Por Renan Medeiros, interino*
A cidade de Tubarão reagiu à notícia de que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) vai retirar nesta semana uma das locomotivas do Museu Ferroviário e colocar em funcionamento no município de Miguel Pereira (RJ). O veículo em questão é o de modelo Baldwin 53, fabricado em 1920 e cuja história está ligada à Cidade Azul, onde esteve em funcionamento durante toda a vida útil.
Continua depois da publicidade
O que mais surpreendeu a comunidade foi a falta de consulta aos interessados quanto à remoção da locomotiva, propriedade do DNIT. Fundador do Museu Ferroviário, o médico e historiador José Warmuth Teixeira diz que nunca havia acontecido algo semelhante. Todas as outras retiradas de locomotivas do museu foram precedidas de negociação, o que não aconteceu no caso. Os tubaronenses só souberam quando o Diário Oficial da União publicou a determinação do Ministério dos Transportes.
Moacir Pereira: "Transferência da locomotiva soa como um deboche do governo federal"
— Essa locomotiva é inalienável. Tem uma grande importância para a história de Tubarão e região. Eu chamo de "furto legalizado" — revoltou-se Warmuth.
Continua depois da publicidade
A intenção do município carioca é colocar a locomotiva para transportar turistas, o que, segundo o fundador do museu, não é possível. O museu é administrado pela Sociedade dos Amigos da Locomotiva a Vapor (SALV), que arcou com todos os custos da restauração do veículo, mas apenas para exposição.
— É uma irresponsabilidade. A caldeira da locomotiva está deteriorada de forma irreversível. Quando ela deixa de funcionar, a caldeira explode, a locomotiva se desintegra. Vão colocar vidas em risco. É uma bomba relógio — alertou.
Uma outra locomotiva do museu, com capacidade para ser colocada em funcionamento, foi oferecida às autoridades de Miguel Pereira no lugar da Baldwin 53, ao custo de R$ 200 mil, pelo serviço de restauração já realizado. A proposta foi rejeitada pelos cariocas.
Projeto de lei aprovado
Ontem à noite, a Câmara de Tubarão aprovou, em regime de urgência e por unanimidade, um projeto de lei encaminhado pelo Executivo para que todas as locomotivas do Museu Ferroviário sejam tombadas pelo Patrimônio Histórico. Segundo o prefeito, Joares Ponticelli (PP), o Ministério Público de Santa Catarina e o Ministério Público Federal ajuizaram uma ação na Justiça Federal para barrar o processo.
Continua depois da publicidade
— Vamos colocar a Guarda Municipal para impedir a retirada se for preciso — garantiu Ponticelli.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do DNIT, em Brasília, mas não obteve retorno até o momento.
