Uma coletiva de imprensa do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou o relatório preliminar sobre a queda do avião da Voepass em Vinhedo no dia 9 de agosto. Ao todo, 62 pessoas que estavam à bordo do voo que decolou de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) morreram no acidente.

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A coletiva iniciou com um pronunciamento do Comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Damasceno, chefe do Cenipa. A reunião também contou com a presença do Coronel aviador Carlos Henrique Baldin, chefe de investigação do Cenipa e do Tenente-coronel aviador Paulo Mendes Fróes, investigador-encarregado do Cenipa.

Familiares das vítimas do voo COO 2283 foram informados previamente sobre as conclusões obtidas pelas investigações até o momento antes da divulgação do material à imprensa, o que atrasou o início da coletiva.

O Comandante da Aeronáutica destacou que o Cenipa ainda irá divulgar, com transparência, os detalhes das investigações. Contudo, afirmou que nesta sexta-feira somente um reporte preliminar foi disponibilizado ao público.

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Já o Brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, explicou que a investigação do Cenipa não busca culpados ou fatores criminais, como é o caso da Polícia Federal, mas conduzir investigações que tragam fatores que podem ter contribuído para o acidente em busca de trazer mais segurança para a aviação e evitar novos incidentes aéreos.

O Tenente-coronel aviador Paulo Mendes Fróes, investigador-encarregado do ocorrência em Vinhedo, ficou responsável por apresentar o relatório final, com os dados factuais levantados pelo Cenipa.

A aeronave envolvida no acidente foi fabricada em 2010, e incorporada à frota da empresa em 2022, caracterizada pelo uso em voos regionais e com capacidade de altitude máxima de 25 mil pés. Os registros técnicos de manutenção estavam atualizados e o certificado de verificação de aeronavegabilidade estava válido. A última revisão foi feita em 24 de junho de 2023. A aeronave era certificada para voos em condições de gelo.

Informações meteorológicas previam condições de gelo na rota que a aeronave faria naquele dia, com queda de temperatura e aumento de umidade na área do trajeto do voo.

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A aeronave fez a primeira chamada ao Controle de Aproximação de São Paulo às 13h05, e reportou que estava no ponto ideal de descida às 13h18, sem relatar qualquer problema. O Controle instruiu a aeronave a manter a altitude por conta da presença de outra aeronave em rota convergente.

Às 14h20 o Controle orientou novamente a manter a altitude e que a descida seria autorizada em dois minutos. O controle da aeronave foi perdido e o acidente aconteceu às 14h22.

A partir de então, o Cenipa foi notificado e mobilizado, com acionamento de órgãos internacionais, mobilização de equipes no local do acidente e remoção das caixas-pretas, motores e outros componentes da aeronave.

O pack do motor esquerdo estava inoperante, apontou o Cenipa, contudo isso não impossibilitava o voo. O órgão também detalhou quais eram os recursos do avião para enfrentar condições de gelo.

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Ao longo do percurso, o aviso do detector de gelo foi acionado algumas vezes, e os pilotos ativaram o sistema existente na aeronave para reverter a situação por três vezes. Em um desses momentos, o copiloto comentou em áudio gravado pela caixa-preta que havia “bastante gelo”. Já próximo da hora do acidente, é possível ouvir vibrações na aeronave e o alarme de estol, fenômeno em que a aeronave perde a sustentação.

Os pilotos teriam comentado sobre um problema no sistema antigelo logo no início do voo, conforme consta nas gravações da caixa-preta, mas o Cenipa ainda não confirmou, nem descartou, a existência de alguma falha.

Quando o avião fazia a curva à direita para se posicionar sentido Aeroporto de Guarulhos, houve uma reversão na curva, que o Cenipa ainda não sabe se foi feita pelo próprio piloto ou pela aerodinâmica, seguida de outra reversão e do avião entrando em parafuso.

As considerações apresentadas pelo Cenipa são de que a aeronave estava certificada para voar, e a tripulação era certificada e qualificada. Havia informações meteorológicas de formação de gelo severo no trajeto. A tripulação não declarou emergência, e a perda de controle da aeronave ocorreu em condições de formação de gelo.

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Os próximos passos da investigação devem ocorrer através de exames de materiais, testes funcionais e interação com a própria companhia aérea, fabricante da aeronave e representantes internacionais. Novos dados ainda podem surgir, devido a complexidade do acidente, aponta o Cenipa.

A trajetória do voo COO 2283

O voo COO 2283, da Voepass Linhas Aéreas, antiga Passaredo, saiu da cidade de Cascavel (PR) às 11h56 do dia 9 de agosto e tinha como destino o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo (SP). O pouso estava previsto para às 13h50, contudo a aeronave caiu em condomínio residencial na cidade de Vinhedo. O avião caiu em uma área de jardim e não atingiu nenhuma casa.

Tudo sobre a empresa aérea Voepass, antiga Passaredo

Estavam à bordo 62 pessoas, sendo quatro tripulantes e 58 passageiros. A aeronave fez uma curva brusca nos últimos momentos de sobrevoo e caiu cerca de 4 mil metros em um minuto, de acordo com os registros da plataforma de monitoramento de aeronaves Flightradar.

O avião do modelo ATR 72-500 teria atingido 5 mil metros de altitude às 12h23, altura em que permaneceu até às 13h21, quando começou a perder altitude. A aeronave fez uma curva brusca às 13h22 e caiu para 1.250 metros.

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O acidente aéreo foi o maior com número de vítimas em solo brasileiro desde 17 de julho de 2007, quando uma tragédia com aeronave da TAM deixou 199 mortos.

Fotos mostram como ficou aeronave após queda

Gravações da caixa-preta

Gritos e uma fala do copiloto sobre “dar potência” para o avião estariam entre os registros da caixa-preta do avião, de acordo com o Jornal Nacional, que teve acesso ao material.

O laboratório de leitura e análise de dados do Centro de Investigação e Prevenção e Acidentes (Cenipa) transcreveu as duas horas de gravação. As informações indicam que o avião teve uma perda de altitude repentina. Somente pelo áudio da cabine, contudo, não é possível indicar a causa de uma queda.

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Os piores acidentes aéreos da história do Brasil

O copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva teria percebido que algo estava errado e perguntou o que estava acontecendo, momento em que disse que era preciso “dar potência” para estabilizar a aeronave.

O tempo entre a perda de altitude e a colisão com o solo foi de cerca de um minuto. As gravações mostram que, nesse intervalo, a tripulação tentou reagir. Gritos e o barulho da batida no chão se seguem.

62 pessoas à bordo morreram

Ao menos dois catarinenses morreram no acidente. Um deles é o engenheiro sanitaristas Paulo Henrique Silva Alves, de 41 anos, nascido em Florianópolis. Rafael Fernando dos Santos e a filha Liz Ibba dos Santos também estavam no voo COO 2283. Rafael tinha 41 anos e foi buscar a menina de 3 anos em Cascavel, onde ela morava com a mãe, para passarem juntos o Dia dos Pais.

Uma força-tarefa da Polícia Técnico-Científica de São Paulo fez a identificação dos corpos das vítimas e constatou a causa da morte. De acordo com superintendente Claudinei Salomão em entrevista à Folha de S. Paulo, a maior parte das vítimas morreu de politraumatismo.

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— A maior parte, sem dúvida nenhuma, foi por politrauma. E, consequentemente, com a explosão da aeronave, alguns foram atingidos pelas chamas. Então, temos uma porcentagem de cadáveres que têm uma carbonização parcial — afirmou.

Cerca de 30 profissionais atuaram com auxílio de profissionais da Polícia Civil de São Paulo. Médicos radiologistas, auxiliares de necropsia, atendentes de necrotérios e papiloscopistas também compuseram a equipe.

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