As novas regras impostas para a temporada 2017 “vão complicar as ultrapassagens na pista” e esta evolução “vai no mau caminho”, alertou o tricampeão Lewis Hamilton, colocando voz a uma opinião compartilhada por muitos outros pilotos e observadores da Fórmula-1.

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— Quando lançaram as especificações, nossos engenheiros disseram que os carros ficariam mais rápidos e teriam mais aderência, mas que também seriam mais difíceis de acompanhar — afirmou o piloto da Mercedes, campeão do mundo em 2008, 2014 e 2015 e grande favorito ao título em 2017.

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— Espero que os fatos mostrem que eles estão equivocados, mas a carga aerodinâmica vai ser enorme, porque é um carro maior e mais largo — completou Hamilton.

A impressão inicial do britânico se confirmou no circuito da Catalunha desde o início da sessões de testes da pré-temporada, apesar de muitos ligarem os lamentos do piloto da Mercedes ao temor de que as Flechas de Prata percam seu domínio na categoria.

“Nunca perto o suficiente”

— Quando você está atrás, durante um segundo, você é aspirado, e depois chega um fluxo de ar que você não espera ou você perde sua aderência e precisa desembrear, o que faz com que nunca esteja perto o suficiente — afirmou Hamilton.

O ex-presidente da FIA, Max Mosley, concorda com esta análise e vai além, afirmando que a “Fórmula-1 está se equivocando de caminho”.

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— Eu teria optado pelo oposto, reduzindo as cargas aerodinâmicas e privilegiando a aderência mecânica — explicou.

Pat Symonds, ex-diretor técnico da Williams, é mais cauteloso:

— É uma evidência dizer que quanto mais aderência aerodinâmica você tem, mais difícil é ultrapassar, mas não é totalmente certo, porque algumas configurações aerodinâmicas perturbam mais que outras.

Com mais aderência, os pilotos se arriscarão menos ao atacar as curvas com mais autoridade. As distâncias de freada mais curtas e a perda de rendimento atrás de outro carro em uma reta não facilitarão a vida dos pilotos na hora de ultrapassar.

— Isso obriga a ser mais prudente e as ultrapassagens serão menos frequentes — disse o piloto brasileiro Felipe Massa, da Williams. — E como haverá menos espaço de manobra nos circuitos devido à largura dos carros, a priori podemos esperar mais acidentes.

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Mais espetáculo?

— Durante os treinos, eu seguia de perto uma Sauber, mas fui incapaz de ultrapassar, apesar de estar um segundo mais rápido por volta — explicou o brasileiro. Em algum momento em também tive a Renault de Hulkenberg atrás de mim, mas ele não conseguiu passar apesar de estar muito mais rápido do que eu.

Somente o chefe de aerodinâmica da Red Bull, Dan Fallows, se mostram confiante, garantindo que os carros poderão se aproximar mais do adversário à frente, o que facilitará as ultrapassagens.

O novo dono dos direitos comerciais da F1, o grupo americano Liberty Media, acompanha a situação de perto, já que o objetivo deste novo regulamento é promover o crescimento de um esporte que perdeu cerca de um terço de seus espectadores e telespectadores nos últimos cinco anos.

— Voltamos a ter níveis de aderência superiores e esta temporada será um autêntico teste para ver se isso melhora ou piora a situação — explicou Ross Brawn, que supervisa os aspectos esportivos e técnicos da F1 para a Liberty Media.

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O ex-diretor técnico da Ferrari é partidário de acabar com o DRS — dispositivo ativado pelos pilotos para reduzir a resistência aerodinâmica —, que, contudo, tem sido a principal ferramenta em ultrapassagens nas últimas temporadas.

Para Sergio Pérez, piloto da Force India, “ser mais rápido não significa que haverá mais espetáculo”. Além disso, graças ao trabalho da Pirelli, “os pneus se degradarão menos”, o que dificultará as ultrapassagens nos finais da corridas.

— Se a única mudanças é que vamos seguir outros carros em maior velocidade, mas sem conseguir ultrapassar, não teremos avançado muito — lamentou o mexicano.

*AFP

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