Os anúncios de novos investimentos para o setor automotivo sempre trazem um sopro de esperança. Mas a saída de uma marca ou o fechamento de uma fábrica ecoam de forma mais ruidosa.
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Nos anos 90 a indústria vivia um boom com a chegada das chamadas newcomers: Honda, Toyota, Renault, Peugeot e Citroën construíram fábricas no Brasil e o segmento automotivo prosperava.
Os investimentos foram se multiplicando com novas marcas, entre acertos e erros. A Mercedes-Benz, por exemplo, tentou por duas vezes fabricar carros e não deu certo. A Hyundai, que tinha a marca consolidada nas mãos da Caoa, abriu sua própria planta com produtos acertados.
A Chery, fadada ao fracasso, trocou de mãos e sob a batuta do Grupo Caoa caminha para a expansão.
Por isso, é sempre lamentada a saída de uma Ford do país, uma marca tão tradicional. Na semana passada, a cidade de São Bernardo do Campo (SP) recebeu com tristeza o encerramento das atividades da planta da Toyota, onde 550 colaboradores atuam na produção de autopeças para servir o mercado interno e exportações.
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Essa operação será transferida para outras unidades da Toyota, localizadas em Porto Feliz, Sorocaba e Indaiatuba, todas no interior de São Paulo.
O fechamento de uma fábrica parte de uma decisão estratégica de cada companhia, mas sinaliza, sem dúvida, uma preocupação. Não vamos fechar os olhos para esse perverso movimento.
Novos investimentos
Mas vamos olhar o copo meio cheio. Enquanto a saída é inevitável para algumas, novos ciclos de investimentos são prometidos.
A BMW, por exemplo, sediada em Araquari (SC), anunciou no final de 2021 investimento de R$ 500 milhões até 2024 para produção dos modelos X3 e X4, além de um novo carro que será revelado na Alemanha.
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A Volkswagen, com plantas em São Bernardo, São Carlos e Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR) divulgou aporte de R$ 7 bilhões entre 2022 e 2026 no desenvolvimento de uma nova família de carros compactos, começando pelo Polo Track, um novo modelo de entrada no país.
A Renault confirmou mais uma série de investimentos para os próximos anos no Paraná: além da nova plataforma CMF-B, a produção de um novo motor 1.0 turbo e de um novo SUV.
E na semana passada, a Nissan, durante o lançamento da nova picape Frontier, anunciou investimento de US$ 250 milhões em sua fábrica de Resende (RJ) para a produção de um novo modelo.
Essa planta passou a operar em dois turnos, para que sua produção seja ampliada a quase 500 unidades por dia. Com essa decisão, a Nissan gera 578 empregos diretos.
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Carros só evoluíram
A indústria virou a página da época em que produzia carros básicos e pouco rentáveis. Hoje a eficiência, conforto, conectividade e segurança falam mais alto. Os veículos podem estar menos acessíveis, mas é inegável que evoluíram.
Este é um novo momento do setor automotivo, nesse pós-pandemia: com produtos mais refinados, tecnológicos e de maior valor agregado. Assim, atendem melhor à demanda de outros mercados e podem trazer um novo fôlego às exportações.
Não chegamos à era da eletrificação, ainda somos dependentes das importações, mas há diversas iniciativas para ampliar a infraestrutura e até investir em novas tecnologias a partir do uso do etanol. Temos o primeiro híbrido flex do mundo e outras inovações tendem a surgir.