Morador de Brasília, Murilo Lima veio ao Estado para visitar um irmão e, por pouco, não se transformou em uma das vítimas da tragédia de Santa Maria. Em entrevista à Rádio Gaúcha, ele disse que estava em frente ao palco na boate Kiss quando o fogo começou, mas conseguiu deixar a casa noturna junto com o irmão. Conforme o relato de Murilo, houve muita dificuldade para sair.

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– Alguns seguranças pediam a comanda para pagar – afirmou.

De acordo com outra jovem que estava na festa e deu depoimento à Rádio Gaúcha, Luciene Louzeiro, a saída teria sido bloqueada por alguns minutos, até que os seguranças permitissem a evacuação. Segundo ela, os funcionários da Kiss requisitaram as comandas dos jovens.

Kellen Rebello da Silva, porém, afirmou ter saído da casa noturna na companhia de uma amiga, sem dificuldades, logo quando se iniciou o incêndio:

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– Os seguranças estavam na porta pedindo calma, mas nada de comanda.

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Murilo contou que o fogo começou quando aquele que seria o vocalista da banda pegou um equipamento que fazia parte do show – provavelmente um sinalizador – e, por acidente, provocou uma faísca no teto. Segundo Luciene, o teto no local não era muito alto. Pelo relato de Murilo, o músico pegou um copo e tentou apagar o fogo, àquela hora ainda pequeno. Como não teve sucesso, parou de cantar e pegou um extintor de incêndio, que não funcionou – por motivo ainda desconhecido.

– Foi a hora do pânico. A correria foi grande só depois que o fogo aumentou bastante – afirmou Murilo.

Murilo disse que a casa noturna estava lotada, prejudicando a movimentação para a saída. O depoimento de Luciene vai na mesma linha – ela contou que tinha dificuldades para respirar quando chegou à rua. Algumas pessoas, inclusive, tentavam voltar para a boate, atrás de amigos, mas teria sido impedidas.

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– Muita gente caiu em cima de mim, empurrou. O palco é longe da saída – explicou Luciene.

A tragédia

O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.

Sem conseguir sair do estabelcimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.

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A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos útimos 50 anos no Brasil.

Veja onde aconteceu

Imagem: Arte ZH

A boate

Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes – além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.

Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio

A festa

Chamada de “Agromerados”, a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas “Gurizadas Fandangueira”, “Pimenta e seus Comparsas”, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.

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