O brasileiro “Vini” dos Santos pode ter surfado a primeira onda de quase 30 metros da história das águas de Nazaré, em Portugal. Caso seja confirmado, o catarinense pode ser o detentor do novo recorde da maior já surfada no mundo.

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Com a temporada aberta, Nazaré volta a ser o palco dos maiores desafios do planeta, e o nome de Vini dos Santos entra de vez na disputa pelo recorde mundial.

Em fevereiro de 2022, durante a tempestade Eunice, Vini surfou uma onda gigante na praia portuguesa que chamou a atenção do mundo. Agora, um estudo científico pode ter confirmado um feito histórico para o surfe brasileiro.

A pesquisa foi conduzida pelo oceanógrafo Douglas Nemes e apresentada na Universidade de Cantabria, na Espanha. O cientista utilizou um modelo matemático que levou em conta a altura do atleta e comparou com imagens da sequência. O resultado apontou uma onda de 29,68 metros (97,37 pés).

Na época, esse tipo de estudo já havia sido realizado e amplamente divulgado, com repercussão em veículos do mundo inteiro. Agora, três anos depois, o tema voltou ao radar durante o congresso mundial de oceanografia, realizado na Espanha no início deste mês, evento que acontece a cada dois anos e no qual a onda do atual recordista, Sebastian Steudtner, também foi debatida entre professores e doutores de diversos países.

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— O método utilizado tanto na onda do Lucas Chumbo quanto na do Vini dos Santos é o mesmo, e é o que está sendo aplicado em qualquer outro lugar de ondas grandes — explicou o cientista Douglas Nemes.

O que falta para a confirmação do recorde da maior onda já surfada

Agora, Vini aguarda outras análises de especialistas em oceanografia, reforçando a confiabilidade dos dados e preparando o caminho para a validação junto ao Guinness World Records.

O recorde atual pertence ao alemão Sebastian Steudtner, com uma onda de 86 pés, também em Nazaré. Desde então, várias tentativas foram analisadas, mas nenhuma confirmada oficialmente.

Como funciona a medição científica

A adrenalina de surfar uma onda gigante é indescritível, mas a ciência por trás da sua medição é um trabalho meticuloso e de ponta. O processo que validou a onda histórica de Vini dos Santos, em Nazaré, Portugal, não é apenas um palpite, mas o resultado de duas décadas de pesquisa e mais de 5 mil ondas analisadas.

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— O método utilizado tanto na onda do Lucas Chumbo quanto na do Vini dos Santos é o mesmo, e também o mesmo que está sendo aplicado em qualquer outro lugar de ondas grandes — disse o pesquisador.

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O estudo uniu a ciência tradicional com tecnologia moderna para garantir a máxima precisão, através de instrumentação oceanográfica com um GPS fixado no corpo do surfista.

A validação não se baseia em estimativas visuais, mas em um método desenvolvido ao longo de duas décadas de pesquisa em oceanografia, o mesmo usado para calcular as ondas de Lucas “Chumbo” Chianca.

Com funciona o processo de estudo do recorde da onda

  • Escala humana: o surfista é usado como referência espacial, a partir de fotos.
  • Matemática e imagem 3D: pela trigonometria, o surfista vira um modelo matemático e a onda é transformada em 3D.
  • Equações e repetição: fórmulas da mecânica das ondas são aplicadas e o cálculo da altura é repetido mais de 100 vezes.
  • Banco de dados: os números finais são comparados com mais de 700 medições feitas em Nazaré.

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— Esse trabalho leva entre três a quatro horas e garante que o resultado seja o mais real possível — explicou o pesquisador.

Nazaré, palco dos limites 

No dia do feito, o mar estava extremo. De acordo com Nemes, a quebra das ondas antes do pico tradicional é um dos sinais de que as séries realmente ultrapassaram a altura e que “possivelmente havia ondas de 30 metros ou mais”.

Brasileiros como Chumbo e Pedro Scooby já surfaram ondas de 28 a 30 metros em Nazaré. Agora, com a possibilidade de um registro de 100 pés, Vini dos Santos não apenas entra para a história, mas também abre caminho para novas pesquisas sobre a ciência das ondas gigantes.