O luto vivenciado pelos seres humanos é um comportamento já bem documentado por diversas áreas do conhecimento. Porém, a forma como os animais possam sofrer com o luto de seus tutores a cicência ainda não tem muito o que dizer. Em contrapartida, há registros de como animais domésticos e diversas espécies selvagens sofrem o luto pela perda de seus e outros animais do mesmo convívio.
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Inclusive, estudos apontam que algumas espécies de primatas mudam de comportamento quando algum animal do convívio morre. O mesmo é válido golfinhos e baleias (mamíferos marinhos) e, até mesmo, corvos. Os pássaros carregam seus filhotes mortos por dias e executam um tipo de vigília ao lado do corpo do filhote corvo morto.
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As raízes do luto no comportamento animal
Para entender como os animais respondem a perde dos seus e de outros animais, a primeira hipótese levantada por cientistas é que o luto faz parte de uma resposta natural do estresse relacionado com a separação. Isso fica ainda mais demarcado em animais que são sociais, como o caso dos primatas, golfinhos, baleias e corvos.
Isso pode ser explicado do ponto de vista da evolução, onde indivíduos solitários não tiveram o mesmo sucesso evolutivo que aqueles indivíduos da espécie que se reúniam em grandes grupos. Assim, a separação permanente de um dos seus gera o luto.
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O luto do animal doméstico
Agora, quando o assunto do luto é associado aos animais domésticos, como cães e gatos, a ciência sabe um pouco menos sobre quais são seus comportamentos. Recentemente, um estudo dos EUA se propôs a entender se o sofrimento da separação permanente também pode ser notado em gatos.
Ao contrário dos animais sociais, o ancestral selvagem do gato era solitário. Mesmo assim, a domesticação foi responsável por remodelar o comportamento dos bichanos, que hoje em dia vivem em grupos e formam laços sociais.
E essa domesticação também influenciou na forma como os gatos reagem a separação permanente da morte. No estudo citado anteriormente, 452 gatos foram analisados e um grande número apresentou sinais de angústia após a morte de um gato companheiro. Essa dor foi demonstrada com maior busca de atenção, redução do apetite e constante vocalização.
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Assim, a pesquisa constatou que a força do vínculo entre os animais, o tempo que passavam juntos e as interações diárias eram fatores fundamentais para que o luto se tornasse uma resposta à separação permanente da morte.
Outra pesquisa de 2016, realizado na Nova Zelândia e Austrália, já havia apontado sinais de lutos em gatos, assim como cães após a perda de outros animais que convivem juntos. Do total analizado, 75% dos animais de estimação demonstração mudanças comportamentais peceptíveis após a perda dos amigos de quatro patas.
Em ambos pesquisas, as mudanças de comportamentos foram baseadas nas percepções dos tutores. Então, as conclusões também podem ser afetadas pelo próprio luto dos humanos, mesmo que tendem a ter uma observação mais atenta sobre os animais que são tutores.
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E se não for tristeza?
Há uma explicação alternativa à trizteza que se propõe explicar as mudanças de comportamentos nesses animais domésticos. Ela volta-se para o fato de quando o pet fica perto ou vê um animal sem vida, ele responde a isso como um perigo no ambiente. Assim, o comportamento pode ser alterado como uma medida de seguraça do animal sobrevivente.
Na mesma linha, uma pesquisa em 2012 com gaios-do-mato do oeste revelou que no momento que o animal nota um indivíduo da mesma espécie morte, ele pode provocar espécie de gritos de alarme, da mesma forma que eles reagiriam a um predador. Desta forma, o que nós humanos podemos interpretar como tristeza nos animais domésticos podem ser uma resposta enraizada no instinto de sobrevivência.
A fama de “comer” o tutor pós-morte
Apesar dos estudos existentes olharem para o comportamento dos animais em relação a outros bichinhos do mesmo convívio, a relação do luto animal para a perda dos tutures é mais inscipiente. Mesmo assim, os gatos recebem a fama de consumir os restos mortais dos tutores.
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Esse comportamento está atrelado ao fato de que tanto gatos como cachorroes são conhecidos por limpar restos humanos. Entre as duas espécies, na verdade, a que é mais frequentemente documentada fazendo isso são os cachorros.
Alguns cientistas sugerem que esse gesto pode ter origem na fome, mas o mesmo comportamento foi registra do quando a comida era abundante. Nesse sentido, há outra teoria que a limpeza começa em uma tentativa de reanimar o tutor. E, quando não há uma resposta ao lamber, o cachorro pode passar a morder o tutor, na tentativa de despertá-lo.
*Texto adaptado de material publicado no The Conversation, que possui licença Creative Commons para reprodução. Autoria de Grace Carroll, acadêmica focada em comportamento animal pela Queen’s University Belfast.
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