Estrelado por Wagner Moura, O Agente Secreto estreou nas salas de cinema na última semana. O longa, que se passa no anos de 1977, em lena ditadura militar, vem chamando bastante atenção do público. Em especial, um “personagem” está sendo o mais comentado das redes sociais, devido às suas caracteríticas peculiares.

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Em um dos momentos mais impactantes do filme, uma perna é encontrada dentro da boca de um tubarão. Ela começa a aterrorizar a cidade, atacando as pessoas nas ruas. O que muitos não sabem é que figura em questão é uma lenda urbana pernambucana, que o diretor, Kleber Mendonça Filho, reproduz no longa, transformando o folclore regional em uma metáfora para falar da própria sociedade da época.

A lenda nasceu em Recife, na década de 1970, graças ao escritor e jornalista Raimundo Carrero, na época redator do Diário de Pernambuco, um jornal local da cidade. No mito, a Perna Cabeluda é um membro inferior que se move sozinho pelas ruas de Recife.

Coberta por uma camada espessa de pelos e com unhas deformadas, a criatura ataca de forma repentina, quase sempre durante a noite, em ruas escuras ou lugares isolados. Ela também consegue invadir residências e atacar os moradores, embora nunca se dê uma razão para os seus atos.

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O ataque é sempre o mesmo: de forma ágil, saltando para todos os lados para não ser pega, a perna cabeluda agride seu alvo com rasteiras e chutes até abater a vítima, e depois desaparece subitamente.

A história foi publicada pela primeira vez no Diário de Pernambuco em 1º de fevereiro de 1976 e, depois disso, passou a ser relatada nas rádios, onde os ouvintes começaram a compartilhar suas próprias experiências com a Perna Cabeluda.

Na época, Carrero afirmou que a história foi contada por um amigo próximo, em forma de piada, já que os jornalistas gostavam de contar histórias mirabolantes uns aos outros.

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Contudo, historiadores interpretam a lenda como uma resposta simbólica à violência urbana da época. Recife vivia um período tenso, com aumento da criminalidade e o peso da censura política, de forma que uma perna, que não possuía nem corpo, nem rosto e nem identidade, e isso virou uma metáfora perfeita para representar a violência no período.

*Sob supervisão de Pablo Brito

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