Contrariando as estatísticas, que apontam uma expectativa de vida de 35 anos no Brasil para população trans, Tifanny Abreu foi a primeira mulher trans a jogar a Superliga feminina, em 2017, vencer em 2025 e é a primeira e única atleta transgênero na elite do vôlei brasileiro.

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Jogando pelo Osasco, que conquistou, na última quinta-feira (2), o hexacampeonato na Superliga feminina 2024/25, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, por 3 sets a 1 sobre o Sesi-Bauru, a oposta foi a segunda maior pontuadora da equipe na decisão, com 24 pontos, atrás apenas de Natália Zilio.

Confira imagens de Tifanny Abreu

Segundo informações do ge, Tifanny deu um depoimento após o jogo em que falou sobre a importância de ser um exemplo para crianças e adolescentes no esporte e ressaltou o orgulho pelas conquistas da temporada.

— Muitas crianças e adolescentes se inspiram em mim e acreditam que podem, sim, voltar a brilhar e a ter um lugar ao sol. Pessoas trans saem da escola muito cedo por transfobia, não têm espaço no mercado de trabalho, não têm visibilidade. A cada dia que passa, mais pessoas estão tendo essa visibilidade, e eu sou a representante do esporte. Vou ficar mais feliz quando houver outras pessoas trans no esporte, representando também — disse a atleta.

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Além da Superliga, a jogadora encerrou a temporada 2024/25 com mais dois títulos, do Campeonato Paulista e Copa Brasil de Vôlei, todas sobre o Sesi-Bauru. Ainda assim, as conquistas não blindaram a jogadora de comentários transfóbicos e discursos de ódio nas redes sociais.

— Nessa fase final, decidi sair das redes sociais. Mesmo quando eu não quero, alguém me marca em alguma coisa que machuca. Machuca escutar tanta transfobia, tantas coisas ruins. Quis me concentrar nos playoffs — desabafou.

Aos 40 anos, Tifanny se declara uma sobrevivente no país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo pelo 16º ano consecutivo, de acordo com dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), publicado em janeiro passado. Ela se orgulha de ser uma das maiores jogadoras do vôlei nacional, sem “abaixar a cabeça” para as críticas.

*Eliza Bez Batti é estagiária sob a supervisão de Diogo Maçaneiro