A ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, vai prestar depoimento, nesta quarta-feira (2), à Polícia Federal. Ela será ouvida no âmbito de inquérito que apura supostos assédios cometidos pelo ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida.
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As denúncias de assédio sexual contra Silvio Almeida foram reveladas pelo Metrópoles, na coluna de Guilherme Amado, em 5 de setembro. A reportagem mostrou que Almeida foi denunciado à organização Me Too Brasil por suposto assédio sexual contra mulheres.
Quem é Silvio Almeida, ministro do governo Lula demitido após acusações de assédio sexual
Em 6 de setembro, Anielle Franco confirmou a ministros no Planalto que Almeida praticou assédio contra ela. O relato de Anielle a colegas de ministério do governo Lula, em que confirmou o assédio sofrido, foi publicado pelo repórter Sérgio Roxo e confirmado pela coluna do Metrópoles.
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“Mão boba” e sussurros
Em depoimento detalhado aos ministros Vinícius Marques de Carvalho, da Controladoria-Geral da União; Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União; Cida Gonçalves, ministra das Mulheres, Anielle Franco relatou a situação de assédio que teria vivenciado com Silvio Almeida. s detalhes foram revelados pela revista Veja.
Na fala aos colegas, Anielle contou que a relação com Almeida começou amigável, afinal, os dois tinham pautas em comum dentro do governo. Até o dia 6 de setembro, Silvio Almeida era ministro dos Direitos Humanos. Ambos foram anunciados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no mesmo dia para as respectivas pastas.
Eles teriam se aproximado, conforme a reportagem da Veja, após a posse. As conversas, no entanto, que começaram descontraídas e amigáveis, logo se tornaram investidas com teor sexual. Eram olhares, “elogios” inconvenientes, e sussurros de fantasias eróticas. Em um jantar, ele teria chegado a colocar a mão entre as pernas da ministra.
Para tentar “afinar os ponteiros”, eles combinaram um jantar. A tentativa era de colocar um fim à situação, que neste ponto já havia se tornado “insustentável” e chegado aos ouvidos de outros ministros. Anielle queria evitar que o caso se tornasse um escândalo.
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O jantar foi cordial, mas a ministra relatou que, ao saírem do restaurante, Almeida se aproximou dela e sussurrou um “desejo”.
Silvio Almeida foi demitido na última sexta-feira (6), após o portal Metrópoles revelar que a ONG Me Too havia recebido denúncias de assédio contra ele. Anielle seria uma das vítimas. O então ministro chegou a negar as acusações, e disse sofrer perseguição (veja a nota completa abaixo).
O caso, no entanto, já circulava há meses nos gabinetes importantes de Brasília. Ainda segundo a Veja, a própria primeira-dama, Janja da Silva, chegou a ouvir diretamente de Anielle o relato. A ministra da Igualdade Racial, no entanto, não formalizou a denúncia por medo de ser desacreditada.
O que diz Silvio Almeida
O ministro Silvio Almeia reagiu às acusações com uma nota publicada ainda na quinta-feira no site do governo federal. No texto, ele nega todas as acusações. Leia o texto na íntegra:
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“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país.
Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro.
Confesso que é muito triste viver tudo isso, dói na alma. Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam. Com isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro.
Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas. Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso.
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As falsas acusações, conforme definido no artigo 339 do Código Penal, configuram “denunciação caluniosa”. Tais difamações não encontrarão par com a realidade. De acordo com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso. Isso comprova o caráter baixo e vil de setores sociais comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo brasileiro, independentemente de visões partidárias.
Quaisquer distorções da realidade serão descobertas e receberão a devida responsabilização. Sempre lutarei pela verdadeira emancipação da mulher, e vou continuar lutando pelo futuro delas. Falsos defensores do povo querem tirar aquele que o representa. Estão tentando apagar a minha história com o meu sacrifício.”
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