A Rua Victor Meirelles, no Centro de Florianópolis, possui lanchonetes, bar, restaurantes, o Ministério do Trabalho, um sebo, e, antigamente, um colégio que abrigava mais de 250 alunos. Há oito anos, a Escola de Educação Básica Antonieta de Barros teve as portas fechadas e nunca mais foi aberta. Hoje, as paredes externas estão cobertas por pichações e cartazes. A porta de entrada que recebia os alunos, além de suja ao extremo, possui uma goteira que cai da rede elétrica. E o espaço vira, muitas vezes, a cama de moradores de rua durante a madrugada. Parte da estrutura que antes garantia a educação de adolescentes continua sendo usada como estacionamento.
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Na manhã de desta sexta-feira, os cachorros Macaca e Rin-Tin-Tin tiravam um cochilo entre os papelões jogados na frente da escola.
Eles não se importavam com tamanha sujeira. Os cachorrinhos foram nomeados pela moradora de rua “Beyoncé da Victor Meirelles”, como disse que é chamada por algumas pessoas da região. Ela confirmou que muitos, entre cachorros e seres humanos, dormem na frente do colégio durante a noite. Já ela preferia outro ponto da mesma rua para deitar.
— Em algum canto as pessoas precisam dormir — observou.
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A escola não chegou a ser invadida por moradores de rua, já que portas e janelas (com exceção de vidros quebrados) estão totalmente fechados.
A trabalhadora de um comércio que fica logo em frente, Romilda Possera, 49, avalia que o abandono do prédio estimula também a vinda de usuários de drogas. Como ela observou — já que é bem visível para qualquer pessoa que passa por ali — aquelas paredes também são usadas para as necessidades pessoais de muitos.
A Secretaria de Educação informou que os vigilantes costumam evitar que pessoas usem a marquise da escola para dormir ou fazer qualquer outra coisa. Mas o serviço de vigilância não é 24 horas.
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Estacionamento polêmico
Subindo pela rua lateral, fica o polêmico estacionamento. O vigilante não deixou a equipe da Hora entrar e dar uma olhada na parte interna da escola. No ano passado, o jornal flagrou que uma área, ao lado do Museu da Escola Catarinense, da Udesc, estava sendo usada como estacionamento para motocicletas.
A Secretaria de Estado de Educação confirmou que o local é usado pela administração do órgão, e que, eventualmente, motocicletas dos servidores são estacionadas ali. O estacionamento da antiga escola também é usado pela Secretaria de Educação e servidores.
Em busca de parceria
A escola Antonieta de Barros não deve abrir para educação básica. A Secretaria de Estado de Educação informou em nota enviada pela assessoria de imprensa que o projeto para transformar o espaço em centro de formação ainda está mantido. ¿Para isso, a Secretaria busca parceiros para financiar a recuperação do espaço e definir seu melhor modelo de utilização de uso compartilhado¿, informou a nota. O Estado já conversou com entidades como Sesc e Udesc para uma gestão compartilhada do espaço, mas por enquanto, não firmou uma parceria que ajudasse a financiar a ideia.
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O Sindicato dos Trabalhadores em Educação na Rede Pública de Ensino do Estado (Sinte) acompanhou o fechamento da Antonieta de Barros e outras escolas de Floripa. Segundo a coordenadora regional do Sinte, Rosane de Souza, a unidade virou ¿um almoxarifado da Secretaria de Estado de Educação¿.
— Há anos que a escola está abandonada e não temos resposta sobre o que acontecerá no local. Fomos vencidos pelo cansaço. Estamos brigando para que outras unidades não tenham o mesmo destino — explica a coordenadora.
Um vídeo enviado por um leitor mostra o abandono da parte interna da estrutura e o estacionamento de motos:
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Situação da escola Antonieta de Barros, em Florianópolis