Quantas vezes você foi a um estádio catarinense e viu Neymar, Ronaldinho Gaúcho ou Ronaldo? Foram poucas as oportunidades. Todos passaram por aqui de maneira esporádica. Talvez não tenha sido tão raro ver um centroavante que começa a ganhar o mundo: Leandro Damião. O jogador do Inter – e atual camisa 9 do Brasil – rodou os campos do Estado. Foi aqui que ele estreou como profissional, ainda como Leandrão.

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A diferença do nome do começo da carreira com o adotado hoje é apenas uma das razões que faz com que muitos ainda tenham dificuldade em lembrar do início da trajetória do atacante, de forma tímida, como reserva do Atlético, de Ibirama, no Estadual de 2008. O Diário Catarinense e o Jornal de Santa Catarina acompanharam sua profissionalização.

Ele era apenas um menino grandalhão (1m87cm) e tímido, revelado no XV de Outubro (ainda um time amador, em Indaial), que tinha a Seleção Brasileira como um sonho distante. Naquele momento, vingar como jogador já seria uma vitória e tanto, após ter deixado a família em São Paulo, apesar de ter nascido em Jardim Alegre (PR). Leandrão conseguiu.

Em 2008, atuou apenas em dois jogos no Catarinense. Foi emprestado ao Marcílio Dias e ao Tubarão e, mais experiente, voltou ao Atlético-Ib para ser titular e artilheiro do time do Alto Vale no Estadual de 2009, com oito gols. Foi o que rendeu a ida para o Internacional. Sem badalações, ele chegou ao Beira-Rio e se juntou aos garotos da base no alojamento do estádio, em abril do mesmo ano.

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Aos 19 anos, era só um reforço para o time júnior e seria avaliado por três meses. Mais um que sonhava em trilhar um caminho já percorrido por outros jogadores colorados que ganharam o mundo, como Alexandre Pato. Em Porto Alegre, ninguém se interessou em sua chegada. Nada de flashes, registros, entrevistas. Aos catarinenses, que já o conheciam, Leandrão falou da expectativa:

– Estou muito feliz em saber que meu trabalho no Estadual foi reconhecido. Agora terei três meses para mostrar meu trabalho no Inter. Se for bem, posso renovar o contrato – disse o jogador, cheio de esperança.

Ele não foi apenas “bem”; foi além. Foi muito bem. Maravilhosamente bem. Surpreendentemente bem. Em meio a essa progressão, Leandrão foi se transformando em Leandro Damião e, no ano seguinte, disputava a Copa Libertadores da América, com direito a gol marcado na conquista do bicampeonato colorado.

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A mudança de nome foi resultado da existência de outro Leandrão no time gaúcho. Ainda no júnior, ele virou simplesmente Leandro. Chegou a ser chamado de Leandro Silva, mas foi no profissional que adotou o primeiro dos três sobrenomes: Leandro Damião da Silva dos Santos.

Hoje, ele é um dos jogadores mais assediados do time. Pela torcida e pelo mercado do futebol. Quando chegou, pediu para tirar fotos com Nilmar em um de seus primeiros treinos como profissional do Internacional. De longe, apenas assistia à tietagem sobre as estrelas do time. Hoje, ele faz parte da constelação.

Damião (ou Leandrão) pode não sentir saudades da época em que ganhava pouco no futebol catarinense, sofria com as limitações de clubes bem menos estruturados, não tinha patrocínio próprio, viajava horas de ônibus a cada jogo fora de casa e pagava por algumas horas em um cybercafé para usar a internet.

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É compreensível. Hoje, ele tem acesso a tecnologias que lhe permitem estar todo o tempo conectado, não vai a pé para os treinos, tem condições de manter a família por perto, tem um ótimo salário, tudo é muito diferente. Mas o passado continua associado a ele, acompanhado dos ensinamentos que vieram com o tempo.

Se não tivesse se destacado no Campeonato Catarinense, talvez não teria chamado a atenção dos olheiros do Internacional, e muito menos valendo R$ 25 milhões de euros (R$ 58 milhões), valor que algum clube terá de pagar se quiser tirar o artilheiro do Brasil na temporada (37 gols em 45 jogos) do Beira-Rio.

Quando ele se tornar uma estrela do futebol mundial, o que está prestes a acontecer, o torcedor catarinense poderá dizer: eu vi Leandrão jogar. E enquanto o mundo o conhece por Damião, chamá-lo de Leandrão pode demonstrar intimidade. O que não deixa dúvidas de que a passagem dele por Santa Catarina tem muito valor. É motivo de orgulho.

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Fato é que o Leandrão, do Atlético-Ib, e o Damião, do Inter, do Brasil e do mundo, é um só. Dele, é melhor não duvidar. O atacante tem apenas 22 anos e tem um grande futuro pela frente. O show apenas começou!