No dia 29 de novembro de 2016, o avião que transportava a delegação da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana caiu perto de Medellín, na Colômbia. A bordo estavam jogadores, comissão técnica, dirigentes e jornalistas. O acidente deixou 71 mortos e chocou o mundo.

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A Chapecoense vivia um momento histórico, ao alcançar pela primeira vez a final de uma competição internacional, conquistando reconhecimento global pelo seu desempenho. O desastre marcou para sempre a trajetória do clube e deixou um legado de comoção e solidariedade em Chapecó e em todo o Brasil.

Dois anos depois, em 2018, a Aeronáutica Civil da Colômbia concluiu que a queda foi causada pela falta de combustível, consequência da má gestão de riscos da companhia aérea LaMia.

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Neto, ex-zagueiro da Chapecoense, tornou-se símbolo da luta por justiça e da preservação da memória das vítimas. O atleta tentou voltar ao futebol, mas não conseguiu, após ter ficado dois anos em tratamento. O jogador chegou a retornar aos treinamentos com bola, mas anunciou a aposentadoria, em 2019, aos 34 anos.

-Eu tive o privilégio de como atleta ser campeão catarinense, da Sul-Americana, ter minha melhor performance na Chapecoense. E depois como dirigente ser campeão da Série B, e hoje infelizmente eu sinto que a relação com o clube é distante, eu procuro guardar tudo o que eu vivi de bom – revelou Neto.

Neto foi o último sobrevivente a ser resgatado no acidente aéreo naquela madrugada. Ele ficou internado por duas semanas na Colômbia e em 15 de dezembro de 2016, desembarcou em Chapecó.

O ex-goleiro Jakson Follmann e o lateral Alan Ruschel, foram outros jogadores que sobreviveram, assim como dois tripulantes da LaMia. Ruschel voltou aos gramados de forma profissional. O narrador Rafael Henzel, também sobrevivente do acidente aéreo, morreu em março de 2019 após sofrer um infarto durante um jogo de futebol com amigos.

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Neto foi a Londres protestar em frente a seguradoras

Neto também participou, em 2019, junto com viúvas de atletas que perderam a vida no acidente, o presidente da Abravic (Associação Brasileira das Vítimas do Acidente) e três advogados, em Londres, de um protesto em frente à sede da Aon, empresa que alegava ter atuado como corretora do seguro da aeronave da LaMia, e da Tokio Marine Kiln, seguradora.

O ex-atleta cobra para que as seguradoras envolvidas indenizem familiares das vítimas. Segundo ele, os processos estão tramitando mas a justiça não foi feita de acordo com o que deveria ter realmente acontecido. Ele disse sentir muito que os valores pagos às famílias, por parte do clube, tenham entrado na recuperação judicial da Chapecoense.

– A recuperação judicial era necessária, eu estive lá dentro e sei que precisava acontecer, mas me deixou triste envolverem os valores das indenizações para os familiares das vítimas nesse processo. Ficou abaixo do que precisava ser – pontuou.

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– Eu sempre tento buscar justiça, principalmente para as viúvas, porque ficaram aqui mulheres sem maridos, filhos sem pais e pais sem os filhos. Eu tento fazer de tudo pra falar sobre o que aconteceu, porque a gente entende que foram vários erros, desde a contratação do voo até os que fizeram com que o avião caísse. A justiça é lenta e a gente espera que as famílias possa ser ressarcidas de alguma maneira – disse o ex-jogador.

Despedida oficial em 2023

Neto fez um jogo de despedida na Arena Condá, em 2023, com a presença de Ronaldinho Gaúcho, Popó e mais algumas celebridades.

– Esse dia 29 de novembro é uma data de muita reflexão, eu procuro ficar mais em casa, agradeço pela vida, eu não me vitimizo, procuro pensar que estou vivo. É claro que vem a saudade dos meus amigos que se foram, éramos unidos, uma família, as pessoas não voltam, infelizmente – finalizou.

Viúva de dirigente cobra entidades do futebol

A reportagem da NSC entrevistou Vanusa Pallaoro, viúva de Sandro Pallaoro, presidente do clube no momento do acidente. Ela relata a mistura de sentimentos contrastantes de um grupo de pessoas que ela guarda no peito.

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– É sempre um dia de muita tristeza, aperto no peito, introspectivo e com muitas lembranças. Era um momento de tanta alegria e orgulho que, de repente, se torna o momento de desespero e dor imensurável – lamentou.

Ela também cobrou as entidades do futebol para que estejam mais próximas da causa das famílias das vítimas para que a justiça possa ser feita.

– Até hoje não foi feita justiça pelo que houve, tudo que se descobriu nesse período sempre foi abafado, minimizado e nada feito. Apenas nessa data voltam a falar sobre o acidente e todas as vidas perdidas. As famílias lutam sozinhas por justiça, é uma vergonha nenhuma entidade do futebol estar ao lado dessa causa – enfatizou.

Memorial recebeu visita da seleção feminina sub-20

No local onde o acidente aconteceu, pessoas prestam homenagens até hoje. Um memorial foi construído e a delegação da seleção brasileira feminina sub-20 visitou, em agosto deste ano, o local na cidade de La Unión.

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A equipe estava na Colômbia para disputar o Mundial da categoria. As atletas participaram de uma solenidade cívica e em seguida visitaram a capela ecumênica onde há fotos de todas as vítimas. Após cumprir um minuto de silêncio em homenagem às vítimas, a delegação do Brasil colocou flores no local.

Programação do clube

Para que os torcedores possam prestar homenagens, a Arena Condá estará aberta nesta sexta, das 9h até as 21h. Na parte central do gramado, flores brancas foram colocadas de maneira simbólica.

No Átrio Daví Barella Dávi, rosas brancas foram posicionadas em cada um dos nomes ao redor da fonte. À noite, um dos refletores da Arena Condá vai permanecer ligado, por 90 minutos, iluminando o estádio vazio, como um gesto de reflexão.

Em suas redes sociais, a Chapecoense publicou uma imagem com os dizeres: “Oito anos de saudades. Para sempre lembrados”.

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*Por Anderson Rodrigo, repórter da NSC em Chapecó



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