Aquela figura do chefe que deixa o ambiente quieto quando está presente ou resolve os problemas no grito está mudando. Se antes o funcionário entrava em crise toda vez que precisava comentar algo com o patrão, hoje eles até debatem. Entra em cena o gestor, que propõe desafios e trabalha em conjunto com as equipes.
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A Voe Ideias, de Florianópolis, tem piscina e, no verão, estimula o uso de bermuda como traje de trabalho. Mas não é isso que a torna realmente diferente. Criada por Fernando Ligório, 26 anos, e seu colega Francis Ziembowicz, 28, a empresa especializada em live marketing implantou um modelo de gestão em que cada funcionário é dono do seu processo e tem liberdade pelo resultado.
– Eu tinha vontade de implantar um modelo que tivesse a minha cara. Em três anos saímos de um pequeno espaço para ocupar uma casa de 350 metros quadrados no (bairro) Santa Mônica e estamos com 16 colaboradores, o que fala por si só sobre o nosso progresso – atesta Fernando.
Para ele, essa cultura está no DNA da empresa. A metodologia de trabalho é por metas e indicadores pessoais.
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– Posso chegar às 10h, ou sair mais cedo. Eu gerencio o meu desempenho – esclarece.
Leis dificultam sistema de gestão compartilhada
O consultor Fábio Nunes, sócio da Midas Minds Cursos e Treinamentos, explica que as métricas de gestão e acompanhamento de índices evoluíram nos últimos anos. Mas vai levar algum tempo até que um percentual considerável de corporações adote a autogestão.
– Em toda novidade sempre há um período de desconfiança – destaca Nunes.
Leis trabalhistas quase centenárias que se baseiam em tempo de expediente também dificultam essa mudança.
– Mesmo assim o profissional deve investir na liderança que, ao contrário do que se acredita, não é função de uma posição. É relacionamento saudável com os demais, iniciativa e proatividade – diz Anna Pedrini, life & executive coach e sócia de Fábio na Midas Minds.
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Dicas para estimular a liderança
Para coordenadores
>> As pessoas são diferentes e as relações, singulares. Se você não souber disso, irá se impor de maneira errada, causando crises. Não deixe chegar ao ponto em que seja preciso provar quem é que manda e não seja um chefe que não se mistura. Fora do trabalho é mais fácil quebrar as barreiras.
>> É natural do jovem querer que tudo aconteça rápido, e isso pode ser um problema. Evite pensar que dá para mudar o mundo em cinco anos e ficar milionário em três. O que não pode faltar na hora da ansiedade é o planejamento.
>> Tenha sempre calma e assuma o controle das situações com sabedoria.
>> Quem não ouve é chefe, quem ouve é líder. Essa máxima reflete a importância de ouvir o que as pessoas com experiência têm a dizer. A melhor maneira de lidar com membros resistentes é ter maturidade para conversar e descobrir como trabalhar junto e trocar experiências.
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Para colaboradores
>> Ao ver uma pessoa mais jovem e com menos experiência do que você ser promovida, é natural pensar: “Por que não eu?”. Algumas empresas são mais tolerantes a essa resistência, outras menos. É melhor não arriscar. Entenda que se o jovem está lá, é porque tem méritos.
>> Um problema que ocorre quando há um jovem no comando é o não reconhecimento da liderança. Não se deve deixar o ambiente de trabalho ficar contaminado por intrigas e insubordinação. Ainda que seu chefe tenha menos experiência, os superiores acreditam em seu potencial.
>> É fundamental uma autocrítica para entender por qual motivo uma pessoa está progredindo rápido na carreira e você não está. Na maioria das vezes o motivo é a atitude, mas é possível que o profissional mais experientes não estejam na empresa mais adequada. Para outra pode ser o ideal.
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