Em dia de jogo do JEC, a arquibancada da Arena Joinville ganha diversas bandeiras e faixas dos torcedores tricolores. Mas uma, em especial, chama a atenção pelos símbolos do JEC, Uruguai e Nacional — tradicional clube de Montevidéu — juntos.
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O dono é Marcelo Duarte Brussain, de 58 anos. Apaixonado desde pequeno por futebol e pelo Nacional, equipe uruguaia, o coração de Marcelo divide espaço também, desde 1997, com o Joinville Esporte Clube.
A paixão do uruguaio pelo Tricolor começou quando chegou na cidade. Na época, foi em três jogos do JEC, ainda no Estádio Ernesto Schlemm Sobrinho — o Ernestão —, mas o time perdeu os três confrontos. Desanimado, parou de ir por um tempo. Até que amigos, torcedores, o incentivaram novamente a ir aos jogos. Desde então não parou nunca mais.
— Chuva, sol, vento, eu “tô” lá. Sou torcedor da descoberta. Pode chover, cair temporal, mas eu estou lá. Se a bandeira não está lá, é porque eu não estou em Joinville — disse.
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Quando começou a ir aos jogos, levou junto uma bandeira pequena do Uruguai. Depois, pensou que teria que mostrar todas as paixões, e colocou os escudos do Nacional e do JEC também.
Dedicado, Marcelo é sócio-torcedor do JEC há mais de 26 anos, e, segundo ele, nunca atrasou ou interrompeu os pagamentos, seja na Série A ou na Série D.
A vida de Marcelo em Joinville
Nascido em Montevidéu, no Uruguai, Marcelo mora em Joinville desde 1990, por conta de um casamento com a ex-esposa brasileira. Mas gostou tanto da cidade, que resolveu ficar.
Formado em Comércio Exterior, na Univille, trabalhou na Tigre, Datasul e hoje ganha a vida com investimentos. Marcelo fez pós, casou de novo e teve uma filha, hoje com 15 anos, em Joinville.
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Uma curiosidade contada por ele é de que, quando a filha estava com quatro meses, Marcelo decidiu inscrevê-la no programa de sócios do Nacional.

Presente na ascensão e declínio do JEC
Desde que começou a torcer, Marcelo já esteve presente nas boas e más fases do JEC. Em 2015, a equipe jogou a Série A do Brasileirão. Hoje, o Tricolor não tem calendário nacional para 2023 e 2024.
— O Joinville chegou muito alto, e depois despencou, mas os motivos são vários. É um quebra-cabeça, o torcedor mesmo não sabe o que aconteceu — disse.
— Acho que o JEC é um time de Série B, está de bom tamanho. Vai, fica lá, se fortalece e aí estaria pronto para um salto na série A. Não do jeito que foi. (…) É uma pena, pois a cidade acompanha — acrescentou.
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Em 26 anos, o uruguaio já viu diversos jogadores vestirem a camisa do Joinville. Segundo ele, os que mais o marcaram foram a dupla Perdigão e Paulinho, o atacante Marcos Agulha e o lateral-direito Zé Carlos.

Também viu um ídolo do próprio país treinar o time joinvilense. Em três ocasiões (2007, 2009 e 2013), o uruguaio Sérgio Ramirez foi o treinador da equipe.
— Quando ele vem pro Joinville, a gente torce, vibra, se orgulha e quer muito que dê certo. (…) Deixou um bom trabalho no JEC como treinador — disse.
Marcelo ainda disse que torce para que no futuro outros uruguaios venham jogar no Joinville.
Confusão com a bandeira uruguaia na Arena Joinville
Não só de boas lembranças vive o uruguaio. Em uma certa partida, entre Joinville e Avaí, Marcelo, como de costume, colocou a bandeira do Uruguai, mas acabou sendo confundida com as cores da equipe de Florianópolis, adversário naquele dia.
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Segundo ele, seis membros da União Tricolor, torcida organizada do JEC, o obrigaram a tirar. Então, retirou a bandeira e a colocou no rosto dos homens, e perguntou se tinham faltado em alguma aula de geografia, conforme ele.
— Foi um dia que quase apanhei — falou.
Diante da situação, dois amigos de Marcelo, também membros da União, viram e conseguiram falar com os rapazes, e explicaram que ele era uruguaio e torcedor do Joinville.
O Nacional e o Joinville
Quando criança, Marcelo já era apaixonado pelo Nacional, clube de Montevidéu, cidade de origem do uruguaio. No Brasil, começou a torcer pelo Joinville, mas segundo ele, jamais deixou para trás o time do coração.
— Por mais que eu seja de fora, assim, a gente muda de país, de trabalho, de mulher, de cidade, mas de time não — disse.
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Entre Joinville e Montevidéu, são aproximadamente 1.185,6 km de distância. Ele ainda faz com frequência o trajeto. Mas o longo caminho nunca o atrapalhou de nenhuma das paixões dele – o JEC e o Nacional.
*Sob supervisão de Lucas Paraizo
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