Cupom maníacos: entenda o novo comportamento de consumo que ganha força no Brasil 

O hábito de caçar cupons, antes associado a programas de TV norte-americanos, virou realidade também no Brasil. Grupos em aplicativos como WhatsApp, Telegram e redes sociais estão reunindo milhares de pessoas em busca de ofertas, promoções-relâmpago e até falhas em sites que permitem compras com preços bem abaixo do normal.

O fenômeno ganhou força nos últimos anos, especialmente no ambiente digital. Dados do relatório DataReportal 2024 indicam que mais de 79% dos brasileiros usam aplicativos de mensagens diariamente, cenário que favorece o crescimento dessas comunidades de compartilhamento de cupons.

A prática, que nos Estados Unidos ficou conhecida com o reality show “Extreme Couponing”, do canal TLC — onde famílias conseguem encher carrinhos de supermercado pagando apenas alguns centavos —, começa a se consolidar no Brasil, ainda que de forma diferente. Por aqui, o foco maior está no universo online.

Além dos cupons tradicionais, muitos usuários se dedicam a encontrar “bugs” — falhas temporárias nos sistemas de precificação de lojas virtuais. Quando identificadas rapidamente, essas brechas permitem que consumidores adquiram produtos com grandes descontos ou até de forma gratuita. Perfis no TikTok, Instagram e grupos de WhatsApp e Telegram chegam a reunir dezenas de milhares de seguidores atentos a qualquer oportunidade.

Setor de delivery já aderiu a febre dos cupons

No setor de delivery, a prática também se fortalece. O aplicativo Delivery Much criou em 2024 um programa de assinatura de cupons chamado “much+”, que oferece aos usuários a possibilidade de desbloquear ofertas maiores mediante a compra de pacotes de descontos. Segundo dados da plataforma, mais de R$ 2 milhões em descontos já foram concedidos desde o lançamento do serviço, que conta com uma base de 40 mil usuários que experimentaram, ao menos uma, vez comprar cupons para economizar em pedidos de pizzas, hambúrgueres, sushi e marmitas.

“Percebemos que o consumidor está cada vez mais informado, criterioso e disposto a buscar vantagens na hora de consumir”, afirma Douglas Backes, head de marketing da Delivery Much. “Por isso, desenvolvemos um programa que beneficia tanto o cliente, que economiza no pedido, quanto o lojista, que vê um aumento no volume de vendas.”

O comportamento não é isolado. Levantamento da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) mostra que o e-commerce brasileiro movimentou R$ 186 bilhões em 2023, e que 41% dos consumidores já afirmam que cupons e promoções influenciam diretamente na decisão de compra. A tendência, segundo especialistas do setor, é de que esse número cresça ainda mais nos próximos anos, acompanhando a consolidação das comunidades de economia digital.