A Polícia Federal indiciou o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, e outros nove suspeitos de envolvimento em um suposto esquema para manipular apostas esportivas. Segundo as investigações, o atleta forçou uma falta para cartão no jogo contra o Santos, válido pelo Brasileirão de 2023, para supostamente favorecer parentes no mercado de apostas.

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O que se sabe sobre o caso Bruno Henrique

Em novembro de 2024, a PF cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do Distrito Federal, nas cidades do Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Vespasiano (MG), Lagoa Santa (MG) e Ribeirão das Neves (MG). Os suspeitos tiveram seus celulares apreendidos.

Na época, Bruno Henrique preferiu não comentar o caso. O Flamengo disse em nota que confiava no jogador. O indiciamento significa que a polícia encontrou elementos suficientes para considerar que os citados cometeram crimes. O caso passa agora à análise do Ministério Público que, se concordar com essa avaliação, pode denunciar os investigados à Justiça.

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Quem foram os indiciados

Bruno Henrique e seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, foram indiciados no artigo 200 da Lei Geral do Esporte: fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado. Com pena de dois a seis anos de reclusão, e por estelionato, que prevê pena de um a cinco anos de prisão.

Além disso, Ludymilla Araújo Lima, esposa de Wander, e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima do jogador, fizeram apostas. Um segundo núcleo de apostadores, amigos de Wander, foi formado, composto por Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Rafaela Cristina Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Max Evangelista Amorim e Douglas Ribeiro Pina Barcelos. Todos foram indiciados por estelionato.

  • Bruno Henrique: Jogador do Flamengo;
  • Wander Nunes Pinto Júnior: Irmão de Bruno Henrique;
  • Ludymilla Araújo Lima: Esposa de Wander;
  • Poliana Ester Nunes Cardoso: Prima de Bruno Henrique;
  • Claudinei Vitor Mosquete Bassan: Amigo de Wander;
  • Rafaela Cristina Elias Bassan: Amiga de Wander;
  • Henrique Mosquete do Nascimento: Amigo de Wander;
  • Andryl Sales Nascimento dos Reis: Amigo de Wander;
  • Max Evangelista Amorim: Amigo de Wander;
  • Douglas Ribeiro Pina Barcelos: Amigo de Wander.

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Investigações da Polícia Federal

No final do ano no passado, operadoras de apostas no Brasil relataram movimentações suspeitas relacionadas ao cartão amarelo que Bruno Henrique tomou no jogo contra o Santos, pela 31ª rodada do Brasileirão de 2023, disputado em Brasília. As investigações começaram em agosto, logo após o alerta.

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Segundo informações do ge, três casas de apostas soaram alertas. Uma delas apontou que 98% de todas as apostas de cartões daquela partida foram direcionadas para Bruno Henrique. Em outra, o percentual chegou a 95%.

No campeonato o jogador havia sido advertido com cinco cartões amarelos em um total de 22 jogos. Na partida contra o Santos, o atacante entrou em campo pendurado e recebeu mais um cartão nos acréscimos do segundo tempo. A falta foi feita em Soteldo enquanto o Flamengo já perdia por 2 a 1. Bruno Henrique reclamou e foi expulso pelo árbitro.

Investigações do Superior Tribunal de Justiça Desportiva

Em caso arquivado em setembro de 2024, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) também investigou a conduta de Bruno Henrique.

O relatório do STJD é baseado em três pontos principais: ‘Lance normal’, ‘lucro ínfimo’ e ‘prática corriqueira’. A jogada que provocou o cartão amarelo para o jogador foi entendida como “um lance comum” e poderia ser “interpretado como lance normal, sem falta”.

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Além disso, o procurador destacou que chamaria atenção a frieza do jogador para aguardar os acréscimos do segundo tempo do jogo para tomar o cartão. Na visão dele, “o lucro das apostas seria ínfimo”.

Em último argumento a favor do arquivamento, o procurador do STJD considerou que a prática de “forçar” cartões é corriqueira no Campeonato Brasileiro. Levando em consideração que o jogo seguinte ao cartão, ou seja, o jogo que Bruno ficou suspenso, foi contra o Fortaleza.

Em seguida, o Flamengo entrou em campo contra o Palmeiras, um rival direto pela disputa do Campeonato Brasileiro naquele ano, e o jogador já estava livre para atuar, após cumprir a suspensão automática.

A defesa do atleta também utilizou esse mesmo argumento para negar qualquer manipulação envolvendo o jogador, eles justificaram o grande volume de apostas no cartão amarelo afirmando ser comum jogadores que estejam “pendurados”, com o número limite de cartões, cometerem faltas de propósito para cumprirem suspensão em jogos menos importantes.

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Os advogados do atacante disseram que a informação de que ele estava “pendurado” era de conhecimento público. E que é natural imaginar um aumento significativo do volume de apostas feitas nesse sentido.

O STJD ainda pode reabrir o caso se a Polícia Federal e o Ministério Público Federal provarem o envolvimento do jogador em alguma irregularidade.

Nota do Flamengo em 2024

Veja a nota divulgada pelo Flamengo em novembro de 2024, quando Bruno Henrique e parentes foram alvo de buscas:

O Clube de Regatas do Flamengo tomou conhecimento, nesta data, da existência de uma investigação, ainda em curso, versando sobre eventual prática de manipulação de resultados e apostas esportivas.

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O Clube ainda não teve acesso aos autos do inquérito, uma vez que o caso corre em segredo de justiça, mas é importante registrar que, ao mesmo tempo em que apoiará as autoridades, dará total suporte ao atleta Bruno Henrique, que desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência.

O Flamengo esclarece, por fim, que houve uma investigação no âmbito desportivo, perante o STJD, a qual já foi arquivada, mas não tem como afirmar que se trata do mesmo caso e aguardará o desenrolar da investigação.

O atleta segue exercendo suas atividades profissionais normalmente. Treina e viaja com a delegação nesta terça-feira, para Belo Horizonte.

*Eliza Bez Batti é estagiária sob a supervisão de Diogo Maçaneiro