As jogadoras que participam da Copa América Feminina 2025 vêm denunciando, desde o início da competição, as condições precárias que se encontram. Segundo as atletas, os problemas ocorrem desde a preparação até o fim das partidas.

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Veja também: As artilheiras do Brasil na Copa América Feminina 2025

Problemas enfrentados pelas jogadoras na competição

No início da Copa América Feminina 2025, no dia 11 de julho, havia uma regra da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) que apenas as goleiras poderiam aquecer em campo, alguns minutos antes dos jogos. O técnico Arthur Elias, do Brasil, comentou em coletiva que a situação prejudicava as jogadoras e facilitava uma lesão.

— Vou falar isso mais uma vez, estamos em uma competição que as seleções não aquecem futebol no campo, não podemos nem aquecer as reservas — declarou Arthur Elias.

A regra foi imposta devido a situação do gramado estádio Gonzalo Pozo Ripalda, que está desgastado. O local concentrou nove dos 10 jogos do Grupo B, da Seleção Brasileira, e é um problema enfrentado pelas jogadoras até mesmo durante os jogos.

Resultados das semifinais da Copa América Feminina 2025

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Por conta da proibição, o Brasil teve problemas nas duas primeiras partidas disputadas. Contra a Venezuela, a Seleção não conseguiu avaliar Kerolin, que teve um incômodo antes da partida, e ficou de fora do confronto.

Já na segunda rodada, contra a Bolívia, houve um princípio de confusão durante o aquecimento. As duas equipes dividiram a mesma sala que, de acordo com as atletas brasileiras, tinha em torno de 15 metros quadrados e estava com cheiro de tinta.

— Perguntar para o Alejandro (Dominguez, presidente da Conmebol) se ele conseguiria aquecer dentro de um espaço de 5/10 metros e com cheiro de tinta. Acho que a gente teve o exemplo da Copa América Masculina, com uma estrutura enorme. Por que a feminina está tendo esse tipo de coisa? Acho que a gente merece coisa melhor — disse a atleta brasileira Ary Borges ao ge.

Outro problema seria a falta de público. Com ingressos a partir de três dólares (em torno de R$ 16,76), a média de torcedores está abaixo de 300. Além disso, a premiação também não evoluiu, sendo 1,5 milhão de dólares (cerca de R$ 8,3 milhões) para a campeã, o mesmo valor pago em 2022.

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— Havia muito tempo que eu não jogava um campeonato aqui na América do Sul. Ficamos tristes com essas situações. Cobram desempenho das atletas e um nível alto de trabalho, mas também temos que cobrar um alto nível de organização — reclamou Marta, a camisa 10 do Brasil.

Mudanças implementadas pela Conmebol

Com reclamações das equipes, a Conmebol anunciou, seis dias após o início dos jogos, algumas mudanças relacionadas ao aquecimento das atletas que disputam a Copa. A partir da terceira rodada, todas as jogadoras passaram a ter 15 minutos disponíveis para aquecer no campo antes da partida.

— Após uma avaliação do campo nos estádios da competição, e levando em consideração o feedback recebido, a Conmebol decidiu implementar um ajuste em suas operações. A partir de agora, além das goleiras, as jogadoras de linha também poderão se aquecer em campo pelo mesmo período de 15 minutos — informou a Conmebol.

Dificuldades que persistem na Copa América Feminina 2025

Apesar das reclamações iniciais e algumas mudanças feitas pela organização, o Brasil e o Uruguai ainda enfrentam dificuldades na preparação para o confronto desta terça-feira (29), pela semifinal. As jogadoras do Uruguai ficaram sem treinar para conseguir melhorias com a Associação Uruguaia de Futebol e continuam buscando condições melhores.

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— Estar entre as quatro primeiras da América do Sul não é pouca coisa. Lutamos incansavelmente para chegar até aqui e, o mínimo que esperamos, é que nos garantam as condições básicas para continuar jogando — comentou a uruguaia Wendy Carbalo ao ge.

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Segundo informações do ge, Kerolin, uma das artilheiras do Brasil, ainda comentou sobre outras situações, como falta de profissionais e profissionalização. Além da falta do VAR, árbitro de vídeo, que só será utilizado na fase final.

— A Conmebol pode melhorar, é um pouco inaceitável não ter VAR e estruturas que precisamos. É bom que a Eurocopa Feminina está acontecendo no mesmo momento, porque não comparamos com o masculino, e sim com outras seleções femininas que também estão no topo do ranking da Fifa — disse Kerolin, referindo-se à quarta colocação do Brasil no mesmo ranking.

A jogadora pediu mais atenção da Conmebol ao esporte jogado pelas mulheres, já que mesmo com um crescimento positivo ainda há falta de visibilidade na América do Sul.

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— Conmebol, por favor, para uma próxima Copa América que vocês realmente invistam, façam que seja um evento muito especial para as melhores, porque também merecemos. O futebol feminino já evoluiu muito, é inaceitável jogarmos nessas condições — completou.

*Eliza Bez Batti é estagiária sob a supervisão de Marcos Jordão