Você já ouviu falar em disania? E terrir? Esses são apenas dois dos oito termos que podem, em breve, fazer parte oficialmente da língua portuguesa.

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A Academia Brasileira de Letras (ABL) analisa palavras com base em critérios como uso frequente e adaptação à norma culta.

Enquanto alguns desses vocábulos já fazem parte da fala do dia a dia, como pejotização, outros ainda soam estranhos ao ouvido de muitos brasileiros. Mas todos têm uma coisa em comum: estão sendo avaliados pela ABL para possível inclusão no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp).

O que é o Volp e por que ele importa?

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa é um documento oficial que define a grafia correta das palavras na norma padrão brasileira. Ele não explica significados como um dicionário comum, mas apresenta a forma correta de escrever cada vocábulo, além da classe gramatical e possíveis flexões.

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Segundo especialistas, como o linguista Marcelo Módolo, da USP, o Volp tem um papel normativo. Ou seja, ele dita o que está de acordo com a norma culta e o que ainda não faz parte dela — mesmo que já esteja na boca do povo.

Como uma palavra se torna “oficial”?

Para entrar no Volp, uma palavra precisa cumprir alguns requisitos. Entre eles:

  • Ocorrência em textos escritos: reportagens, livros, artigos acadêmicos e outras fontes precisam usar o termo de forma consistente.
  • Presença em gêneros variados: a palavra deve aparecer em diferentes tipos de texto, como jornalísticos, técnicos e literários.
  • Sentido estável: o significado precisa ser uniforme, sem gerar dúvidas ou interpretações diferentes.
  • Adaptação ortográfica: em casos de palavras estrangeiras, a grafia deve estar adequada ao português (quando aplicável).
  • Expressões passageiras ou ligadas apenas a memes, como o uso temporário de “Inshalá” após uma novela, geralmente não são aceitas.

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As 8 palavras na “lista de espera” da ABL

Confira abaixo os oito termos que estão sendo avaliados pela Academia Brasileira de Letras:

  • Disania – dificuldade extrema de sair da cama pela manhã, mesmo após uma noite de sono.
  • Terrir – gênero de filme que mistura terror com humor.
  • Pejotização – prática de contratar um trabalhador como pessoa jurídica (PJ).
  • Cordonel – lona revestida com borracha, usada no conserto de pneus.
  • Microssono – período involuntário e curtíssimo de sono, de apenas alguns segundos.
  • Reclínio – ato ou efeito de inclinar-se ou deitar-se.
  • Retrofitagem – modernização de edifícios antigos sem alterar a estrutura original.
  • Tokenização – substituição de dados sensíveis por códigos aleatórios para segurança digital.

Por que novas palavras surgem?

A língua portuguesa está sempre mudando. Novas palavras surgem por diversos motivos, como:

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Avanços tecnológicos: com a internet, surgiram termos como podcast e tokenização.

  • Mudanças sociais: conceitos como pejotização refletem transformações no mundo do trabalho.
  • Influência estrangeira: palavras de outros idiomas entram no vocabulário, muitas vezes com adaptações (como futebol, que veio de football).
  • Especializações técnicas: áreas como medicina e engenharia criam neologismos constantemente.

Essas mudanças mostram que a língua é viva e o trabalho da ABL é garantir que, ao crescer, ela siga um caminho coerente e compreensível para todos.

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