De todos os políticos de Santa Catarina citados nas delações da Operação Lava-Jato, o prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) foi um dos mais prejudicados, pois as suspeitas atingiram o seu principal atributo eleitoral na comparação a virtuais adversários com quem possivelmente disputaria o governo do Estado no ano que vem. Napoleão representava um sopro de renovação política e administrativa num quadro que se desgasta com as práticas das velhas raposas que se revezam no poder. As recentes denúncias não tornam o prefeito pior que seus concorrentes, mas no imaginário do eleitor situam ele no mesmo nível dos demais, comprometendo as perspectivas que a novidade do seu nome representava no processo sucessório.
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Diante dessa ameaça, Napoleão tomou uma decisão arrojada, se revezando em explicações nas quais contrapõe fatos às versões dos delatores. Ele procura demonstrar com isso que quem não deve, não teme. A atitude produziria resultado, se dela decorresse alguma consequência sobre o depoimento dos delatores, o cronograma das investigações ou a veiculação das notícias. O problema para o prefeito é que as suas falas não neutralizam a avalanche de informações que diariamente implica quase a totalidade dos políticos do país, arrastando para a vala comum do descrédito uma geração inteira de homens públicos. A riqueza de detalhes que emana das delações (nomes, endereços, valores, negociações, compromissos), a divulgação por meios que comprimem o tempo e o espaço, a demora na condução de um processo judicial dessa magnitude, tudo desafia a iniciativa de eventuais inocentes que se defendam de acusações injustas. O sonho não acabou, mas nas trevas da Lava-Jato todos os gatos são pardos – uma lástima para quem se proclama diferente.
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O deputado federal João Paulo Kleinübing (PSD) reage com bom humor às perguntas sobre o futuro político, diante do estrago que a Operação Lava-Jato provocou entre adversários e aliados. “Com um pouco de sorte, venço por W.O.” – brincou ele em conversa privada com um interlocutor indiscreto. De fato, o vendaval reabriu dentro e fora do PSD a disputa ao governo do Estado.
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A Comissão de Constituição da Câmara de Blumenau aprovou a criação de uma frente parlamentar em defesa de políticas públicas de mobilidade urbana. O vereador Jens Mantau (PSDB) é o autor da proposta. A frente terá a participação de todos os partidos, de representantes da prefeitura e de organizações não-governamentais.
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A “guerra santa” que Jovino Cardoso (PSD) declarou contra Marcos da Rosa (DEM) tem como pano de fundo a eleição para a Assembleia Legislativa no ano que vem. Ambos têm interesse na disputa, mas dividem o mesmo eleitorado, majoritariamente vinculado à Assembleia de Deus. A estratégia de Jovino busca enfraquecer o apoio ao adversário, para que apenas ele participe da eleição.