O médico do São Paulo Eduardo Rauen foi alvo de críticas após a publicação da matéria do UOL que revelou uma crise no departamento médico do clube. Uma das informações que mais chamou atenção dos torcedores foi a prescrição da caneta emagrecedora Mounjaro para dois jogadores, sem conhecimento de profissionais que atuam na área de saúde do time.

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O nutrólogo Eduardo Rauen explicou a decisão de prescrever a caneta emagrecedora à reportagem do UOL. Confira o que ele disse sobre o assunto, na íntegra, abaixo. A entrevista é do jornalista Pedro Lopes.

Médico do São Paulo quebra silêncio sobre polêmicas e explica por que receitou Mounjaro para os jogadores

“Não houve qualquer polêmica. O que existiu foram tratamentos médicos individualizados, indicados de forma pontual após avaliações clínicas criteriosas. Conforme descrito na bula, pacientes com IMC acima de 27,5 associados a comorbidades — no caso específico, lesões articulares — têm indicação formal para o uso do medicamento, sempre com acompanhamento médico, como foi realizado.

É importante ressaltar que houve apenas dois atletas com indicação para seguir nessa linha. Em ambos os casos, o uso foi feito de maneira estratégica, em uma janela terapêutica adequada, que permitiu monitoramento contínuo, avaliação de possíveis efeitos colaterais. Os dados mostram que os atletas conseguiram perder peso corporal, diminuir o percentual de gordura e melhorar a massa muscular, contrapondo inclusive essa narrativa de que essa conduta deveria ser avaliada.

Todo o processo ocorreu com acompanhamento diário, avaliações corporais e controle rigoroso da composição física — exatamente para evitar qualquer dano, seja à saúde, seja à reabilitação. Importante deixar claro: o medicamento não faz parte da lista de substâncias proibidas pela WADA, portanto não existe qualquer irregularidade ou risco de infração. Trata-se de um procedimento médico legítimo, seguro, respaldado pela literatura e executado dentro das normas éticas e regulamentares. Não há margem para controvérsias, distorções ou interpretações diferentes.

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O paciente, em conjunto com seu médico, pode optar por comprar o produto diretamente em farmácias brasileiras ou realizar importação regular, permitida pela Anvisa mediante prescrição. A escolha do fornecedor é uma decisão do paciente. O que importa — e sempre orientamos — é que o medicamento seja autêntico, proveniente da fabricante oficial, e utilizado com indicação médica apropriada e acompanhamento profissional.

O Mounjaro é um medicamento regularizado e autorizado pela Anvisa, fabricado pelo laboratório Eli Lilly, um dos maiores e mais respeitados do mundo. As apresentações aprovadas no Brasil são as de 2,5 mg, 5 mg, 7,5 mg e 10 mg, todas disponíveis em farmácias autorizadas.

Assim como ocorre com diversos medicamentos de uso global, também existem apresentações do Mounjaro fabricadas para outros países, com doses como 12,5 mg e 15 mg, e rótulos em inglês ou em outros idiomas. Isso não caracteriza irregularidade, desde que o produto seja original, fabricado pela Lilly.”