Com voz baixinha e um jeito acolhedor, o padre Pedro Adolino Martendal, 75, conversa e aconselha com a experiência que os 50 anos de sacerdócio e fé lhe conferiram. Nem mesmo a idade e os problemas de saúde o impedem de continuar a missão, que começou ainda muito jovem, e pretende continuar até a morte.

Continua depois da publicidade

– Tenho que diminuir o ritmo, mas peço essa graça para Deus – diz.

Leia mais notícias da Grande Florianópolis

Conhecido pela serenidade e o jeito simples de tratar a todos, o padre recorda que a vocação para a vida sacerdotal surgiu ainda na infância, na cidade de Biguaçu, onde nasceu e viveu até os 13 anos, quando entrou para o seminário. Ele conta que é o mais velho dentre 14 irmãos. Todos sempre foram muito católicos: a casa era um ambiente de muita fé.

Continua depois da publicidade

– Quando me perguntavam o que queria ser quando crescesse, eu já respondia padre. Foram 13 anos de seminário em Florianópolis, Brusque e Viamão, no Rio Grande do Sul, e estudávamos muito e cultivava uma vida espiritual profunda, para ir discernindo a vocação. Para mim, esse tempo foi uma linha reta, sempre fui na direção, pois tinha convicções internas muito fortes. Considero uma graça de Deus – conta.

Uma vida na Catedral

Concluídos os estudos em Viamão, o padre voltou para Florianópolis e foi nomeado vigário da Catedral, onde permaneceu por 30 anos. Durante oito anos atuou como diretor espiritual do Seminário de Teologia na Trindade e depois voltou para a Catedral, onde está até hoje. Outra atividade desenvolvida por padre Pedro foi ministrar aulas de Ensino Religioso nas escolas, foi nesse período que começou seu envolvimento com os jovens.

Durante uma dessas aulas, em 1971, um grupo de alunos do Instituto Estadual de Educação manifestou o desejo de realizar um retiro espiritual. Depois de trabalhar a ideia, 52 jovens partiram para a casa no alto do Morro das Pedras. Assim surgiu o Movimento Pólen, que existe até hoje.

Continua depois da publicidade

Padrinho de 30 jovens

A confiança e o carinho que o Padre Pepê – como é carinhosamente chamado -sempre transmitiu aos jovens lhe renderam 30 afilhados de crisma. E ele garante que lembra de cada um, e coloca os nomes em suas orações.

– Foi algo natural do meu modo de ser. Acredito que seja a amizade e confiança, pois a crisma é um convite que vem do próprio jovem, Procuro amar e servir com aquilo que sei – explica.

Uma das pessoas que se emociona ao falar do Padre Pepê é João Carlos Mendonça Santos, 51, assessor de imprensa da Secretaria de Segurança do Estado. João conta que o padre cuidou dele e dos três irmãos quando a mãe faleceu de câncer.

Continua depois da publicidade

– Minha mãe procurou ele quando soube da doença e pediu que olhasse por nós, conta a minha irmã. Eu tinha menos de dois anos, e nós morávamos em uma casa na Praça XV, então ele sempre nos visitava. Meu pai ficou muito perdido e o padre fez esse papel também, sempre nos orientando. Há um ano minha esposa faleceu, e encontrei com ele na rua e contei minha situação. Também me deu muito força nesse momento difícil – revela João.

Rotina sempre intensa

Nesses 50 anos, o padre diz que é difícil mencionar um momento especial, mas acredita que o cotidiano já é especial. A rotina ainda é intensa. Todos os dias, acorda às 5h, celebra a missa das 6h30min, e continua o trabalho visitando doentes em hospitais e recebendo os fiéis que vão até ele para se confessar ou pedir aconselhamento.

– Minha missão não é falar, mas escutar e acolher aqueles que me procuram, sem julgamento.

Continua depois da publicidade

Padre Pedro conta que nunca imaginou que completaria 50 anos de sacerdócio, mas ainda está pronto para enfrentar os desafios.

– Viver a missão com alegria, um dia de cada vez, e abraçar as dificuldades, pois elas são a cruz de Cristo, que salva. Considero estes os maiores desafios, mas é possível. Ver alguém retornar para viver perto de Deus é muito bonito – finaliza.

Serviço

O quê: Missa do Jubileu de Ouro Sacerdotal do Pe. Pedro Adolino Martendal – vigário

Continua depois da publicidade

da Paróquia Nossa Senhora do Desterro e Santa Catarina de Alexandria (Catedral) e Dom Augustinho Petry – bispo emérito da Diocese de Rio do Sul

Quando: sábado, 4 de julho

Horário: 15h

Local: Catedral Metropolitana de Florianópolis