para os países da zona do euro – disse o premier britânico David Cameron na quarta-feira.

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Cameron afirmou que, em 2010, houve um “acordo claro e unânime” de que o Meef não seria usado para outros resgates da zona do euro além dos efetuados para Portugal e Irlanda.

Em 2012, para viabilizar a utilização do Meef no resgate da Grécia, a chanceler alemã, Angela Merkel, exigiu a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) no processo. Foi uma medida excepcional, uma vez que o FMI socorre apenas países solventes, condição que a Grécia não preenchia. Foi constituída a então chamada Troika (Comissão Europeia, BCE e FMI). Desta vez, porém, a participação do FMI está definitivamente prejudicada: em 30 de junho, venceu uma parcela de 1,6 bilhão de euros da dívida grega com o organismo internacional. Oficialmente, o país está em default com o FMI e assim continuará até que ocorra o desembolso da parcela em atraso.

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As obrigações da Grécia acumulam-se. Na segunda-feira, o país deve pagar ao BCE 4,2 bilhões de euros.

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