A série “Adolescência”, que estreou em março na Netflix, tem despertado grande interesse do público e da crítica por sua história impactante que funciona como um espelho da sociedade contemporânea. Caso você ainda não tenha visto a obra, confira 4 motivos para assistir e 1 razão para procurar outra história.
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A narrativa central gira em torno de um assassinato supostamente cometido por um adolescente de 13 anos. O grande burburinho gerado pela obra se deve ao fato de que o garoto suspeito pode fazer parte de um grupo cada vez mais presente nas escolas: o dos incels.
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O termo incel (abreviação de “involuntary celibate”) se refere a homens que, em resumo, acreditam ser sistematicamente rejeitados por mulheres e, em casos extremos, desenvolvem um ódio profundo pelo público feminino.
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O que realmente choca o espectador é a constatação de que crianças e adolescentes podem estar se identificando com essa linha de pensamento distorcida e, com base nessa identificação, desenvolverem tendências violentas contra mulheres.
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Sobre o que é “Adolescência”
4 razões para assistir “Adolescência”
1. Atuações fenomenais
A série apresenta performances tão intensas que fazem o espectador viver o drama junto com os personagens.
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A atuação de Owen Cooper, no papel do adolescente acusado de assassinato, é simplesmente magistral, digna de indicação ao Oscar.
Outras participações, como a de Erin Doherty no papel da psicóloga, são igualmente impressionantes, criando momentos de tensão que tiram o fôlego.
2. História original e impactante
Embora a indústria do entretenimento já tenha explorado o tema dos incels anteriormente, a abordagem ainda é relativamente rara no cenário audiovisual.
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Ao escolher trabalhar com essa temática, os produtores tocam em feridas sociais que muitos preferem ignorar.
Mas um tema relevante por si só não basta – é preciso contar uma boa história, e nisso “Adolescência” se sai excepcionalmente bem, com um enredo que mantém o espectador preso da primeira à última cena.
3. Realismo visceral
A série se destaca por sua capacidade de criar uma atmosfera de realidade quase palpável. Através de recursos audiovisuais inovadores, os diretores conseguem transmitir a sensação de que os eventos estão acontecendo em tempo real.
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O uso inteligente de planos sequência, combinado com uma sonorização imersiva e atuações convincentes, faz com que o público muitas vezes se sinta como testemunha ocular dos acontecimentos.
4. Formato adequado
Em uma era onde muitas séries pecam pelo excesso de episódios ou por temporadas desnecessariamente longas, “Adolescência” acerta na medida com seus quatro episódios de aproximadamente uma hora cada.
Essa estrutura incomum para os padrões da Netflix permite que a história seja contada de maneira completa, sem lacunas narrativas, mas também sem aquela sensação de enrolação tão comum em produções atuais.
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Por que não assistir “Adolescência”?
Apesar de seus muitos méritos, a série apresenta algumas falhas significativas. O segundo episódio, em particular, introduz personagens secundários e subtramas que são abruptamente abandonadas nos episódios seguintes.
Certos estudantes que convivem com o suspeito são apresentados com uma ênfase que sugere importância narrativa, mas que acaba não se concretizando – eles simplesmente desaparecem da trama sem qualquer explicação.
Outro ponto problemático é o tratamento dado à vítima do feminicídio. Embora a série pareça querer criticar a forma como a mídia frequentemente dá mais atenção aos assassinos do que às suas vítimas, essa crítica fica superficial.
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O tema é apenas tangenciado no segundo episódio e nunca recebe o desenvolvimento que mereceria, deixando a impressão de que foi incluído mais por obrigação do que por um desejo genuíno de promover reflexão.
Adolescência se destaca como uma série corajosa que coloca o dedo em feridas sociais urgentes, mas acaba pecando justamente onde mais precisava acertar – ao não dar voz suficiente às vítimas reais dessa história, repetindo assim o mesmo erro que parece querer criticar.
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