Uma decisão de junho daComissão Nacional da Biodiversidade (Conabio), subordinada ao Ministério do Meio Ambinete (MMA) está gerando queda de braço dentro do governo e também atraindo fortes críticas do agronegócio. A Conabio incluiu em minuta da nova lista de espécies exóticas invasoras no Brasil várias espécies de uso comercial como tilápia, o camarão-marinho (Litopenaeus vannamei), ostras do Pacífico e a macroalga Kappaphycus alvarezii, que são produzidas no Brasil e em Santa Catarina.

Continua depois da publicidade

Mas os riscos sobre essas inclusões na lista de invasoras só foram percebidos há poucos dias, o assunto está gerando polêmica e a votação definitiva dessa mudança será em dezembro. Questionado, o Ministério do Meio Ambiente negou que haverá restrição à produção. A Conabio é integrada por representantes de ministérios, entre os quais o da Agriculura, e de entidades empresariais como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Há cerca de uma semana, a Associação Brasileira das Indústrias de Pescado divulgou nota se manifestando contra essa proposta da Conabio porque o setor produtivo teme que, ao incluir essas culturas na lista de exóticas invasoras, elas não receberão mais licença ambiental para produção no Brasil.

Depois, o Ministério da Pesca e Aquicultura solicitou à pasta do Meio Ambiente informações sobre como serão os impactos do licenciamento ambiental dessas atividades após essa mudança.  

A resposta foi de que não haverá restrições, mas a associação empresarial e setores do agronegócio preferem que esses produtos não sejam incluídos nessa lista.

Continua depois da publicidade

O Ministério da Pesca e Aquicultura destacou em nota que essas espécies previstas para entrar na lista de exóticas respondem cerca de 90% da produção de alimentos da aquicultura do país e geram um faturamento anual da ordem de R$ 9,6 bilhões.

O temor sobre licenciamento ambiental é que as leis brasileiras atuais permitem licenciar somente espécies existentes no país. O ministério da Pesca informou também que está buscando informações técnicas que a Conabio tenha mais base para a decisão.

Sempre que uma nova cultura do exterior é introduzida no Brasil, ela passa por uma avaliação técnica e licenciamento de órgãos sanitários. As ostras do pacífico foram trazidas para a região de Florianópolis, onde já existe ostra nativa.

Elas foram introduzidas em projeto de pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Empresa de Pesquisa Agrícola e Extensão Rural (Epagri).

Continua depois da publicidade

O êxito na adaptação resultou em uma nova atividade econômica que, além de gerar emprego e renda, impulsiona o turismo gastronômico do estado.

No caso da Tilápia, peixe de água doce que veio da África, SC está entre os quatro maiores produtores nacionais e conta com mais de 30 mil produtores rurais envolvidos na atividade. Se considerarmos todas as culturas produtivas não nativas do Brasil ao longo da história, a lista é grande, inclui desde a soja até bovinos. Então, a expectativa é de que haverá uma decisão de consenso para a continuidade dessas atividades da aquicultura.