O caso do menino Benício, de seis anos, que morreu depois de tomar uma dosagem incorreta de adrenalina na veia, no Amazonas, comoveu o país e levantou questionamentos sobre o uso da substância em casos de laringite.
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O que aconteceu com o menino Benício
Benício chegou ao Hospital Santa Júlia, em Manaus (AM), com tosse seca e suspeita de laringite. A médica prescreveu lavagem nasal, soro e xarope, além de três doses de adrenalina intravenosa de 3ml a cada 30 minutos.
Logo após a primeira aplicação, o menino teve piora súbita, foi levado para a sala vermelha, com oxigenação em 75%. O menino foi para Unidade de Terapia Intensiva (UTI), piorou e precisou ser entubado. Benício teve paradas cardíacas e morreu na madrugada de domingo (23).
Por que adrenalina é prescrita para laringite?
A adrenalina é indicada para casos de laringite, principalmente em casos de laringotraqueobronquite (crupe), porque atua reduzindo o edema (inchaço) da mucosa das vias respiratórias e alivia a obstrução das vias aéreas.
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Um estudo prospectivo realizado no Hospital Universitário da USP avaliou o uso de adrenalina-L inalatório em crianças com laringite pós-extubação, e apontou que eficácia na melhora dos sintomas sem causar efeitos colaterais como alterações na frequência cardíaca, pressão arterial ou saturação de oxigênio.
No entanto, todos os estudos apontam o uso comum de adrenalina apenas em nebulização, e não de forma intravenosa como no caso de Benício. O uso em nebulizadores é comum em crianças com sintomas moderados a graves, para amenizar o sofrimento respiratório e evitar complicações mais sérias.
Um outro estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) diz que a nebulização com adrenalina (geralmente 3 a 5 ml na diluição 1:1000) para laringite ou crupe é considerada segura em crianças, com efeitos colaterais menores e transitórios, como taquicardia leve (aumento de até 7-10 bpm na frequência cardíaca), palidez (em até 47% dos casos em um estudo), hiperatividade, vômito ou eritema cutâneo.
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Os riscos graves estão associados com a administração feita em vias erradas como intravenosa rápida ou intramuscular excessiva, podendo causar arritmias ventriculares, isquemia miocárdica ou hipertensão grave. Além disso o monitoramento cardíaco é recomendado durante o uso.

